31 de julho de 2018

Citações | Frases cristãs

"Certamente há um lugar para o planejamento e esforço humano, mas devemos lembrar que o crescimento e a vitalidade da igreja não são fundamentados na força, poder ou planejamento humanos ou gerenciamento por objetivos. Eles são fundamentados no Espírito de Deus. A igreja é o Corpo de Cristo, não nossa organização humana. Sua vida tem a vida dEle fluindo através dela, não mero entusiasmo gerado por programas humanos"

Paul G. Hiebert, Incarnational Ministry, 1995, p.359
Tradução Robson Rosa Santana

"Os Salmos nos ensinam como adorar; Provérbios, como comportar-se; Jó, como sofrer; Cântico dos Cânticos, como amar; Eclesiastes, como viver"

J. I. Packer
(Breve descrição dos livros poéticos)


"Que terrível é ser ignorado por Deus quando mais se precisa dele. Essa é uma declaração impressionante. Quando nos recusamos a ouvir a voz de Deus também não devemos esperar que ele ouça nossas orações (cf. Is 1. 10-15; 59.1-4)."

Giuliano Coccaro
(Esperança em meio à crise: estudos em Zacarias e Malaquias, p.32)

“A pessoa que diz que pode viver descuidadamente porque não está debaixo da lei, mas debaixo da graça, precisa verificar bem se não está debaixo da ira” (J. Blanchard)


11 de julho de 2018

Calvino e a presença espiritual de Cristo na santa ceia

         INTRODUÇÃO
A santa ceia, ordenada por Cristo à sua Igreja para fosse realizada até que ele volte, está registrada nos Evangelhos (Mt 26.26-30; Mc 14.22-26, Lc  22.14-20), bem como em 1 Coríntios (11.23-26). É sinal e selo da sua obra vicária na cruz. Revela a nossa comunhão com ele e a comunhão daqueles que são membros de seu Corpo.
No entanto, o significado da ceia nos ramos da Igreja Cristã, seja Católica Romana, como dentro dos ramos protestantes, foi e é motivo de controvérsias.
De forma não abrangente iremos expor os pontos de vista teológicos desses ramos do cristianismo, enfatizando o ponto de vista de Calvino.

1. A VISÃO CATÓLICA
A Igreja Católica Romana oficializou seu conceito da ceia do Senhor no Quarto Concílio Lateranense em 1215 como transubstanciação, ou seja, “na ceia a substância nos elementos do pão e do vinho é transformada na substância do corpo e do sangue de Cristo, ao passo que os acidentes – isto é, a aparência, o sabor, o tato e o olfato – permaneçam os mesmos”.[1]
Assim conceitua a Enciclopédia Católica Popular,
Segundo a interpretação autêntica do Magistério, depois da consa­gra­ção, o pão e o vinho deixam de o ser, para darem lugar ao Corpo e Sangue de J. C., o qual se torna presente nas espécies consagradas com uma presença que se diz por antonomásia real. Daqui o culto de adoração devido a esta presen­ça, normalmente guardada no sacrá­rio, para a comunhão aos doentes e au­sentes, e descoberta pela sensibilidade cristã como presença amiga (Cat. 1373-1381).[2]

2. AS VISÕES PROTESTANTES
O reformador Martinho Lutero, utilizando-se das ferramentas do aristotelismo medieval, conceituava as coisas como substância e acidente. Substância é a definição da coisa em si. Ou seja, aquilo que torna pão pão. Acidente, por sua vez, é a aparência da coisa, por exemplo, a cor, gosto, cheiro, textura do pão.
Para ele Cristo está “realmente” presente no sacramento, “o pão consagrado é o corpo, e o vinho consagrado é o sangue de Cristo”.[3] Seu entendimento se postava entre a visão católica e a zwingliana. Embora tenha encontrado em várias fontes as palavras que seguem, no entanto, dizem que são atribuídas a Lutero no debate que teve com Zwinglio num castelo em Marburg (1529): “Antes beber mero vinho com a Suíça do que beber sangue com o Papa”.[4] Entretanto Zwinglio não aceitava que seu entendimento da ceia fosse “mero vinho”.
O modo da presença de Cristo advogado por Lutero é a consubstanciação, uma vez que a substância do corpo e sangue de Cristo – o próprio Cristo – está presente com a substância do pão e do vinho. Pois enquanto a onipresença de Cristo significa que ele está presente em todos os lugares, ele é recebido sacramentalmente por causa da promessa da instituição. Assim, Cristo está presente “em” os elementos e os que comungam da ceia o recebem.
Como afirma o historiador da Igreja Justo Gonzalez,
O pão continua sendo pão, e o vinho, vinho. Porém agora estão também neles o corpo e o sangue do Senhor, e o crente se alimenta deles ao tomar o pão e o vinho. Se bem que mais tarde se deu a essa doutrina o nome de “consubstanciação”, Lutero nunca a chamou assim e preferia sim chamá-la de a presença de Cristo, em, com, debaixo, ao redor e por trás do pão e do vinho.[5]

Zwinglio é acusado em todos os lugares de mero memorialista. Segundo a Bíblia de Estudo de Genebra, “Zwinglio negou que o Cristo glorificado, agora no céu, esteja presente de qualquer modo que palavras tais como “corporalmente”, “fisicamente” ou “localmente” possam sugerir.”[6].
Para Zwinglio, os elementos da ceia mostram que ele está ausente. As palavras da instituição “isto é o meu corpo”, o verbo “é” não quer dizer “é”, mas “significa”, assim como ele não queria dizer que era verdadeiramente uma porta em João 10.9. Os crentes recebem Cristo, mas não o comem. Zwinglio entendia a eucaristia como memorial, como sendo “culto de comemoração pelo qual a igreja proclamava sua aliança com Cristo”.[7] Enquanto Lutero enfatizava o “este é”, Zwinglio ressaltava o “fazei isto”.
Zwinglio cria que sinal e coisa significada não são a mesma coisa. O sinal é o pão e a coisa significada é o corpo de Cristo. As duas coisas não são a mesma coisa.
"O verdadeiro corpo de Cristo é o corpo que está sentado à mão direita de Deus, e o sacramento de seu corpo é o pão, e o sacramento do seu sangue é o vinho, do qual nós participamos com ação de graças. Agora, o sinal e a coisa significada não podem ser um e o mesmo. Portanto, o sacramento do corpo de Cristo não pode ser o próprio corpo." [8]

2.3 Calvino

2.3.1. Definição de sacramento
Calvino trata da Santa Ceia do Senhor em vários dos seus escritos. Em 1536 no Cathecism of the Church of Geneva: being a form of instruction for children (Catecismo da Igreja de Genebra: sendo uma forma de instrução para crianças), Calvino define sacramento como “Uma atestação exterior da benevolência divina a nós, que, por um sinal visível, figuras de graça espiritual, selar as promessas de Deus em nossos corações, e desse modo melhor confirmar sua verdade a nós”.[9]
Em 1537 ele escreveu Brève Instruction Chrétienne (Breve Instrução Cristã)[10], onde há uma parte dedicada “As Ordenanças”, definindo como segue: “Uma ordenança é um sinal externo pelo qual o Senhor retrata e testifica a Sua bondade para conosco, a fim de dar suporte à nossa débil fé. Para dizê-lo mais concisa e claramente, uma ordenança é uma expressão da graça de Deus declarada por um sinal exterior”[11]
Na última edição das Institutas, de 1559, Calvino expõe uma melhor compreensão de sacramento, definindo-o como segue:
é o sinal externo mediante o qual o Senhor nos sela à consciência as promessas de sua benevolência para conosco, a fim de sustentar-nos a fraqueza da fé; e nós, de nossa parte, atestamos nossa piedade para com ele, tanto diante dele e dos anjos, quanto junto aos homens[12]

2.3.2 Presença real de Cristo na ceia
Quanto ao nosso assunto específico ele nos ensina da seguinte forma na obra A Verdade para todos os Tempos (Brève Instruction Chrétienne):
Os emblemas desse mistério são pão e vinho, por meio dos quais o Senhor nos propicia a verdadeira comunicação do Seu corpo e do Seu sangue. Estamos falando de comunhão espiritual, a qual é efetuada unicamente pelo vínculo do Espírito Santo e que de nenhum modo requer a presença encerrada na carne de Cristo por meio do pão, ou do Seu sangue por meio do vinho. Pois embora Cristo, exaltado no céu, tenha deixado atrás esta habitação terrena, na qual ainda somos peregrinos, todavia nenhuma distância pode diminuir o Seu poder, pelo que Ele alimenta os Seus com o Seu próprio ser. Apesar de estarem muito longe dEle, por esse poder Ele nos concede que desfrutem comunhão conSigo, sendo que Ele, não obstante, está bem perto.[13]

Em 1545, no Catecismo da Igreja de Genebra, Calvino ensinou acerca da presença espiritual de Cristo na ceia da seguinte forma:
Mestre. Nós temos na Ceia somente uma figura dos benefícios que você tem mencionado, ou eles são ali exibidos a nós em realidade?
Estudante. Sendo que nosso Senhor Jesus Cristo é verdade em si, não pode haver dúvida que ele ao mesmo tempo cumpre as promessas que ele nos dá, e adiciona a realidade às figuras. Portanto, eu não duvido que como ele testifica por palavras e sinais, assim ele também nos faz participantes de sua substância, que assim possamos ter uma vida com ele.
Mestre. Mas como pode ser isto, quando o corpo de Cristo está no céu, e nós ainda peregrinos na terra?
Estudante. Isto ele realiza pela agência secreta e miraculosa de seu Espírito, para quem não é difícil unir coisas separadas pelo espaço distante.
Mestre. Você não imagina então, que o corpo está envolvido no pão ou o sangue no vinho?
Estudante. Não está envolvido. Meu entendimento maior é que para obter a realidade dos sinais, nossas mentes devem ser elevadas ao céu, onde Cristo está, e de onde nós o esperamos como Juiz e Redentor, e que é impróprio e vão buscá-lo nestes elementos terrenos. [14]

Na sua obra magna, As Institutas (ou Tratado da Religião Cristã), última edição de 1559, Calvino reafirma de uma forma mais abrangente o que vem desenvolvendo nas Instruções e no Catecismo de Genebra sobre a ceia. Vejamos alguns insights acerca da presença real e espiritual de Cristo na eucaristia. Calvino entendia o significado representativo e simbólico dos elementos pão e vinho atentando para o seguinte:
que somos conduzidos das coisas corpóreas que se apresentam no sacramento, por meio de certa analogia, às coisas espirituais. Assim, quando o pão nos é dado como símbolo do corpo de Cristo, imediatamente se deve imaginar esta similitude: como o pão nutre, sustenta, conserva a vida de nosso corpo, assim o corpo de Cristo é o alimento único para revigorar e vivificar a alma.[15]

Ele de fato não compreendia todo o mistério envolvendo o sacramento da ceia, por isso usou as seguintes palavras:
Digo, pois, que no mistério da Ceia, mediante os símbolos do pão e do vinho, Cristo se nos exibe verdadeiramente, e deveras seu corpo e sangue, nos quais cumpriu toda obediência no interesse de conseguir nossa justiça, para que, com efeito, primeiro com ele nos unamos em um só corpo; então, feitos participantes de sua substância, em plena participação de todos os seus benefícios, também sintamos seu poder.[16]

Calvino chama de hiperbólica superstição o entendimento católico da presença real de Cristo nos elementos. Segundo ele, o corpo de Cristo, assim como na terra, ele é finito também no céu, onde ele está, até que volte no dia final. Diz ele:
Desço agora às misturas hiperbólicas que a superstição introduziu, porque com mirabolesca astúcia aqui se recreou Satanás, de sorte que as mentes dos homens, afastadas do céu, as imbuísse de perverso erro, como se Cristo fosse encerrado no elemento do pão. E, primeiro, a presença de Cristo no sacramento de modo nenhum deve ser sonhado como o configuraram os artífices da cúria romana, como se o corpo de Cristo fosse contido em uma presença local, para ser tocado pelas mãos, triturado pelos dentes, tragado pela boca![17]

A comunhão do seu corpo na ceia não é de forma física, mas por meio da ação do Seu Espírito. Ele diz:
ainda que pareça incrível que a carne de Cristo nos penetre de tão grande distância, de sorte que nos seja para alimento, lembremo-nos de quanto acima de todos os nossos sentidos se sobreleve a arcana virtude do Santo Espírito e quão estulto seja querer medir sua imensidade por nossa medida. Portanto, o que nossa mente não compreende, a fé o concebe: que o Espírito verdadeiramente une as coisas que permanecem afastadas.[18]

Calvino vai de encontro ao conceito da consubstanciação defendida por Lutero, e seus seguidores, de que o pão está de forma invisível unido ao corpo de Cristo. Vejamos as palavras de Calvino:
Querem, pois, que o corpo de Cristo seja invisível e imensurável, de sorte que jaza latente sob o pão, pois acreditam que de modo algum podem recebê-lo, se não descer ao pão. Mas não compreendem o modo de descer com ele que nos eleva a si. Evocam todos e quantos pretextos possam; mas depois de haver dito tudo, se percebe sobejamente que insistem na presença local de Cristo. Do quê procede isso? Evidentemente, em razão de não suportarem conceber outra participação da carne e do sangue, senão a que consista em ou conjunção e contato de lugar, ou de alguma crassa inclusão.[19]

Calvino não escreve diretamente a Zwinglio como o fez a Lutero e o ramo luterano, mas possivelmente seja dirigido ao seu pensamento que ele escreveu as seguintes palavras:
Nós também rejeitamos os sentimentos de todos os que negam a presença de Cristo na ceia [...] Embora ele esteja distante de nós com respeito ao lugar, todavia, ele está presente pela energia sem fronteiras do seu Espírito, de forma que sua carne pode dar vida.[20]
Quanto à presença de Cristo na ceia, Zwinglio defendia que isto ocorria pela contemplação da fé e não em essência e realidade. A sua deficiência jaz na falta de afirmação da presença real de Cristo mediante o Espírito e que ao comermos a ceia somos verdadeiramente alimentados por Cristo. Por isso, provavelmente, Calvino tenha escrito essas palavras contra o conceito de Zwinglio: “Eu não estou satisfeito com aqueles que, quando eles deveriam mostrar o modo de comunhão, ensinam que somos participantes do Espírito de Cristo, omitindo toda menção à carne e ao sangue.” [21]

CONCLUSÃO
Um dos temas teológicos mais polêmicos do século XVI com certeza foi acerca da Santa Ceia do Senhor Jesus Cristo. Nos séculos anteriores houve também muita discussão até que a Igreja Católica oficializou dogmaticamente, o que permanece até hoje, o conceito da presença real de Cristo na ceia na forma da transubstanciação. Esta doutrina afirma que a substância dos elementos da ceia de fato se transformam no corpo e sangue de Cristo, mesmo que a aparência , o sabor, o tato e o olfato permaneçam os mesmos. Uma das implicações foi que a eucaristia, especialmente o pão, na forma da hóstia, é adorada, pois Cristo está plenamente presente no elemento.
Com a chegada da Reforma, o tema voltou à tona. Todos os reformadores eram contra a doutrina da transubstanciação, mas não houve pequena discussão dos pontos de vista de Lutero, Zwinglio e Calvino.
Lutero era contra a doutrina da transubstanciação, e defendia que há pão e vinho reais no altar. Embora não cresse que os elementos eram transformados, cria que a presença de Cristo estava em, com, debaixo, ao redor e por trás do pão e vinho. Ou seja, Lutero defendia a presença da natureza corporal de Cristo em todo lugar, à semelhança da natureza divina.  Calvino rejeitava essa idéia chamando-a de monstruosa, ou seja, a doutrina da ubiqüidade[22]. Para ele o corpo de Cristo está num lugar, no céu.
Calvino e Lutero eram contra o entendimento de Zwinglio da ceia como praticamente um momento de ações de graças, um “memorialismo”, uma contemplação de fé, ou seja, não há nenhuma presença real de Cristo nesse sacramento.  Os dois primeiros concordavam também que no cumprimento da ordenança da santa ceia, Cristo está presente e que verdadeiramente alimenta os crentes com Seu corpo e sangue, pois é isso que faz um sacramento.
A posição de Calvino é a que mais se aproxima dos teólogos católicos e luteranos dos tempos atuais, pois afirmava,
Que a Ceia do Senhor é um rito instituído por Jesus Cristo, onde o pão é rompido e o fruto da videira é derramado como grata memória do sacrifício expiatório de Cristo, tendo se tornado, por meio da recepção e da benção sacramental dada pelo Espírito Santo, a comunhão (ou seja, a participação) do corpo e do sangue de Cristo e um antegozo da plena salvação futura[23]


Robson Rosa Santana
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL


NOTAS
______________________
[1] OSTERHAVEN, M. E. Conceitos da Ceia do Senhor. In: ELWELL, Walter A. (ed.). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. 1 ed. Vol. 1. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 1990, p. 265.
[2] Verbete Transubstanciação. Enciclopédia Católica Popular [on-line] Maio 2010.  Disponível em: http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/ [capturado em 05 de maio de 2010].
[3] SASSE, Hermann. This is My Body. Adelaide: Lutheran Publishing House, 1988, p. 82. Tradução Heber Carlos Campos.
[4] SHEPHERD, Victor A. Witnesses to the Word: Fifty Profiles of Faithful Servants.  Toronto: Clements Publishing, 2001, p. 39.
[5] GONZALEZ, Justo L. A Era dos Reformadores: uma historia ilustrada do cristianismo, tradução Itamir N. de Sousa, São Paulo: vida Nova, 1995, pp. 71-72.
[6] Nota Teológica A Ceia do Senhor. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, p. 1360
[7] GEORGE, Timothy, Teologia dos Reformadores, tradução Gérson Dudus e Valéria Fontana, São Paulo: Vida Nova, p. 148.
[8] ZWINGLI. On the Lord's Supper. Zwingli and Bullinger, editado por G. A. Bromiley, London: SCM Press, 1958, p. 188. Tradução Heber Carlos Campos.
[9] CALVIN, John. Cathecism of the Church of Geneva: being a form of instruction for children.  Disponível em: http://www.reformed.org/documents/index.html?mainframe=http://www.reformed.org/documents/calvin/geneva_catachism/geneva_catachism.html [on-line]. Capturado em 10 de maio de 2010. Minha tradução.
[10] Há duas traduções do inglês para o português. Uma da editora Logos, Instrução na Fé: Princípios para a vida cristã, e outra da Editora PES (1 ed. São Paulo, 2008), com o título A Verdade para Todos os Tempos: um breve esboço da fé cristã.
[11] CALVINO, João. A Verdade para Todos os Tempos: um breve esboço da fé cristã. tradução Odayr Olivetti, 1 ed. São Paulo: PES, 2008, p. 78.
[12] Institutas (IV, 14, 1): edição clássica (latim), Vol. 4, tradução Waldyr Carvalho Luz, São Paulo: Cultura Cristã, p. 268.
[13] CALVINO. A Verdade para Todos os Tempos. p. 80.
[14] CALVIN. Cathecism of the Church of Geneva. Minha tradução .
[15] Institutas, IV, 17, 3.
[16] Institutas, IV, 17, 11
[17] Institutas. IV, 17, 12. Nos parágrafos 13, 14 e 15 Calvino continua expondo os erros da doutrina da transubstanciação católica.
[18] Institutas. IV, 17, 10.
[19] Institutas. IV, 17, 16.
[20] CALVIN, John. The Clear Explanation of Sound Doctrine Concerning the True Partaking of the Flesh and Blood of Christ in the Holy Supper. LCC, vol. XXII, Calvin: Theological Tretises, translated by J.K.S. Reid, (London: SCM Press, 1954), p. 289. Tradução Heber Carlos Campos.
[21] Ibidem. p. 308. Tradução Heber Carlos Campos.
[22] Ver Institutas. IV, 17, 30.
[23] OSTERHAVEN. Conceitos da Ceia do Senhor. p. 269.



BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
CALVIN, John. Cathecism of the Church of Geneva: being a form of instruction for children. [on-line] Disponível em: http://www.reformed.org/documents/index.html?mainframe=http://www.reformed.org/documents/calvin/geneva_catachism/geneva_catachism.html [on-line]. Capturado em 10 de maio de 2010.
CALVIN, John. The Clear Explanation of Sound Doctrine Concerning the True Partaking of the Flesh and Blood of Christ in the Holy Supper. LCC, vol. XXII, Calvin: Theological Tretises, translated by J.K.S. Reid, London: SCM Press, 1954.
CALVINO, João. A Verdade para Todos os Tempos: um breve esboço da fé cristã, tradução Odayr Olivetti, 1 ed. São Paulo: PES, 2008.
CALVINO, João. Institutas: edição clássica (latim), Vol. 4, tradução Waldyr Carvalho Luz, São Paulo: Cultura Cristã.
ELWELL, Walter A. (ed.). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. 1 ed. Vol. 1. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 1990.
Enciclopédia Católica Popular [on-line] Maio 2010.  Disponível em: http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/ [capturado em 05 de maio de 2010].
GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. Tradução Gérson Dudus e Valéria Fontana, São Paulo: Vida Nova.
GONZALEZ, Justo L. A Era dos Reformadores: uma história ilustrada do cristianismo, tradução Itamir N. de Sousa, São Paulo: vida Nova, 1995.
SASSE, Hermann. This is My Body. Adelaide: Lutheran Publishing House, 1988.
SHEPHERD, Victor A. Witnesses to the Word: Fifty Profiles of Faithful Servants.  Toronto: Clements Publishing, 2001.

ZWINGLI. On the Lord's Supper. Zwingli and Bullinger, editado por G. A. Bromiley, London: SCM Press, 1958, p. 188.

4 de julho de 2018

Antioquia: um modelo bíblico de igreja urbana

     
A igreja de Antioquia da Síria é um exemplo importante de uma igreja urbana. Antes que o apóstolo Paulo fosse o plantador de igrejas que vemos no NT, quando ainda perseguidor da igreja, Antioquia já se destacava como modelo de igreja urbana missionária e plantadora de várias outras igrejas. Como diz Stetzer, “a fundação da igreja de Antioquia talvez seja o momento mais importante da história da plantação de igrejas”.[1] Ela se tornou a primeira igreja plantadora de igrejas.
 A igreja iniciou-se através de irmãos “leigos” cujos nomes não estão registrados nas Escrituras, mas que deram um grande passo na história cristã. Seus fundadores eram gentios helenistas que fugiam da perseguição em Jerusalém. Conforme está escrito em Atos 11.20-21, “alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor”. Os resultados foram maravilhosos. Grandes planos de Deus concretizaram-se através dessa igreja. Como diz Greenway, “chegando em Antioquia eles tomaram o passo significativo de pregar o evangelho aos gentios, começando assim a igreja mãe do Movimento Cristão Gentio (At 11.19-26)”.[2]
 A cidade de Antioquia era ao mesmo tempo uma “cidade helenista, uma cidade romana e uma cidade judaica”.[3] Era um lugar onde as culturas oriental e grega se encontravam. Havia uma grande comunidade de judeus. Os judeus também haviam feito muitos prosélitos ao judaísmo.  Lá, as barreiras sociais eram de carta forma pequena, e, talvez, isso seja evidenciado pelo grupo de profetas e mestres da Igreja, sendo que dos cinco (At 13.1), Barnabé e Saulo foram enviados pelo Espírito e pela igreja a começar o ministério de plantação de igrejas, em diversas cidades do Império Romano. Barnabé era levita de Chipre, Simeão, que tinha o sobrenome Niger, ou seja, era um negro, africano (pode ser o Simão Cirineu que carregou a cruz). Lúcio era natural de Cirene, capital da província romana de Cirenaica (atual Líbia – norte da África). Manaém era judeu, colaço de Herodes. O termo colaço significa “membro da corte”. Estudiosos afirmam que ele foi criado junto com Herodes. Saulo era judeu de Tarso, ex-membro importante e zeloso do grupo dos fariseus.
 Greenway destaca que a Igreja de Antioquia crescia por meio de conversões. Segundo ele, há três tipos de crescimento. O primeiro deles é o biológico, que ocorre através do nascimento dos filhos dos crentes, esse é o crescimento geracional da comunidade da aliança. O segundo é o crescimento de transferência, são os membros advindos de outros lugares, porém, nesse caso, na prática, de fato, não há crescimento numérico para a igreja de Cristo. O terceiro tipo de crescimento foi o que ocorreu em Antioquia, é o chamado crescimento por conversão. Fica claro que, no início, a igreja era composta por irmãos vindos, principalmente, de Jerusalém. “Mas o fator realmente importante em Antioquia foi o número de pagãos que foram convertidos às convicções cristãs e à membresia da igreja. Este é o tipo de crescimento que devemos buscar no evangelismo”,[4] diz Greenway.
 Dois aspectos ainda se destacam em relação à igreja de Antioquia. O primeiro era sua atenção em relação aos pobres. Nos dias de Cláudio – que governou de 41 d.C a 54 d.C. - houve uma grande fome no império, atingindo a Judeia. Naquele período, os cristãos judeus estavam sofrendo e “os discípulos, cada um conforme as suas posses, resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judeia; o que eles, com efeito, fizeram, enviando-o aos presbíteros por intermédio de Barnabé e de Saulo” (At 11.29-30). Greenway entende que isso causou um grande impacto na vida de Paulo. “Esse ato de compaixão por parte dos crentes de Antioquia efetuou uma grande impressão em Paulo, resultando na consistente integração de palavra e atos em ministério apostólico epistolar”.[5] O segundo aspecto tem a ver com liderança local. Paulo tinha a habilidade de descobrir pessoas chave que se tornariam líderes importantes. Mesmo sendo Paulo um líder nato antes da sua conversão, ele “aprendeu em Antioquia que a chave para o desenvolvimento de igrejas fortes e efetivas é a liderança local”.[6]
 A igreja de Antioquia foi um lugar de pregação do evangelho, de compaixão pelos pobres e o quartel general das missões urbanas transculturais. A força dessa igreja também pode ser vista em sua vida espiritual. Era uma igreja que servia, jejuava e orava ao Senhor. Essas foram marcas de uma igreja que Deus usou para espalhar o evangelho pelo mundo. Em certo sentido, a igreja de Antioquia pode ser descrita como a origem da obra cristã no mundo. As igrejas que desejam ser relevantes e querem espalhar o evangelho pelas cidades do mundo têm em Antioquia um modelo bíblico. Como conclui Greenway, “é verdade ainda hoje que quando uma igreja adiciona uma dimensão global ao seu ministério através do envio e suporte a obreiros em lugares distantes, seu crescimento espiritual, alegria e vitalidade são grandemente enriquecidos”.[7] Ainda segundo Greenway, “compreender Antioquia é crucial para a percepção bíblica da missão urbana, porque os padrões que foram estabelecidos lá definiram o curso da história da missão e mudou o mapa religioso do mundo”.[8] Além do mais, a igreja de Antioquia, com certeza, influenciou a vida e ministério do apóstolo Paulo, que se tornou o maior apóstolo urbano do primeiro século.

Robson Rosa Santana

* Este artigo é uma seção do capítulo 1 do meu e-book "Missão Urbana: fundamentos, desafios e implicações".

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[1] STETZER, Ed. Plantando Igrejas Missionais: como plantar igreja bíblicas, saudáveis e relevantes à cultura. Trad. A. G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 73.
[2] GREENWAY, Roger. The Urban-Mission Movement of the New Testament. In: GREENWAY, Roger S.; MONSMA, Timothy M. Cities: Missions’ New Frontier. Grand Rapids: Baker, 1989, p. 14. Tradução nossa.
[3] GREENWAY, Roger S. Antioch: A Biblical Model of Urban Mission Development. In: GREENWAY, Roger S.; MONSMA, Timothy M. Cities: Missions’ New Frontier. Grand Rapids: Baker, 1989, p. 33. Tradução nossa.
[4] GREENWAY, Antioch, p. 35. Tradução nossa
[5] GREENWAY, Antioch, p. 38. Tradução nossa.
[6] Ibid., p. 40. Tradução nossa.
[7] Ibid., p. 41. Tradução nossa.
[8] Ibid., p. 31. Tradução nossa.