2 de agosto de 2019

A falsa religião e o verdadeiro caminho para a salvação (Lucas 16.14-18)

     INTRODUÇÃO
Jesus havia falado no texto anterior sobre a atitude externa quanto ao dinheiro e seu uso, bem como sobre a impossibilidade de servir a Deus e aos bens materiais. Mais uma vez os fariseus não aprenderam com Jesus, pelo contrário, zombaram dele, pois eram avarentos. Aparentemente serviam a Deus, mas sua devoção maior era ao dinheiro. Jesus havia colocado o dedo na ferida deles.

Três lições preciosas temos nesse texto:

1) NÃO PODEMOS CONFIAR EM NÓS MESMOS PARA A SALVAÇÃO (15)
Mas Jesus lhes disse: — Vocês são os que se justificam diante dos homens,”

Há muitas pessoas que são de determinada tradição religiosa e estão confiantes na sua salvação. A religião em geral é o homem em busca de Deus e o caminho para encontrá-lo são seus próprios esforços, inclusive a tentativa frustrada de guardar os mandamentos por si só. No entendimento deles, através da guarda dos mandamentos, seriam salvos. No final das contas, a salvação dependia exclusivamente deles.
A salvação do começo ao fim é uma estrita confiança na graça e poder de Deus para salvar. Sempre foi pela fé. Os religiosos da época de Jesus esvaziaram, distorceram e acrescentaram coisas aos mandamentos para adequar às suas próprias vontades. Como disse Jesus, “— Rejeitando o mandamento de Deus, vocês guardam a tradição humana.” (Mc 7.9).
Paulo é enfático em dizer que ninguém será justificado pelas obras da lei. Em Gálatas 2.16 está escrito:  “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois por obras da lei ninguém será justificado”. 
Muitas pessoas hoje confiam mais nas suas religiões, condutas e moralidade, do que unicamente na misericórdia de Deus para sua salvação.

2) DEUS VÊ A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE DAS PESSOAS (15b)
“mas Deus conhece o coração de vocês; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.”

Aquilo que é comum e louvável na sociedade, nem sempre o é para Deus. Ser próspero, rico, famoso e influente pode ser cilada e empecilho para uma verdadeira vida com Deus. Isso não se refere apenas ao dinheiro. Como disse Oliver Cromwell, “idolatria é qualquer coisa que esfrie seu desejo por Deus”.
Deus exige de nós coração íntegro e exclusivo. Ele não reparte Sua adoração. Ele não divide Sua glória com ninguém, nem com nada mais. Esse tipo de religiosidade dividida é hipocrisia e abominação diante de Deus.” As pessoas ou a sociedade podem admirar, mas para Deus é “abominação”.

3) ENTRAR NO REINO DE DEUS EXIGE ESFORÇO (16-18)
“— A Lei e os Profetas duraram até João; desde esse tempo o evangelho do Reino de Deus vem sendo anunciado, e todos se esforçam para entrar nele”. (V.16 – NAA).
A religiosidade do povo de Deus naquela época estava deturpada. Interpretavam e viviam como queriam.
Exemplos: Mt 15 – Corbã | Mt 23.16-26 – Votos
Eles rejeitaram o Antigo Testamento (Lei e profetas) e, a partir de João Batista, o Novo Testamento começou a ser pregado para se entrar no Reino de Deus “e todos se esforçam para entrar nele”.
Hendriksen sumaria assim: “a entrada no reino exige renúncia verdadeira, esforço fervoroso, energia incansável, esforço máximo”.
Jesus diz que a vida do discípulo requer esforço, dedicação e consagração total a Ele. Em outras palavras, a salvação é pela graça, mas é preciso nossos esforços para vivermos vidas santas. Jesus já havia dito antes: “esforcem-se para entrar pela porta estreita” (13.24).

Ao contrário do que os religiosos pensavam, “...é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei” (v.17).
Exemplo disso é a questão do divórcio no verso 18. Os mestres da lei ensinavam que haviam outros motivos para o divórcio, contrário ao que a Lei de Deus dizia.
O rabino Hillel (sec. I, a.C.) ensinava que qualquer motivo era justificativa para o divórcio. O pensamento dele está implícito na pergunta em Mateus 19.3: “Alguns fariseus se aproximaram de Jesus e, testando-o, perguntaram: — É lícito ao homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo”? Akiba (sec. II, d.C.) permitia o divórcio se o marido encontrasse outra mulher mais bonita.
O pensamento bíblico sobre isso é que o divórcio ocorre por dois motivos: adultério e abandono (Mt 10.9; 1Co 7.15). Veja o que o diz a Confissão de Fé de Westminster sobre o assunto em tela: “só é causa suficiente para dissolver os laços do matrimônio o adultério ou uma deserção tão obstinada que não possa ser remediada nem pela Igreja nem pelo magistrado civil” (CFW, XXIV.VI).

CONCLUSÃO
Devemos em todo tempo avaliar como está nossa vida com Deus. O nosso coração é corrupto e enganoso. A salvação não ocorre pela observância de leis ou rituais, mas através da obra salvadora de Cristo.
Que possamos nos esforçar ao máximo para sermos encontrados dignos do nome de Cristo, para não sermos desqualificados como disse Paulo em 1 Co 9.27: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.


Pr. Robson Santana
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL