8 de novembro de 2023

Primeiro Sinal de Jesus em um Casamento (João 2.1-11)

 INTRODUÇÃO

Nosso texto, que registra o primeiro milagre ou sinal de Jesus, deve chamar a atenção do verdadeiro cristão.

Como diz no v.11: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia”.

Há muitas formas de analisarmos um texto bíblico. Na maioria das vezes os pregadores colocam o foco em nós, e são rápidos trazer lições práticas em redor do ser humano.

Vi um sermão de um pastor conhecido que tinha como tema: “A diferença que Jesus faz na família”. Outro tema parecido poderia ser: “A importância que Jesus dá para a família”.

 
Todos esses enfoques são verdadeiros quando olhamos a Bíblia em geral.

Mas o propósito de Jesus ter ido àquela celebração de casamento e ter realizado Seu primeiro lá, tem a ver com a Sua pessoa e obra.

Outro pastor presbiteriano (Rev. Ageu) abordou da seguinte forma: “Por que Jesus transformou água em vinho?”

Como os irmãos verão, vamos abordar alguns detalhes, mas o foco é no sinal que aponta para o próprio realizador do milagre.

Vejamos alguns ensinos que podemos tirar desse texto:

 

1. JESUS MOSTRA A DIGNADADE DO CASAMENTO

A presença de Jesus no casamento foi primeiro ato público de Seu ministério.

Casamento é algo ordenado por Deus para o benefício do ser humano: homem e mulher.

Em nossos tempos o casamento tem sido tratado com muita banalidade.

Muitos se casam sem compreender a seriedade do matrimonio.

A filosofia de muitos é: vou casar, se não der certo a gente separa.

Os registros oficiais de divórcio no Brasil deixam claro isso.

ACIMA DE TUDO HÁ UM FATO QUE JAMAIS PODE SER DESPREZADO: JESUS É O EMANUEL. A presença de Jesus naquele casamento é o fato claro de Deus andando em nosso meio: Jesus é o Deus conosco. O casamento também é uma figura clara da UNIÃO ENTRE JESUS E SEU POVO.

Outra coisa que precisa ser destacada é a resposta de Jesus à pergunta de sua mãe. Maria sabia quem era Seu Filho, que Ele tinha poder para fazer aparecer vinho em todo lugar. Mas Jesus disse com todo amor e carinho por Sua mãe: “não se intrometa nas coisas do Pai”.

Por isso Jesus continua no v.4: “Ainda não é chegada a minha hora.”

Jesus no casamento já falava acerca da Sua morte (“minha hora”)

Várias vezes ele falou que não era chegada a Sua hora.

Depois da Ceia, sabendo da proximidade da traição e da Cruz, Ele orou ao Pai:Depois de dizer essas coisas, Jesus levantou os olhos ao céu e disse: — Pai, é chegada a hora. Glorifica o teu Filho, para que o Filho glorifique a ti,
assim como lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.”
(
João 17:1,2)

JESUS É O CORDEIRO DE DEUS.


2. HÁ SITUAÇÕES EM QUE A DIVERSÃO E A ALEGRIA SÃO BENÇÃOS DE DEUS

       Fica claro que Jesus não iria num ambiente em reinasse o pecado. Jesus está aqui legitimando uma festa de casamento, que naquela época durava vários dias, alguns falam em até 7 dias de celebração do casamento.

Ec 10.19: “As festas são feitas para rir, o vinho alegra a vida, e o dinheiro dá conta de tudo.”

Como dissemos acima há lugares e ambientes que não são convenientes para os crentes.

Ryle: “o servo de Cristo não tem o direito de entregar a Satanás e ao mundo as recreações inofensivas e atividades que promovem a reunião da família”

A DICA é sempre perguntar: Jesus iria onde estou indo ou estou querendo ir?

Não esqueçamos que estamos sempre na PRESENÇA DE DEUS (coram Deo)


3. O PRIMEIRO SINAL: TRANSFORMAÇÃO DE ÁGUA EM VINHO

Jesus transformou água em vinho. Como orientados por Maria, os garçons pegaram as 6 talhas, cada uma dava e metretas (em torno de 40l).

Toda essa água (c.600l) foi transformada em vinho, e do melhor vinho, como disse o mestre sala.

Nesse sentido o grande destaque é para o poder infinito de Jesus: EL SHADAI.

Jesus foi e continua sendo o Deus Todo-poderoso.

O propósito do milagre/sinal, como está escrito no final do v.11, foi Jesus manifestar a Sua glória para que seus discípulos crescem nEle.

Aqueles que seriam enviados ao mundo para testemunhar de Cristo, precisava, antes de tudo, crer nEle.

 

CONCLUSÃO

Nesse casamento podemos frisar a importância do casamento, da família e das festas e diversões sadias.

MAS O FOCO principal foi revelar quem era Jesus de Nazaré.

Revelar a glória de Jesus. Ele não era apenas o filho de Maria de Nazaré, mas o Deus Filho encarnado, o Mediador entre Deus e os homens.

Jesus é o Deus conosco (Emanuel)

Jesus é o Cordeiro de Deus (que daria sua vida na hora preparada pelo Pai)

Jesus é o Deus Todo-poderoso (El Shadday).

E o que esse texto tem a ver conosco?

1Tm 1:15 “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”


Robson Santana
Pastor presbiteriano

29 de agosto de 2023

Batalha espiritual: o mundo, a carne e o diabo

Texto base: Mateus 13.1-23

Introdução

A Parábola do semeador (Mt 13.1-23) nos apresenta claramente quais são os três inimigos da Palavra de Deus: O diabo, o mundo e a nossa carne.

1. Diabo

O diabo é um anjo que se rebelou contra Deus e caiu de seu estado original. Seu propósito, desde então, é ser inimigo de Deus e dos homens. Desde Adão até o livro de Apocalipse vemos ele agindo na vida das pessoas para levá-las ao pecado e incredulidade. Como ser espiritual invisível, age de forma sorrateira com a intenção de enganar e manipular as pessoas para longe de Deus.

A palavra Satanás vem do hebraico e quer dizer “adversário”; vemos essa forma mais no Antigo Testamento. Diabo, por sua vez, vem do grego e significa “acusador”. Juntamente com ele caíram outros anjos, que formam, assim, um exército do mal. Embora Deus os tenha julgado e reservado para juízo, ele continuar a agir enganando as nações até o dia do juízo final, dia que ele, os demônios e todos os incrédulos, sofreram a punição eterna do inferno de fogo.

a) Devemos resistir ao diabo

Tg 4.7: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”.

1 Pe 5.7-8: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo.”

b) Não demos lugar ao diabo

Ef 4.26-27: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo”.

2. O Mundo

Há três concepções bíblicas para a palavra mundo. Mundo como toda a Terra. Mundo no sentido de pecadores (Joao 3.16). E mundo como um sistema de vida e prática rebelde contra Deus. É nesse sentido que Deus nos diz para não sermos amigos do mundo, nem o amar, como veremos a seguir.

1 Jo 2.15-17: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”.

Tg 4.4: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?”
3. A Carne

Assim como a palavra mundo, na Bíblia a palavra carne também tem alguns significados. No sentido que este estudo quer abordar, carne significa uma vida separada do controle do Espírito Santo, a nossa natureza pecaminosa que afetar todo nosso ser, corpo e alma.

a) Não ofereçam o corpo aos prazeres da carne

Rm 6. 12-13: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça”.

b) Façam morrer a natureza terrena

Cl 3.5-6: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.”

c) Andem no Espírito Santo

Gl 5.16-17: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.

Conclusão

Como crentes, enquanto estivermos aqui nesse mundo, sempre estaremos envolvidos numa guerra espiritual para assim vivermos em santidade e serviço a Deus. Nosso maior inimigo está dentro de nós, a nossa natureza pecaminosa. Devemos viver em consagração contínua para não satisfazermos a sua vontade.

Devemos também estar alertas a qualquer estilo de vida que o mundo em nosso redor tenta nos impor que seja rebelde contra Deus. Como vimos, não devemos ter amizade ou comunhão com as práticas mundanas pecaminosas.

Por fim, a Palavra de Deus nos dar conta que há um inimigo sutil e experiente (satanás e os demônios) tentando nos seduzir com suas ciladas em nossa mente e coração, bem como usando outras pessoas para fazermos pecar e nos afastar de Deus. Devemos resistir-lhe firmes na fé, pois maior é Deus que está conosco. Em Cristo Jesus somos mais que vencedores (Rm 8.37).

Pr. Robson Santana

29 de março de 2023

O Príncipe, de Maquiavel: uma resenha

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe: comentado por Napoleão Bonaparte. Trad. Pietro Nassetti. 7ª reimpressão. São Paulo: Martin Claret, 2010. Original em Italiano: Il Principe (1513-1516).

Niccolò Machiavelli, mais conhecido como Maquiavel, nasceu em Florença, Itália, em 1469. Ele viveu em uma época de mudanças políticas e culturais significativas, marcada por conflitos entre cidades-estado italianas e invasões estrangeiras. Maquiavel passou a maior parte de sua vida como funcionário público em Florença, onde desempenhou vários cargos, incluindo secretário da Segunda Chancelaria, uma posição importante no governo florentino. Maquiavel morreu em 1527, após uma longa doença, deixando para trás uma obra que influenciaria a história do pensamento político até hoje.

Maquiavel é frequentemente retratado como um defensor da amoralidade política, da tirania e da crueldade, mas sua obra é muito mais complexa do que essa imagem simplista sugere, por isso tem sido objeto de inúmeras interpretações e controvérsias, sendo considerada por alguns como uma apologia da tirania e da amoralidade, e por outros como um tratado realista sobre a natureza do poder político.

"O Príncipe" é a obra mais famosa de Maquiavel e considerada uma das obras mais importantes da literatura política ocidental. Foi escrita em 1513, mas publicada pela primeira vez em 1532, cinco após sua morte. Essa obra que se tornou famosa por suas ideias controversas sobre a natureza do poder e da política. O livro não foi escrito para um público geral. Foi dedicado a Lourenço de Médici, membro da família que havia retomado o controle de Florença e que Maquiavel esperava impressionar com suas ideias políticas. O livro é escrito em forma de conselhos para um príncipe fictício, oferecendo orientação sobre como adquirir e manter o poder.

Maquiavel escreveu o livro como um guia para o príncipe ideal, que deveria ter habilidades e características específicas para governar com eficácia e manter seu poder. Maquiavel acredita que a política não pode ser guiada pela moralidade ou pela religião, mas sim pelo realismo e pela prática. Nele Maquiavel argumenta que, em alguns casos, a ética não é suficiente para manter o poder e a estabilidade política. Ele sugere que os líderes devem estar dispostos a fazer o que for necessário para manter o controle, incluindo a manipulação das massas e o uso da violência. Ou seja, os líderes devem ser pragmáticos e adaptáveis às mudanças políticas e sociais.

Ele defende que os governantes devem ser astutos e saber quando agir de forma assertiva e quando adotar uma abordagem mais cautelosa. Segundo Maquiavel, o líder deve ser temido e amado, mas nunca odiado, e deve ser capaz de manter o controle sobre seus subordinados. Para ele, o fim justifica os meios, e o príncipe deve usar todas as ferramentas disponíveis para garantir a estabilidade e a segurança do Estado.

Outro aspecto importante de "O Príncipe" é a distinção entre virtù e fortuna. Virtù é a habilidade, a inteligência e a astúcia do príncipe, enquanto fortuna é a sorte, o acaso ou as circunstâncias inesperadas. Maquiavel acredita que o príncipe deve ser capaz de usar sua virtù para lidar com as mudanças da fortuna e garantir seu poder, ou seja, a capacidade do governante de tomar decisões corajosas e eficazes, bem como a necessidade de manter o favor do povo e da nobreza. Nessa obra, ele também afirma que é melhor ser temido do que amado, porque o medo é mais confiável do que o amor, e o príncipe que é temido não precisa se preocupar com a traição ou a desobediência.

Em suma, “O Príncipe” é uma obra que visa fornecer orientações práticas para os governantes da época, apresentando uma abordagem realista e pragmática da política e do poder. A obra é controversa e tem sido interpretada de várias maneiras ao longo dos anos, mas ainda é considerada uma das obras mais influentes na história da filosofia política.

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: um pouco da filosofia do filme


TUDO em todo o lugar ao mesmo tempo. Direção e roteiro: Daniel Scheinert e Daniel Kwan. Produtor Executivo: Tim Headington. Estados Unidos: Diamond Films, 2022. Netflix.

"Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” é um filme de ficção científica e comédia de ação dirigido por Dan Kwan e Daniel Scheinert. Retrata a vida sobrecarregada da imigrante chinesa Evelyn Wang (Michelle Yeoh), cuja lavanderia está à beira do fracasso e seu casamento com um marido covarde está em ruínas, enquanto ela luta para sobreviver, incluindo seu relacionamento difícil com seu pai e sua filha (Stephanie Hsu). E como se isso não bastasse, Evelyn deve se preparar para um encontro desagradável com a rígida burocrata Deirdre Beaubeirdre. (Jamie Lee Curtis), uma auditora da Receita Federal americana.

Mas quando um agente implacável perde a calma, uma brecha inexplicável se abre no multiverso, abrindo caminho para uma exploração aberta de uma realidade paralela. Evelyn inicia uma aventura onde ela deve sozinha salvar o mundo e impedir que uma criatura maligna destrua as inúmeras ​​camadas do mundo invisível. Enquanto explora outros universos e outras vidas que poderia ter vivido, as coisas se complicam ainda mais quando ela se vê preso nessa armadilha da possibilidade e incapaz de voltar para casa.

Do ponto de vista filosófico, o filme "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" apresenta vários aspectos filosóficos que são explorados ao longo da história. Abaixo estão alguns exemplos:

A natureza da realidade: O filme levanta questões sobre a natureza da realidade e como nossas experiências passadas afetam nossa compreensão do mundo ao nosso redor. A personagem principal começa a questionar a realidade de sua existência e se tudo o que está acontecendo ao seu redor é real ou uma ilusão.

A relação entre tempo e memória: O filme também explora a relação entre tempo e memória e como nossas memórias afetam nossa compreensão do tempo. As cenas são apresentadas em ordem cronológica não linear, o que destaca como nossa memória pode influenciar como vemos o tempo passar.

Identidade pessoal: O filme também questiona a identidade pessoal e a noção do "eu". As várias versões dos personagens principais sugerem que a identidade não é fixa e pode mudar ao longo do tempo.

Solidão e isolamento: A solidão e o isolamento são temas recorrentes no filme. A fazenda isolada onde a história se passa e a sensação constante de que algo não está certo sugerem a sensação de isolamento que pode surgir quando questionamos a natureza da realidade.

O tempo como uma construção humana: O filme sugere que o tempo é uma construção humana e que nossa percepção do tempo pode ser altamente subjetiva. Várias cenas no filme sugerem que o passado, presente e futuro estão todos acontecendo simultaneamente.

Destino e responsabilidade humana: O filme sugere que há um destino maior ou destino que conecta todas as coisas, e que Kuang é um herói que deve salvar o multiverso. Este tema levanta questões sobre o papel do destino e da responsabilidade pessoal em nossas vidas, e se temos controle sobre nossos próprios destinos.

Bem e mal: O filme explora o conflito entre o bem e o mal, e sugere que mesmo os personagens mais maus têm o potencial de redenção. Este tema levanta questões sobre a natureza do bem e do mal, e se esses conceitos são fixos ou sujeitos a mudanças.

A natureza da existência: Por fim, o filme levanta questões mais amplas sobre a natureza da existência e o significado da vida. Em várias cenas, as personagens parecem estar presas em ciclos repetitivos, sugerindo que a existência humana pode ser cíclica e sem sentido. O filme sugere que encontrar um significado na vida pode ser uma tarefa difícil e que a resposta pode ser inalcançável.

Em termos gerais, o filme aborda temas filosóficos complexos e estimula o espectador a questionar sua compreensão do mundo ao seu redor.