por Ed Stetzer
Para que a igreja recupere sua
paixão missional, precisamos recuperar o nosso senso perdido da glória
impressionante e abrangente da missão de Deus. A maioria dos cristãos não negam
as doutrinas ortodoxas da Escritura. Nós compreendemos o fato de que Deus se
revelou a nós como Senhor e Rei. Mas para usar as palavras do autor David
Wells, a igreja moderna tem sido "enjaulada" por uma diminuição de
quem Deus realmente é.
Temos de nos desvencilhar de um Deus que
podemos usar, para um Deus que devemos obedecer; nós temos de voltar de um Deus que
vai preencher a nossa necessidade, para um Deus diante de quem devemos render
nossos direitos para nós mesmos. Ele é um Deus para nós, para a nossa
satisfação - não porque aprendemos a pensar nele dessa forma por meio de
Cristo, mas porque aprendemos a pensar nele dessa maneira através do mercado.
Tudo é para nós, para o nosso prazer, para nossa satisfação, e temos de assumir
que deve ser assim na igreja também.
Nós temos encolhido Deus para o
nosso tamanho. Nós limitamos a abrangência de sua missão em nossas mentes. Nós
involuntariamente compramos a ideia de que o progresso é mais importante do que
a redenção.
E é principalmente por isso que
o nosso zelo pela evangelização e o evangelho tem sido minado - não porque nós
não nos importamos, não porque não sabemos o que fazer. Temos simplesmente
substituído o propósito de Deus para o mundo com o nosso próprio propósito para
o mundo. Mesmo quando servimos, ajudamos, damos e compartilhamos, muitas vezes
fazemos essas coisas a partir de um senso de obrigação ou um desejo de
impressionar. Nós nos tornamos uma igreja dirigida por muitas motivações
diferentes, mas muito raramente por um desejo singular para glorificar a Deus.
Wells está certo: "Não seremos capazes de recuperar a visão e compreensão
da grandeza de Deus até que nós recuperemos uma compreensão de nós mesmos como
criaturas que foram feitas para conhecer tal grandeza."
A mensagem que emana da vida e
obra do apóstolo Paulo, que foi sem discussão o missionário mais produtivo na
história da igreja, é que não podemos esperar para sermos fieis ou eficazes no
serviço do reino enquanto formos excessivamente preocupados com nossas próprias
necessidades.
Em duas ocasiões, ele chamou a
si mesmo um "embaixador". Esse é um trabalho muito importante. Onde
eu cresci em Nova York, aquelas eram as pessoas que não têm de pagar
estacionamento. Eles eram importantes. E Paulo disse: "Nós somos
embaixadores de Cristo" (2 Co 5.20). No entanto, a única outra vez que o
lemos referindo a si mesmo por esse título, ele disse que era um
"embaixador em cadeias" (Ef 6.20). Sim, ele era um embaixador - assim
como nós somos - ainda que o papel de embaixadores, representando o Rei Jesus,
não queira dizer que Paulo não teve dificuldades.
Ninguém sobrevive ao tratamento
severo e abusivo que ele suportou sem viver para algo maior que si mesmo.
Podemos supor, então, que Paulo era simplesmente dedicado às pessoas que ele
foi chamado a servir. Sua compaixão por eles, seu interesse altruísta por
eles, seu desejo de que eles experimentassem o fruto do Evangelho: tudo isso
deve ter cooperado para fazer dele uma força imparável.
Bem, sim, Paulo foi dedicado às
igrejas e as pessoas que as compunham. Ele possuía um zelo incomum para ver os
outros convencidos da verdade evangélica e redimidos através da misericórdia e
graça eternas de Deus. Mas não era a preocupação por seus próximos que, em
última análise, motivou Paulo a tais extremos de esforço espiritual e sacrifício.
Era o amor de Jesus que o "constrangia" (2 Co 5.14). "Viver
é Cristo", disse ele (Fp 1.21).
E nós, também, se quisermos ser
fiéis ao nosso chamado, devemos viver supremamente para a glória de Deus e
para o que ele está fazendo por meio de seu Filho em nosso mundo.
Se não estamos nesta missão,
então devemos nos perguntar o que estamos fazendo aqui. Estamos apenas
trabalhando para tornar a igreja um lugar mais aceitável para os nossos amigos
e vizinhos? Estamos à procura de um lugar agradável para se socializar nas
noites de quarta-feira? Será que estamos girando manivelas e polias espirituais
porque pensamos que a igreja deve fazer essas coisas, porque nós nos sentimos
melhores a respeito de nós mesmos quando fazemo-las?
A única coisa que realmente importa
é a seguinte: o nosso Deus tem uma missão. É por isso que ele enviou Jesus aqui
em termos subversivos. E é por isso que ele estabeleceu a igreja - igrejas como
a sua e igrejas como a minha - para juntar-se a Ele na missão de restabelecer a
sua glória sobre toda a criação.
É por isso que Deus deu a sua
igreja as "chaves do reino dos céus," para que "o que ligares na
terra terá sido ligado nos céus, e o que desligares na terra terá sido
desligado nos céus" (Mt 16.19 ). Para pessoas no mundo que vivem acorrentados
à noção de que as suas ambições desejadas podem ser alcançadas na Terra, a
igreja possui a sua resposta libertadora. Eles não são forçados a existir na
escravidão de viver de experiência em experiência. Para alguns, essa
"escravidão" assume a forma de academias de ginástica, escritórios, lojas de alimentos orgânicos, e todas as armadilhas aparentes de
sucesso. Mas para outros, significa perdas de jogo, relacionamentos quebrados,
oportunidades desperdiçadas, o abuso de medicamentos. Para muitos é uma mistura
de montanha-russa entre os dois, uma navegação frenética de altos e baixos. E
para tudo o que é uma vida que vai para longe do objetivo e permanência
últimas.
Por meio do evangelho aqueles
indivíduos que estão "aprisionados" na escuridão espiritual podem ser
"desligados" do que os mantêm cativos - redimidos da escravidão. O
plano de Deus para derrubar o domínio do diabo, libertar seus reféns, e avançar
o reino de Cristo é a Igreja proclamar as boas novas de Jesus Cristo em palavras
e atos. É assim que ele persegue o seu plano de trazer toda a criação sob a sua
autoridade e derivando glória para si mesmo no processo.
Que este seja o propósito por
trás de toda a nossa subversão.
Quando nós compreendemos a
enormidade dessa vocação e nosso papel dentro dele, vamos começar a confiar no
Espírito para nos capacitar para envolver os perdidos, servir o ferido, e viver
"vidas de enviados", como cristãos crentes unidos no propósito do
reino. Vamos viver a diferença que Jesus faz em nossos corações não porque as
pessoas esperam, mas porque ela mostra o que nosso Deus pode realizar. Vamos
conversar com outras pessoas sobre o poder do evangelho não só porque elas
estão perdidas, mas porque nosso Senhor e Rei é glorificado em encontrá-las.
Comece o seu plano de ação, e
prepare-se para ver o que acontece ao seu redor quando Deus começa a fazer
progressos.
Adaptado de Subversive Kingdom (2012, B & H Publishing Group)
Original em inglês: Recovering the Missional Passion of the Church
Disponível em: http://pastors.com/recovering-the-missional-passion-of-the-church/.
Acesso em: 07 set 2015.
Tradução: Robson Rosa Santana
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