25 de dezembro de 2010

Avivamento na África do Sul (Erlo Stegen)



Esse vídeo traz um breve relato do Rev. Erlo Stegen sobre o Avivamento Espiritual na África do Sul entre os Zulus.

Para mais informações sobre o ministério que surgiu desse avivamento,clique aqui: Missão Kwasizabantu

Para comprar o livro clique aqui


Para ler online, veja aqui

Faça comentário das suas impressões acerca dessa obra maravilhosa entre os Zulus.

22 de dezembro de 2010

SOBRE O RECENTE PROTESTO CONTRA A UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

 Em protesto ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), publicado desde 2007 no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie contra o PL 122/2006 (conhecido como “lei anti-homofobia”), um grupo de ativistas organizou uma manifestação no dia 24 de novembro de 2010, por volta das 18h, em frente à universidade. Com previsão de mais de três mil participantes, o evento contou somente com cerca de 400, que se postaram diante dos portões da instituição, na Rua Itambé. Em seguida, o grupo deslocou-se do Mackenzie para a Avenida Paulista com um número já bastante reduzido, conforme anunciado por diversos veículos de comunicação como a Globo News, a Folha de São Paulo, a CET, o site da UOL e dezenas de outros sites informativos. Na universidade, as aulas transcorreram normalmente.

A oposição da IPB ao projeto de lei se baseia não só no senso comum e em análises jurídicas especializadas (que consideraram o projeto “inconstitucional”), mas sobretudo nos princípios cristãos que norteiam tanto a denominação quanto o Mackenzie. Não há novidade nisso: quando se matriculam na instituição, os alunos assinam o contrato de serviços educacionais, em que há uma cláusula explicando esse caráter confessional. Isso não significa perseguição a quem não subscreve essas bases cristãs, muito pelo contrário: não há registro na história da universidade de casos de discriminação de qualquer tipo, seja contra alunos homossexuais, seja contra alunos que professam outras religiões, ou nenhuma. Todos têm acesso aos mesmos benefícios, como bolsas de estudo.

No entanto, desde o momento em que a publicação do texto da IPB no site do Mackenzie foi “descoberta” pelos ativistas neste ano, a igreja, a universidade e a pessoa de seu Chanceler têm sido duramente atacados e acusados de “homofobia”. Filmados em vídeo, os manifestantes pediam a demissão do Chanceler, cuja foto foi estampada em diversos sites homossexuais acompanhada de palavras de ódio. A virulência que caracterizou essas expressões de indignação, mesmo antes da aprovação do projeto, confirma o quanto é perigoso que a sociedade se veja refém de uma minoria militante, que procura impor seus pontos de vista por meio de pressão e difamação, não admitindo que pessoas, igrejas e organizações cristãs simplesmente afirmem ser a conduta homossexual um pecado.

Para detalhar melhor sua postura bíblica — que se fundamenta no amor, não no separatismo, e prega o respeito a todos —, cristãos que partilham da mesma visão sobre o homossexualismo se uniram para elaborar o manifesto “Universidade Mackenzie: Em Defesa da Liberdade de Expressão Religiosa”. O texto foi reproduzido em cerca de oito mil sites cristãos e conservadores, recebendo mais de 36 mil citações na internet. Traduzido para idiomas como alemão, espanhol, francês, holandês e inglês, foi postado em sites de diversos países estrangeiros, como Estados Unidos, França, Alemanha e Portugal. Centenas de manifestações de solidariedade à postura do Mackenzie foram veiculadas em diversos meios, inclusive no conhecido blog de Reinaldo Azevedo (articulista da revista Veja), um dos comentaristas políticos mais lidos e respeitados do país. Respondendo às acusações de “homofobia” com argumentos sólidos e bíblicos, os cristãos creem que sua postura contribuiu para que a manifestação de repúdio ao documento da IPB tenha recebido tão pouca adesão do público.

Nós, cristãos, estamos alegres e gratos por todo o apoio recebido e pelas orações do povo de Deus em favor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e de seu Chanceler, o Rev. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Instamos o povo de Deus a que se una também em súplicas e intercessões para que o Deus todo-poderoso derrame seu Espírito Santo sobre a igreja evangélica neste país. Necessitamos com urgência de um avivamento, de forma que o Cristo crucificado seja exaltado, os crentes sejam santificados, a Escritura Sagrada seja pregada com liberdade, pecadores se convertam e nosso país seja transformado, para a glória do Deus trino da graça.

Este pronunciamento é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.

Para ampla divulgação.
 

26 de novembro de 2010

Fé viva ou fé morta


“Tradição é a fé viva dos que já morreram e tradicionalismo é a fé morta dos que ainda vivem” (Jaroslav Pelikan)

Um dos maiores perigos da nossa fé é cair num tradicionalismo morto, e talvez mais difícil ainda é perceber se nós mesmos entramos nele. Os autores bíblicos do Antigo Testamento, inspirados e orientados por Deus, falaram por diversas vezes do perigo de se abandonar a Ele seja por meio do esquecimento daquilo que Ele é e tem feito pelo seu povo ou simplesmente pelo mero formalismo morto.
“O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu” (Isaías 29.13). Essa expressão de fé em Deus de modo mecânico não ocorre de uma hora para a outra. Em alguns casos se manifesta numa segunda geração de famílias que fazem parte do povo da aliança.
No livro O Universo ao Lado, que fala sobre como filosofias e religiões expressam sua cosmovisão da vida pessoal, do universo e de Deus, e como essas percepções de mundo são compartilhadas até mesmo para maioria da humanidade, tornando assim o “espírito de uma época” (zeitgeist), James W. Sire considera a reação de pensadores cristãos à religiosidade morta de seus dias. Embora eles não tenham permanecido firmes na ortodoxia bíblica, descambando para um existencialismo teísta, ou liberalismo teológico, negando verdades como a veracidade das histórias da Bíblia ou negando os milagres, dentre outros pontos essenciais da fé, eles propuseram um teste que quero que reflitamos juntos.
Vamos ao teste. Como você lida com o pecado: como a quebra de uma regra ou a traição de seu relacionamento com Deus? Com relação ao arrependimento: você simplesmente admite a culpa ou sente uma profunda tristeza por ter adulterado sua relação com Deus? Você vê o perdão como a suspensão da pena ou a renovação da amizade? E a , é a crença em um conjunto de proposições ou o comprometimento com uma pessoa, ou seja, com o Deus trino? E por fim, sua vida cristã é a obediência de regras e mandamentos ou uma forma de expressar toda sua gratidão a Deus? (Sire, 2010:167).
Se suas respostas tenderem para a primeira parte das perguntas, isso revela a ênfase em um relacionamento com Deus de modo impessoal ou despersonalizado. No entanto, se você concebe o pecado como trair Deus; o arrependimento como um sentimento de pesar por causa dessa traição; o perdão como uma reconciliação com o Deus santo; a fé como um compromisso radical; e a vida cristã como um estilo de vida grato por tudo que Ele fez, faz e fará, você está no caminho da fé viva, verdadeira e relevante.
Lembremos sempre que Deus é tão gracioso que mesmo que a nossa religiosidade seja legalista, morta ou impessoal, Ele insiste: “continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento...” (Is 29.14a).

Pr. Robson Santana
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

13 de outubro de 2010

Missões Transculturais

O Deus que liberta de toda culpa | Mensagem no Salmo 130



Introdução

Num túmulo na Europa Central há a seguinte inscrição: "Ele morreu por causa de algumas palavras não pronunciadas". Este túmulo pertence a um rapaz que havia trazido vergonha e tristeza a seus pais. Ele continuou vivendo miseravelmente, a despeito de suas promessas de reconciliação e da tolerância de seus pais. Por fim, a paciência de seu pai acabou.

Numa noite, quando o jovem chegou em casa bêbado, seu pai, irritado, lhe disse: "Vá embora, e não volte nunca mais". Ao sair pela porta, o filho voltou-se e disse: "O senhor está falando sério, papai? Não é para eu voltar nunca mais?" "Estou", respondeu o pai, "Não quero mais este escândalo em casa". O moço foi embora, e suicidou-se.

O pai, triste, nunca perdoou a si mesmo por ter dito aquilo. Ao invés de pronunciar as palavras que seu filho suplicou para ouvir, o pai endureceu seu coração [...] (Toivo Rajama - Finlândia)

Podemos dizer que este caso não é tão comum, que não acontece freqüentemente com as pessoas. Mas não podemos negar que, numa variação de graus, somos assolados por algum tipo de pecado e de alguma culpa que abate nosso coração.

De certo modo, estamos acostumados com boas doses de culpa. Nosso comportamento é controlado pelo medo dela. Quando falhamos em encontrar padrões para nossas vidas, sentimos o peso da culpa. Enquanto muito disso é simplesmente cultural, há uma culpa mais profunda, o senso de que temos falhado em viver tudo aquilo para o qual nós fomos designados a ser e a tornar-se. É culpa existencial, que reside no profundo de nosso ser. Nas palavras de Paul Tournier, esta é a “culpa perante Deus”.

Normalmente as pessoas tratam a culpa de quatro modos:

A primeira é a negação. Simplesmente negamos a sua existência. É o caso de pessoas que não acreditam no pecado, ou se creem, acham que não são pecadoras. Por incrível que pareça, existe esse tipo de pessoa. 

Outra maneira de tratar com a culpa é o da racionalização. Admitimos que somos culpados, mas logo depois da confissão, tentamos encontrar alguma coisa para atenuar as suas conseqüências, como se algo conspirasse para que fizéssemos aquilo. Como não podemos culpar nossos pais ou outros, colocamos a culpa no governo ou nos nossos genes. Como disse alguém, é a síndrome de Gabriela: “Eu nasci assim, eu cresci assim, sempre Gabriela”. 

Outro modo de tratar com a culpa é a relativização. Todo mundo pensa e faz desse jeito, por isso não sou tão mal assim. E ao encontrarmos exemplos piores do que o nosso, faz-nos parece melhor. Nivelamos a nossa vida por baixo, esquecendo-nos que o nosso padrão é a santidade de Deus. 

Mas existe um caminho para se tratar com a culpa, que é a admissão, confissão e perdão. A vantagem desse modo é que não precisamos mais carregar a culpa. Visto que este caminho é de cura, é o modo de Deus, e o Salmo 130 nos ensina isso.

Narrativa
Neste salmo, o salmista clama em dor, em angústia, em urgência a Deus por perdão e fica numa posição de espera por Deus agir. Ele espera naquele que promete. Porque ele conhece Deus como Redentor misericordioso que “redime Israel de todas as suas iniquidades” (v.8).

Comentaristas identificam este Salmo como lamento individual. O lamento expressa uma emoção oposta àquela do louvor, o salmista abre seu coração a Deus, um coração às vezes cheio de tristeza, medo ou mesmo ira. Em poucas exceções, os lamentos voltam-se para Yahweh com confiança no final, e este Salmo é um exemplo disso. Há um misto de lamento e ações de graça.

Quando analisamos mais atenciosamente o Salmo 130, percebemos que é uma confissão de um homem temente a Deus que foi capaz de se levantar das maiores profundezas da angústia gerada pelo pecado para a segurança da graça e do perdão de Deus. E de acordo com o v.8 podemos dizer que foi recitado pelo poeta na adoração comunitária.

Gostaria de falar sobre O DEUS QUE LIBERTA DE TODA CULPA

Como podemos nos livrar da culpa?

1) RECONHECENDO NOSSO PECADO PERANTE O SENHOR (vv.1-2)

No verso 1 vemos a angústia, a agonia interior do salmista. É uma agonia profunda. Isso é demonstrado na metáfora “das profundezas”, que revela uma aflição física e mental. Essa mesma metáfora também pode-se ver nos Salmos 69, 14, 18, 32 e 40. 

Na cultura judaica refere-se ao caos interior da vida daquele homem. Estas profundezas representam a batalha interior que o salmista estava sentindo, incluindo as iniquidades que ele fala no verso 3 que o torna cônscio de estar separado de Deus, como que por um abismo intransponível do pecado (cf. Is 59.2).

No verso 2 o salmista demonstra dramaticamente os seus sentimentos: “Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas os teus ouvidos às minhas súplicas”. Deus ouvir sua voz significa que Ele voltou-se para ele com favor. Pois sem Deus o homem está perdido, e somente Deus pode restaurar a ponte que o homem quebrou por seus próprios pecados. 

Para onde voltamos quando estamos nas profundezas? Alguns tentam medicar sua dor através do álcool ou das drogas. Outros se rendem à dor e entram na fossa das trevas da depressão. Os que conhecem a Deus não! Fazem como o salmista e clamar a Deus. Do mais profundo do nosso ser devemos estender as nossas mãos para Deus e pleitear que ele se incline para nós, que sua graça nos alcançará, mas o primeiro passo é sentir a dor da nossa transgressão contra Deus, e não tentar sublimar, colocar panos quentes sobre a nossa culpa. O melhor caminho é reconhecer. E se dissermos que não temos cometido pecados somos mentirosos, como diz a apóstolo João.

Devemos fazer como o publicano (cobrador de impostos dos judeus para Roma) da parábola: "Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: 10 Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. 11 O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; 12 jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. 13 O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!" (Lc 18.9-13).

2) CONFESSANDO NOSSO PECADO PERANTE O SENHOR (vv. 3-4)

Assim como uma criança chateada não olha diretamente na face do pai, o salmista não pede diretamente perdão de seus pecados. Ele sente tão fortemente sua situação que quase não justifica tal pedido. Se ou não Deus perdoará depende somente da sua livre decisão, mas o salmista sabe que o coração de Deus está aberto para ele com misericórdia e amor, e que seu clamor não será vão. Ele sabe que somente a misericórdia de Deus poderia livrá-lo de seu pecado. Por isso ele diz: “Se observares, Senhor, iniquidades / quem Senhor, subsistirá?”. A figura usada aqui é de alguém que está tomando nota dos pecados, e se Deus for olhar somente para a dívida que temos para com ele, estamos perdidos. Ninguém subsistirá. Ninguém há de permanecer, de viver. A única coisa que resta é a morte e condenação, pois, de fato, temos cometido iniquidades, temos nos desviados do caminho de Deus.

Mas louvado seja o nome do Senhor, pois com Ele está o perdão. Isso é maravilhoso. Isso é puro evangelho. É graça. Por isso, quando estivermos nas profundezas, quando a culpa estiver diante da nossa face, quando a angústia do pecado assolar nosso coração, clamemos a Deus que ele ouve e vem, não com julgamento, mas com graça. 

O próprio Jesus demonstra o perdão e a graça de Deus quando diante da mulher adúltera e de seus acusadores, diz: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”. A ironia que vemos nessa afirmação é que ele era o único que poderia apedrejá-la, pois é o Filho de Deus sem pecado, mas, não, ele a perdoa: “nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (Jo 8.11). 

Realmente, nós temos certeza, como diz o salmista acerca de Yahweh, “Contigo, porém, está o perdão”, e como consequência da misericórdia de Deus, ele adiciona: “para que te temam” (v.4). 

Quando entendemos o perdão de Deus e o seu custo, enviando seu Filho à cruz do calvário, somos quebrantados e humilhados, nós nos curvamos em temor diante de Deus. E aí não existe presunção, não existe arrogância, pois merecemos juízo e recebemos misericórdia. Como o retorno do filho pródigo, nós somos maravilhados pelo Pai que nos dar boas vindas ao lar livremente. 

3) ESPERANDO PELO SENHOR (vv. 5-6)

A partir do v.5 a forma de oração é abandonada. Nesse verso o salmista faz uma confissão diante do Senhor na congregação, dizendo como ele espera com ansiedade, com um desejo profundo, pelo momento em que poderia entrar na presença de Deus e ouvir a promessa de perdão. Pois o verdadeiro arrependimento, que difere de uma disposição meramente transitória de penitência, é um estado de estar em constante tensão entre esperança e posse, porque simultaneamente devemos estar consciente da bondade e da severidade de Deus. Essa tensão é expressa pelo verbo em hebraico traduzido por esperar. E desse modo o v. 6 é semelhante ao v.5, pois o salmista tem certeza que, assim como os guardas estão esperando pelo romper da manhã, e isso acontecerá, assim ele espera pelo perdão de Deus. Mas é necessário esperar.

Em nossos dias, não somente agora, mas já há algum tempo, vivemos tempos agitados. O tempo é escasso. Nas palavras de um ex-presidente americano, “Time is money”: Tempo é dinheiro. Não podemos perder tempo. Temos de produzir. Desse modo, não sobra tempo para a meditação e oração. Conhecemos pouco do estar diante de Deus com expectativa. Uma das coisas que Deus está nos ensinando aqui é o valor de esperar diante dele e nele. 

Somente na quietude nós podemos ouvir a voz do Senhor. É andando nessa verdade teológica do perdão de Deus, que o salmista espera para ser perdoado. Assim, fundamentado sobre a promessa de Deus e esperando nele, devemos esperar por Ele para que fale e aja em nossas vidas. 

Necessitamos experimentar a realidade da culpa levada, do pecado perdoado e não nos contentarmos com menos que isso. Não é de estranhar que as nossas vidas espirituais sejam tão superficiais, pois nos recusamos a esperar no Senhor. Quando nós paramos e esperamos diante dele, Ele agirá com graça e misericórdia. 

Como fruto da sua própria experiência, o salmista generaliza a todo o povo de Deus (veja os versos 7 e 8. Esse imperativo para que o povo esperasse no Senhor é baseado do próprio caráter de Deus: “pois no Senhor há misericórdia; nele, copiosa redenção” (v.7). 

Deus é fiel em seus compromissos para com o Seu povo. É o que a palavra misericórdia significa no hebraico: o amor pactual de Deus para com o Seu povo, o amor da aliança. E esse amor é incondicional. Como diz o Senhor em Jeremias 31.3: “…com amor eterno eu te amei (o povo de Israel ) por isso, com benignidade te atraí”. É o próprio Deus que nos ama e nos atrai a Ele, mesmo quando pecamos, é Ele quem nos conduz ao arrependimento por Sua bondade. “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento? (Rm 2.4)

É Ele que vem a nós libertando do pecado, da culpa e da escravidão. E desde que nele há  “copiosa redenção”, Ele agirá, como diz o verso 8: “É ele quem redime a Israel de todas as suas iniquidades”. Esperemos e confiemos no Senhor!

CONCLUSÃO

Como o salmista esperou em Deus, ele sabia que experimentaria o Seu perdão, Seu amor pactual, Seu poder redentivo. É isso que milhões de crentes precisam hoje . Quem sabe você é uma dessas pessoas. Você tem ouvido acerca de Deus, mas não conhece a Deus. Tem ouvido que Deus é misericordioso, mas não tem recebido misericórdia. Desse modo, você carrega sua culpa como melhor você pode. Você precisa, em nome de Jesus, colocar sobre Ele a sua culpa, o seu pecado.

Não pense como muitos que o seu pecado é imperdoável, que não tem jeito para você. Quero que você saiba que o sangue de Jesus purifica todo e qualquer pecado. É hora de você reconhecer isso, e do mais profundo do seu ser colocar diante de Deus. Como diz o salmista, em Deus há misericórdia, com Ele está o perdão, nele há abundante redenção. Podemos tomar aqui o texto de Paulo quando ele escreve que onde abundou o pecado, superabundou a graça. Você não precisa mais carregar esse peso. Vá até Deus, por meio de Cristo, que Ele há de perdoar esse pecado que tem dominado a sua vida, e você ficará mais alvo que a neve. E pronto para adorar a Deus como lhe é devido.

Pr. Robson Santana


* Reprodução autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e a fonte como: www.e-missional.blogspot.com e comunicada sua utilização através da parte dos comentários ou e-mail: rrsantana@hotmail.com 

21 de setembro de 2010

A VISÃO DO TRABALHO COM ADOLESCENTES

Por Rev. Haveraldo Ferreira Vargas Júnior

A adolescência é o tempo em que deixo de ser o que era, mas ainda não sou o que serei. Sou um encontro de rios agitados, que se misturam formando grandes ondas.

Sinto-me diferente. Sabia quem eu era até pouco tempo. Estou experimentando transformações no meu corpo. Dentro de mim começam a existir sentimentos e sensações que eu desconhecia. É estranho, mas sei que vou me habituar. O problema é que nem todo mundo parece ter a mesma esperança que eu. Em alguns momentos me tratam como criança. Não gosto muito disso. Em outros, exigem que eu seja adulto. Parece que eles também não sabem o que está acontecendo, mas fico com uma grande dúvida: como eles não sabem, se já passaram por isso antes?

A adolescência é um tempo maravilhoso de grandes descobertas e novas conquistas. A vida começa de novo na adolescência. Um outro mundo está diante daqueles que cruzam esta fronteira. Nada será como antes. Do passado ficarão lembranças. Estas, em princípio, quererão ser esquecidas. Com o tempo se quererá vivenciá¬-Ias novamente. Mas já é tarde demais.

No campo biológico, alguns aspectos devem ser considerados, em sua maior parte, a questões da puberdade, quando a criança passa a conviver com mudanças substanciais no corpo, como o aumento do número de pelos, desenvolvimento muscular, os seios crescem nas meninas, altera-se a voz dos garotos. Em muitos há dificuldades para se coordenar os movimentos. Surgem nesta época os festivais de copos quebrados durante as refeições. Raramente passa-se uma refeição em que copos ou jarras não são derrubados sobre a mesa ou mesmo no chão. Quem não passou por isso?

Outro aspecto é o sociológico. Aqui se evidencia a ruptura entre a dependência total e plena a uma independência assistida. No começo desse tempo os adolescentes são ainda crianças em transição, com boa parte de suas necessidades emocionais sendo ainda infantis. No entanto, passam a assumir posturas de quem deseja crescer, assim como já têm crescido no campo físico. Obviamente essa etapa não é fácil para ninguém. A crise dos pais está em perceber mudanças físicas significativas, mas nem sempre de acordo com as atitudes. Há momentos em que o corpo crescido briga com atitudes infantis. Na ótica adolescente essa é também uma questão complicada, afinal, ele é obrigado a assumir novos posicionamentos e avançar rumo a um mundo desconhecido e que muitos deles nem querem conhecer. Isso faz com que muitos realmente não queiram prosseguir nesse mundo novo, que para eles nem é muito admirável, e procuram permanecer na segurança e conforto da infância. O mesmo fenômeno, um pouco mais aguerrido, acontece na saída da adolescência para a fase adulta.

A enciclopédia Barsa define assim a adolescência:

Fase de transição entre a infância e a idade adulta, que se estende dos 13..14anos aos 22.23 anos, para o homem, e dos 11-12 anos aos 21 para a mulher. Éo período da vida caracterizado por amplas e profundas modificações psicossomáticas, em que se finaliza o desenvolvimento morfológico e funcional do ser humano (v. I, p.81).

O Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa Aurélio traz a seguinte definição de adolescência:

O período da vida humana que sucede à infância, começa com a puberdade, e se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas (estende-se aproximadamente dos 12 aos 20 anos) 1986, p.17.

Martin Herbert diz que "o termo adolescência refere-se, em essência, aos desenvolvimentos psicológicos que estão relacionados aos processos do crescimento físico, definidos pelo termo puberdade. Em outras palavras a adolescência começa na biologia e termina na cultura - naquela junção onde o menino e a menina atingiram razoável grau de independência psicológica em relação aos pais" (1991, p.18).

E quando começa a adolescência? Afirmo que a adolescência começa aos 12 anos. Como toda boa regra há exceções. As mulheres geralmente chegam a essa fase antes dos homens. Situações externas podem atrasar ou antecipar essa mudança de fase. O meio pode influenciar na alteração da normalidade dessas transições. Vivemos também um adolescer das crianças, onde a precocidade tem gerado uma entrada prematura nesta fase. A pré-adolescência está cada vez mais adolescente. Contudo, em razão de sua definição foge ao nosso objeto de estudo.

Crianças forçadas a assumir controle da casa ou obrigadas a cooperar na criação de um irmão mais novo, tendem a amadurecer mais cedo e correm o risco de pular de fase. Na verdade salta-se uma fase, mas em algum tempo, lá na frente, isso fará muita falta. Na maior parte dos casos a necessidade financeira gera situação. As condições econômicas nacionais e a sua relação com a globalização geraram um número muito grande de filhos que se tornam pais na prática, pois possuem a responsabilidade de "tomar conta" e assim assumem a criação de fato, não de direito. Entretanto, nem sempre a "culpada" é a economia.

Saltar uma fase sempre resulta em consequências para a vida. Deus é tão maravilhoso que além de nos dar a vida, deu-nos também a bênção de vivenciarmos momentos diferentes em diferentes períodos. Cada fase implica em adquirir forças para vencermos os desafios da seguinte. Saltar uma fase é estar menos preparado para o futuro. Você já percebeu que gente que não teve uma adolescência normal, em algum momento na fase adulta, deixa isso se revelar? As carências são expostas e o cuidado deve ser ainda maior. Fomos criados por Deus dessa forma, para vivermos todas as fases. Os que saltam, sobrevivem, mas parecerá sempre que falta alguma coisa.

Há famílias que agindo sem conhecimento empurram seus filhos para outras fases antes da adolescência. Possuidores de uma situação financeira boa, reconhecidos na sociedade, tendo uma vida bem confortável, eles pareciam uma família saudável. A enfermidade sabe e muito bem se disfarçar na normalidade. A família estava doente e os efeitos eram sentidos no péssimo relacionamento entre os cônjuges que publicamente tentavam ao máximo disfarçar - e na questão da maternidade exercida pela filha mais velha. O pai era provedor. A mãe mostrava-se carinhosa, atenciosa e cuidadosa, mas compartilhava dessa responsabilidade com a filha, que recebeu essa missão e cumpriu o que a mãe queria quando nem ela mesma era capaz. Com o tempo a filha passou a ser a "mãe" dos irmãos e dos próprios pais. Ela ocupou o lugar, passou a desenvolver a função, fazia o que deveria ser feito pela mãe. Com menos de 15 anos assumiu esse papel. Deixou de viver sua adolescência. Pulou essa fase e foi forçada a amadurecer, pois alguém precisava tomar conta de todos - e esse alguém era ela. A crise do relacionamento dos pais resultou num divórcio. Aumentou muito mais o peso sobre ela. Com imenso desprendimento abria mão dos seus projetos para cumprir a sua função. Ela deu equilíbrio à família, mas não tinha onde apoiar-se. A sua intimidade com Deus foi fundamental para achar-se e buscar força, mas havia nela uma enorme carência de família que na sua própria, e nem com ajuda dela, ela conseguiu encontrar.

O período da adolescência pode ser dividido em quatro fases:

Pré-adolescência - 10 aos 11 anos;
Adolescência inicial- 12 aos 15 anos;
Adolescência média - 16 aos 18 anos;
Última adolescência - 18 aos 21 anos.

A partir dos 10 anos as características da adolescência começam a brotar, e algumas dessas são mantidas até os 21 anos e até mais. Não se pode limitar a adolescência por datas, há um movimento e um dinamismo incomparável. Entretanto, para fim de estudo, estipulamos esse período por ser o mais aceitável entre os especialistas. O trabalho com adolescentes deve começar mais cedo e prosseguir até mais tarde. Uma das áreas que nos interessa profundamente é a questão da fé na adolescência. Esse é o nosso próximo tema.

A adolescência, como vimos, é tempo de mudanças, transformações, novas necessidades e anseios. Isso também se aplica à vida espiritual. Muitos ministérios dirigidos para adolescentes e jovens relatam que essa é a fase do maior número de conversões. Eu mesmo fui convertido aos 14 anos. Trabalhando com adolescentes tenho visto muitas conversões, e mudanças genuínas, verdadeiras, que resultam em diferença para o resto da vida dos adolescentes. Conhecendo mais da questão da fé nessa faixa poderemos entender melhor esse aspecto e conseguiremos abordar melhor os adolescentes. Nosso alvo é a conversão de adolescentes e ajudá¬los a terem uma vida devocional saudável, equilibrada e fundamentada nas Sagradas Escrituras.

Afirmamos existir pelo menos quatro (4) fases na adolescência: pré -10 ou 12 anos; inicial-13 aos 15 anos; média-16 aos 18 anos; última-18 aos 21 anos. Observamos que, quanto àfé, não seguimos necessariamente o mesmo modelo. Há uma nova proposta, obedecendo formato de estágios, segundo Fowler (1992, pp. 103-177):

Estágio 1: Fé Intuitivo-projetiva
Estágio 2: Fé Mítico-literal
Estágio 3: Fé Sintético-convencional
Estágio 4: Fé Individual-reflexiva
Estágio 5: Fé Conjuntiva
Estágio 6:Fé Universalizante

Três desses estágios atingem diretamente o período da adolescência:

O estágio 2, Fé Mítico-literal, envolve crianças entre 6 e 11 anos. Nesse estágio, elas precisam da fé de outros para organizar seu mundo. Há uma procura na fé dos pais e líderes. Geralmente rituais, símbolos, músicas são importantes veículos para receber e expressar a fé. O predomínio do valor da música na verdade começa antes do nascimento. Já é provado que quando os pais cantam para seus filhos ainda em gestação, no decorrer de toda a vida existirão lembranças significativas das canções e isso gera segurança, tranqüilidade e carinho.

No estágio 3, Fé Sintético-convencional, há uma dependência da capacidade de pensar abstratamente. Parece ser necessário um envolvimento com outros para ajudarem no suporte da fé. A fé é trabalhada na perspectiva de relacionamentos. Nessa época, entre 12 e 17 anos, pode surgir a nossa imagem de Deus. Considere a importância do líder enquanto formador de opinião. Os relacionamentos fundamentados na Palavra de Deus resultarão em benefícios espirituais profundos. O estilo gregário dos adolescentes mostra-se mais forte e vibrante nesse estágio. Eles já desejam andar juntos, apenas precisamos trabalhar essa vontade criando alternativas inteligentes para formar relacionamentos fortes e espirituais. O Senhor Jesus sempre abordou-nos a partir do diálogo. Na maioria dos casos ele mesmo tomava a iniciativa da conversa e permitia-se se relacionar conosco. Comprova-se a importância de formarmos relacionamentos sólidos com os adolescentes. Na caminhada é que se forma o caráter cristão.

O estágio 4, Fé Individual-reflexiva, geralmente acontece na parte final da adolescência, a partir dos 18 anos. Há nesse estágio um bom questionamento da fé e de sua formação. Essa capacidade de reflexão resulta em posicionamentos firmes e fundamentação da fé. Tenho compartilhado sobre minha visão de Cabeças Pensantes e Corações Quebrantados. A Igreja necessita pensar. Essa é uma característica que Deus deu ao ser humano e somente nós podemos agir assim. Adolescentes que aprendem a refletir dão mostras de uma fé mais consistente e preparada para enfrentar os desafios crescentes, sobretudo na escola e universidade. Quem pensa a sua fé e consegue unir fé e reflexão tem mais chances de vencer os embates propostos pela vida. Não há como, nem se deve, estar o tempo todo com os adolescentes, não se pode acompanhá-Ios para responder por eles ou mesmo impedi-Ios de agir de uma forma que consideramos equivocada. Não se pode prever as situações que eles irão enfrentar. Entretanto, quando se aprende a pensar, muda-se a forma de encarar o todo. Partimos de princípios estabelecidos com base na Palavra de Deus e as decisões são assim tomadas. Quando se aprende a ler a Bíblia, ler mesmo, há toda uma base preparada para trilhar os mais diversos caminhos.

Os estágios da fé sinalizam como podemos trabalhar com adolescentes as questões espirituais. Cada um dos estágios tem suas características especiais. Para falar ao coração dos adolescentes é preciso identificar a fase em que estão, e assim poder cooperar efetivamente com eles.

Conheça os adolescentes. Somente conhecemos alguém se convivemos com ele. Invista tempo e amor nessa relação. Certamente o resultado será muito positivo. Eles estão à procura de modelos. A sua vida poderá ser um referencial para a deles. Veja como você vive, há alguém tendo você como inspiração de vida. Nessa época o mundo inteiro privilegia a imagem, e o testemunho é a imagem da nossa fé. Mostramos em quem cremos e como cremos, da forma como vivemos.

Relacionamentos sólidos e inspirativos podem servir de sinaleiros para que seja achado o caminho. Estabeleça vínculos e permita a aproximação deles. A sua vida pode ser uma grande bênção para que eles conheçam o maravilhoso e singular amor de Pai. O nosso Pai.

Boa parte dos adolescentes se sente marginalizada em suas próprias igrejas pelo simples fato de serem adolescentes. Onde está a essência dos relacionamentos na Igreja? Analise comigo dois textos bíblicos: João 20.19 a 23 e Atos 2.42 a 47. No primeiro encontramos relacionamentos firmados no medo. Os discípulos estão juntos, mas o que os aproxima é o temor de uma perseguição. Eles estão numa casa. As portas estão trancadas. Fechados para o mundo, voltados para si mesmos. Na verdade, cada um voltado para si. O Mestre se foi. Ficaram sozinhos. Apesar de juntos, ninguém faz companhia. Solitários não se acompanham. O medo era a companhia deles. Até que Jesus entra na casa e lhes oferece o que mais precisavam: "Paz seja convosco!"

No texto de Atos 2.42 a 47, os relacionamentos são firmados no Espírito Santo. As conversões alcançam milhares. São muitas e diferentes as pessoas. A perseguição é uma possibilidade muito grande. O perigo de morte é bastante possível, mas não supera a alegria, a paz e a comunhão. Estão juntos, mas sem medo dos judeus. Solitários no passado são companheiros no presente. Tão parceiros que têm tudo em comum. Nada é mais do indivíduo. Tudo é de todos. Todos são iguais.

Assim devem ser os relacionamentos na Igreja de Cristo. Não podem ser sustentados no medo, mas na bênção de sermos irmãos e irmãs em Jesus. Não há espaço para preconceito. Todos fazem parte do grupo. Excluídos são incluídos. No evangelho de Mateus 8. 1 a 15,Jesus exemplifica esse modelo. São três encontros. O primeiro com um leproso, que era marginalizado em razão de enfermidade. Os leprosos não faziam parte da sociedade, ficavam à margem e distantes dos relacionamentos. A Lei proibia tocar em um leproso, sob pena de ser considerado imundo. Assim eram chamados os leprosos, imundos. Jesus toca. O puro mantém-se puro e purifica o outro. Jesus o reintegra à comunidade. Em seguida, acontece o segundo encontro. Dessa vez com um centurião, marginalizado em razão da fé. Esse suplica a Jesus que cure seu criado e demonstra um grau tão profundo de fé que impressiona a Jesus, a ponto desse afirmar: "Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como essa". Jesus traz para perto o gentio. Aquele que sempre ficava de fora, de longe, agora é aproximado, vem para o aconchego do coração do Mestre. A sua fé é operante. O milagre acontece. O Senhor testemunha sobre aquele homem. O terceiro encontro é com uma mulher, a sogra de Pedro. Essa era marginalizada por razões sociais. Deixadas para trás, tratadas como objetos, nem contadas eram, as mulheres sempre participaram do ministério de Cristo. A sogra de Pedro, ardendo em febre, recebe o toque de Jesus. Diz o texto que, após ser curada, ela levantou-se e passou a servir a Jesus. A religião a mantinha longe, não lhe dava a chance de servir em igualdade. Jesus muda essa história, assim como a do centurião e do leproso. Na Igreja não há lugar para deixar fora.

O nosso relacionamento com Deus se reflete de algumas formas práticas: exclui-se a marginalização, excluem-se os privilégios e as barreiras sociais. A proposta de Cristo passa por uma sociedade reconciliada. Paulo afirma em Gálatas 3.28, que: "... nem judeu, nem grego...", "... nem escravo, nem liberto...", "... nem homem, nem mulher...", "... porque todos vós sois Um em Cristo Jesus."

Boa parte dos adolescentes se sente marginalizada em suas próprias igrejas pelo simples de fato de serem adolescentes. Muitos são tratados como barulhentos, agitados e que conversam durante todo o culto. Em alguns casos é verdade. Mas também é verdade que muitos cultos são longos, prolixos e a linguagem de muitos pregadores é distante do que podem compreender.

Jesus sempre soube trazer os mais diferentes para perto dele. Assim devem agir os líderes hoje. Não podemos admitir alguém chamando adolescente de aborrecente. Nada mais aborrecedor que uma palavra dessa. Gente assim tem a capacidade de afastar adolescentes, enquanto o mundo investe mundos e fundos na conquista desse grupo. Igreja é onde há integração. Onde se traz para dentro e se pode juntar. Onde não se deixa de fora, porém traz para perto.

Olhe na sua Igreja onde estão os adolescentes em relação ao campo de atividades e decisões. Observe se estão incluídos ou apenas estão sendo contados. De quais atividades importantes da comunidade eles tomam parte? Vá buscá-Ios e traga-os para dentro. Permita que façam parte dos projetos hoje. Invista neles. Assim sendo, desenvolverão sadios e integrados socialmente e darão muitos frutos para a glória de Deus.

Ensine a Bíblia, acredite que nela está a resposta para as perguntas da adolescência. O que de mais importante devemos ensinar aos adolescentes é a Bíblia. Chamamos nossa escola dominical de bíblica. Há professores que hesitam ao ensinar a Bíblia. Alguns chegam a disfarçar as Sagradas Escrituras. Talvez pensem que o adolescente não quer estudar a Bíblia e assim partem para uma temática mais ampla, algumas vezes distante do ensino bíblico. Dessa forma roubam do adolescente o que de mais precioso eles precisam. O profeta Isaías registra o Senhor dizendo: "... assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei" (Is 55.11). A Palavra do Senhor jamais volta vazia. A nossa volta.

Desenvolva todos seus estudos a partir da Bíblia. Debata sobre os mais diversos temas, mas jamais perca a referência. A Bíblia é a nossa regra de fé e prática, jamais negocie esse princípio. Lembre que o Evangelho é o poder de Deus e, se os adolescentes precisam de impacto, a Palavra é a melhor resposta.

Um dos basilares da Reforma Protestante do século 16 é o "Sola Scriptura". Essa foi uma das conquistas dos reformadores. Voltar à Bíblia, estudá-Ia com seriedade, abre as portas para se descobrir de fato quem é Deus e qual sua vontade para nossa vida.

Cuidado com as pesquisas sobre o que os adolescentes querem estudar. Geralmente o resultado das pesquisas reflete o que eles querem estudar. Priorize o que eles precisam estudar. Acredito ser fundamental ouvi-Ios, receber deles o retorno, mas a escola bíblica é o lugar da cura e nem sempre a gente deseja o remédio. Ensine a Bíblia, acredite que nela está a resposta para as perguntas da adolescência. Parece-me óbvio que para se ensinar a Bíblia é preciso conhecê-Ia e vivê-Ia. Talvez essa seja uma das razões para alguns fugirem dessa responsabilidade. Muitos lançam essa oportunidade aos pastores. Sempre aconselho que, se você não sabe a Palavra, aprenda primeiro e depois ensine. Sente-se nos bancos da escola bíblica antes de assumir.
Rev. Haveraldo Ferreira Vargas Júnior

Secretário Geral do Trabalho da Adolescência (2006-2010)
Igreja Presbiteriana do Brasil

 
Usado com permissão

4 de setembro de 2010

A Primeira Pedra

  Era uma festa religiosa. O povo de Deus espalhado por toda a Judeia saía de suas casas para adorá-lo. A cidade de Jerusalém estava lotada. Não havia hospedagem para todos. E muitos peregrinos armavam suas tendas para poder participar desse momento de encontro com Deus.
   Só que no meio da busca por Deus, ainda há a natureza pecaminosa que insiste em se rebelar contra o Criador. Os dois se olharam. Foram atraídos. Hormônios clamaram. Ficaram cegos pelo desejo. Não atinaram para as consequências. Queriam apenas satisfazer a libido. Entraram na tenda para dar vazão à paixão. Enquanto praticavam o ato, o marido chega e apanha a esposa em flagrante adultério. 

   Ele não hesita. Leva-a para o templo para que o Sinédrio julgasse o caso. O delito foi a quebra do sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Ex 20.14). A pena era a morte: “Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera” (Lv 20:10). O modo de execução poderia ser o apedrejamento (Dt 22.22-24); no tempo se Jesus havia se tornado a prática.
   Enquanto isso, Jesus ministrava no templo. Os fariseus não sabiam o que fazer para se livrar dele, pois as pessoas queriam ouvi-lo e o consideravam, no mínimo, um profeta. Nesse contexto, a polícia do templo traz a mulher. Deveria ser julgada pelo Sinédrio, mas disseram: “vamos ver como Jesus julgará o caso?”
   A mulher fica de pé no meio da multidão. Jesus estava sentado, escrevendo com o dedo no chão, e lhes disseram: "Na Lei que Deus havia dado por intermédio de Moisés, tais mulheres deveriam ser apedrejadas – e Tu o que dizes?" (Jo 8.4-5).
   Dependendo da resposta, Jesus poderia ser culpado de desobedecer a Lei de Deus ou a lei de Roma, e, assim, ficaria desacreditado perante o povo. Jesus continuou escrevendo com o dedo no chão, sem dar resposta; eles insistem: “Mestre, que devemos fazer com essa mulher?” Qual seria a resposta de Jesus? Ninguém poderia ter dado uma resposta tão sábia e graciosa: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”. (Jo 8.7).
   Cada um reconhecendo suas próprias faltas e pecados, inclusive os religiosos que eram os acusadores e deveriam ser os juízes da mulher. Do mais velho ao mais novo cada um jogou sua pedra no chão e saiu, ficando a mulher sozinha com Jesus. Somente Ele poderia atirar a pedra, mas não o fez. Sua primeira vinda não foi para condenar, mas para salvar (Jo 3.17).
   O grande fato da realidade humana é que todos nós nascemos em trevas, pecadores por natureza. Jesus foi fantástico na sua resposta, mostrando (1) a depravação dos religiosos com sua hipocrisia e (2) a depravação da mulher que era casada e traía o marido (ou noivo).
   O pastor puritano Matthew Henry aplica a resposta de Jesus de forma magistral: “a) Quando encontrarmos faltas em outros, devemos refletir sobre nós mesmos, e sermos mais severo contra o pecado em nós do que nos outros; b) Devemos ser favoráveis, não ao pecado, mas às pessoas, e tentar restabelecê-las com espírito de mansidão e entendermos a nossa própria natureza corrupta. Nós somos, ou já fomos, ou podemos ser o que ele é; c) Ao contemplar o pecado dos outros devemos olhar para nós mesmos e conservar-nos puros.”
   Cuidemos para que não sejamos como aqueles acusadores, com pedras nas mãos, prontos para julgar e condenar. Pois devemos entender que somos como a mulher adúltera, um(a) pecador(a). Diante de Jesus, à luz da sua Divindade e glória, somos todos carentes da sua graça e misericórdia.
   No entanto, Jesus de forma alguma é conivente ou apoia o pecado. Mas, como Deus, age com misericórdia com aqueles que se arrependem (Pv 28.13). Por isso, finaliza com a seguinte palavra de exortação à mulher: “vá e não peques mais”. Deus perdoa aqueles que se arrependem, mas deseja que não se cometa mais o erro. Enquanto tivermos vida nesse mundo, e nos arrependermos dos nossos pecados, Deus nos dará uma segunda chance. “A misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tg 2.13b)
Pr. Robson Santana

18 de agosto de 2010

Não seja cúmplice da corrupção



Em 1940 o escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942) mudou-se para o Brasil. Nesse mesmo ano percorreu todo o país e no ano seguinte escreveu o livro Brasil, país do futuro. Já se passaram mais de 7 décadas e esse país previsto por Zweig ainda não chegou. Ao analisar as potencialidades que esta grande nação tem era para se chegar à mesma conclusão. 

O Brasil tem mais de 8.000 km de costas marítimas, éramos para ser uma das maiores potências em termos de mercado pesqueiro. Ainda recentemente, por exemplo, nos tornamos auto-suficientes na produção de petróleo. Temos um solo muito rico. Somos um dos maiores exportadores de grãos, como soja, trigo e milho. Um dos maiores exportadores de carnes, seja bovina, suína, avícola, etc. Produzimos uma das maiores riquezas em termos de produção de bens e serviços por ano, ou seja, somos um dos maiores Produto Interno Bruto (PIB) do mundo.

Creio que o autor do livro Brasil, país do futuro também percebeu as potencialidades em termos da produção de riqueza, e disse “esse país tem tudo para crescer e se desenvolver”. Mas, por que o futuro previsto para o Brasil ainda não chegou? Quero dar a minha modesta contribuição, na minha limitada visão da nossa nação no presente, olhando também para o passado, e dizer que o Brasil não é o país do futuro porque é o país da corrupção!

Boa parte (entenda-se a maioria) dos políticos brasileiros não está muito interessada no crescimento real da nação. Num crescimento que gere distribuição de renda. Em que as camadas mais pobres e miseráveis possam de fato participar com melhoria de qualidade de vida. Por quê? Porque em primeiro lugar vêm os seus projetos pessoais. Seja realização pessoal de assumir algum cargo importante, seja enriquecer ilicitamente da forma mais rápida possível. No Brasil a corrupção corre solta aos olhos de toda a nação e chega-se a terrível conclusão que não acontece nada (nem se vai preso, nem se devolve o dinheiro roubado). É a corrupção e o desinteresse que perpetuam a situação de caos social por qual passa o Brasil.

Por que falo sobre isso? Não somente por causa da proximidade das eleições, mas porque há muitos crentes envolvidos na política com os mesmos interesses pessoais e egoístas dos ímpios que não temem a Deus. Infelizmente há irmãos que não percebem (ou não querem perceber) que seu apoio irrestrito e até apaixonado a candidatos que fazem campanhas caríssimas com dinheiro do povo - os quais vêem os cargos por eles pretendidos como fonte de enriquecimento fácil e rápido - como algo normal.

Deus nos deixa bastante claro em Sua Palavra: E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Efésios 5:11). O crente em Cristo Jesus não deve participar do sistema opressor da corrupção que está tão às claras ultimamente. Deus está dizendo: “não sejam cúmplices”! O verbo correspondente a “sejais cúmplices”, no original bíblico está no imperativo, ou seja, Deus nos diz “não participem juntos”, “não se associem”, “não compartilhem” das obras das trevas. As obras das trevas referem-se a esfera do domínio de satanás e dos demônios! 

É evidente por que a Bíblia diz para não sermos cúmplices (participantes, envolvidos) com esse tipo de coisas. Porque agora somos “luz no Senhor”, “filhos da luz” (Ef  5.8). Na verdade, os filhos da luz devem reprovar, rechaçar, combater, denunciar, as obras das trevas, dentre as quais a corrupção. O filho da luz gera o fruto da luz: “toda bondade, e justiça, e verdade” (Ef 5:8).

Deve-se participar da boa política com interesse público, mas não ser cúmplices das obras das trevas, co-participantes da corrupção e do assalto aos cofres que é do povo por direito. No aspecto espiritual é preciso lembrar que os corruptos não herdarão o reino dos céus: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: [...] nem ladrões, nem avarentos, [...], nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Coríntios 6:9-10).

Robson Rosa Santana


15 de agosto de 2010

Confusão na igreja evangélica

Estamos confusos. Estamos com dúvida do que seja ser cristão, do que é a igreja e como devemos nos envolver com parte dela (sendo igreja, melhor dizendo). Pergunto a você: o que significa ser cristão? Há vários líderes que dizem não serem mais evangélicos, por causa do caos no mundo evangélico. Querem ser apenas cristãos, mas, repito, o que é ser cristão? Ou sendo mais específico: qual a implicação se ser cristão e ser igreja de Cristo?
Ser cristão no passado significava ter uma vida verdadeiramente transformada por Jesus, ser habitado pelo Espírito Santo e ser obediente a Deus de todo o coração. Quando pecava, havia grande tristeza, arrependia-se e pedia perdão a Deus, buscando novo compromisso e fidelidade.
Muitos crentes hoje não têm a Bíblia como sua única regra de fé e prática. Agora virou um negócio chamado “eu senti no coração”, “senti de Deus”; mesmo que esse tal de “senti de Deus” seja contrário à revelação de Deus. Outro dia um pastor me falou que uma ovelha solteira, encontrou com um rapaz não crente no ônibus e começaram a conversar. No decorrer do bate papo houve uma identificação das histórias sentimentais, por fim, a “química”. Apaixonaram-se e depois a jovem disse que era Deus que estava confirmando aquele relacionamento. Pouco tempo depois casaram e pouco tempo depois entraram em crise e queriam separar. O que a Bíblia fala sobre isso? Case somente no Senhor (1 Co 7.39). Não se compreende mais o que é casamento e o compromisso diante de Deus entre os cônjuges.
Mais exemplo da confusão. A revista Época de 07/08/2010 retrata a crítica de muitos líderes evangélicos especialmente às más influências teológicas e morais das igrejas neopentecostais. Mostrando que há campanha, não organizada, mas contundente, de pastores de igrejas mais tradicionais contra as heresias, a ênfase no aspecto material e financeiro e a corrupção moral e financeira dos líderes e políticos “crentes”.
Quanto à tal da nova reforma protestante proposta por tais líderes deve servir de profunda reflexão para nós e muita coisa está correta. Mas não devemos engolir tudo sem uma devida análise e comparação com o que a Bíblia diz (1 Ts 5.21). Pois ser cristão é acima de tudo seguir ao Deus revelado na Palavra e viver em conformidade a essa mesma Palavra. Pois se não for assim, conclui-se que Deus é um ser contraditório. Ele fala uma coisa na Bíblia e depois fala outra ao nosso coração.
Devemos repensar a questão do institucionalismo da Igreja como uma agregação de coisas que não refletem a simplicidade do Evangelho registrado na Bíblia, mas não podemos desconstruir tudo que há nas igrejas por simples novidade ou modismo.
Muitos acham que os líderes centralizam o poder, e propõem uma descentralização, destituindo todo tipo de autoridade na Igreja. Porém foi Deus quem instituiu os líderes e continua chamando os seus para a edificação do restante da Igreja – e edificando-se mutuamente, é claro - para que assim desempenhem o seu serviço na igreja e como igreja, para a glória de Deus (Ef 4.7-16).
Os apóstolos e presbíteros de Jerusalém exerciam assim o seu chamado como líderes sob a autoridade concedida por Deus. Quando a graça de Deus chegou a Samaria por meio de Filipe, aquele conselho envia apóstolos para analisar o que de fato acontecia. Quando o evangelho chega a Antioquia, foram enviados Barnabé e Paulo para supervisionar o que ocorria entre os gentios. Quando a situação dos cristãos judaizantes complicava a vida cristã dos irmãos gentios, foi convocado o concílio de Jerusalém para analisar e decidir sobre a questão. Isso feito, prepararam um documento e delegados foram enviados para dar conhecimento da decisão, devendo, assim, ser cumprido por aqueles irmãos.
Concluo dizendo que devemos repensar como ser igreja no mundo pós-moderno que vivemos hoje. Devemos abolir tradições humanas que tornam a igreja irrelevante para nosso tempo, mas não podemos deixar de ver com os óculos da Palavra de Deus o que vem a ser a vida cristã, o que é Igreja e como deve ser sua relação com mundo ainda não alcançado com o evangelho da salvação.
Deus nos ajude,

Robson Rosa Santana

Use com permissão: rrsantana@hotmail.com ou na parte de comentários

13 de agosto de 2010

Introdução e Teologia de Atos

1. INTRODUÇÃO AO LIVRO DE ATOS

1.1. A Importância do Livro
O livro de Atos serve como uma ligação entre os evangelhos e as epístolas. Sua importância jaz no fato de que se Atos não tivesse sido escrito não teríamos quase nenhum dado acerca da Igreja Primitiva, teríamos apenas alguns insights das epístolas paulinas.
Atos não foi escrito do ponto de vista de um analista que observa fatos sequenciados, como semana após semana, ou dia após dia, mas do ponto de vista de um escritor que abre janelas e dá vívidos relatos de eventos e personalidades de uma época.
Lucas constrói uma ponte entre seu Evangelho e Atos (Lc 24.50-53). No final do Evangelho os discípulos são deixados no templo louvando a Deus. Em Atos, Lucas retoma a história e explica o que aconteceu depois. Como diz W. W. Wiersbe, “imagine quão confuso você estaria se, na leitura de seu Novo Testamento, você abrisse na última página de João e descobrisse – Romanos! ‘Como a Igreja chegou a Roma?’ Você se perguntaria! E a resposta é encontrada no livro de Atos”.[1]

1.2. Autoria
Há várias evidências de que o autor de Atos foi Lucas. Comecemos pelas evidências externas. Das afirmações mais antigas acerca da autoria de Atos as que sobreviveram foram, principalmente, as da segunda metade do século II d.C. O Prólogo anti-Marcionita de Lucas (c.160-180) relata Lucas como o terceiro evangelista e acrescenta também que ele é o autor de Atos dos Apóstolos. O Fragmento Muratoriano (c. 170-200) também afirma ser Lucas o autor da obra Lucas-Atos. Irineu menciona explicitamente que Lucas é o autor do Evangelho e de Atos em Adu. haer. iii. 1; 14 etc. Clemente faz o mesmo em Strom. v.12 e Adumbr. in  1 Pet. Tertuliano (Adu. Marc. iv. 2) e Orígenes (ap. Eusébio, História Eclesiática, vi. 25) ao defender a autoria de Lucas para o terceiro Evangelho, consequentemente o faz para o livro de Atos. Como escreve F. F. Bruce, “nós podemos continuar a acrescentar o testemunho de Eusébio e Jerônimo, mas é suficiente dizer que de c. 170 em diante a opinião consensual de todos que escreveram sobre o assunto é que o autor das obras ad Theophilum foi ‘Lucas, o médico amado’ de Cl 4.14”.[2]
Quanto às evidências internas, o livro de Atos não diz quem é seu autor. Mas, como já foi dito acima, desde os tempos mais antigos Lucas foi reconhecido como tal. Não se sabe muito a respeito dele, a não ser em três referências das epístolas paulinas (Cl 4.14; Fm 24, 2 Tm 4.11). Destas três referências pode-se chegar a três conclusões a cerca de sua pessoa. (1) Lucas era um médico; (2) foi um dos ajudadores mais valiosos de Paulo, pois esteve em sua companhia no seu último aprisionamento. (3) Deduz-se que Lucas era um gentio. Segundo Barclay, “Colossenses 4.11 conclui uma lista de menções e saudações daqueles que são da circuncisão, isto é, dos judeus; o verso 12 começa uma nova lista e naturalmente concluímos que a nova lista são de gentios”.[3]
Depois dessa breve descrição da pessoa de Lucas, vemos que no texto de Atos, a partir do cap. 16, aparecem passagens escritas na 1a pessoa do plural, “e a explicação mais plausível delas é que provêm da pena dalgum companheiro de Paulo, e que foram incorporadas em Atos sem mudança de estilo, porque o autor desta origem documentária foi o próprio autor do Livro”.[4] Algumas outras pessoas foram companheiras de Paulo quando esteve na prisão, tais como Timóteo e Aristarco, mas Lucas sobressai como o nome mais óbvio.

1.3. Destinatário
O livro de Atos é endereçado à mesma pessoa do evangelho de Lucas, a Teófilo (1.1).  Segundo Carson, Moo e Morris[5] e a introdução a Atos da Bíblia de Estudo de Genebra, provavelmente Teófilo foi um patrocinador de Lucas. Alguém que tinha recebido instrução cristã (Lc 1.4) e agora estava provendo sustento para pesquisa e escrita dos dois livros, do mesmo modo como outros historiadores tiveram patrocinadores. Por exemplo, Josefo foi patrocinado por Vespasiano e Tito, além de outros beneficiadores como Epafrodito[6].
Mas há outras suposições, uma vez que no texto bíblico não dá nenhuma explicação de quem seja Teófilo. A primeira é que Teófilo não seria um nome real. Pois naqueles primeiros dias era perigoso ser cristão. O nome Teófilo provém de duas palavras gregas, Theos, que significa Deus, e philein, que significa amar. E é possível Lucas ter escrito o livro para ‘alguém que ama a Deus’ ou ‘amigo de Deus’, cujo nome verdadeiro não foi usado por causa do perigo que poderia advir.
Há também a suposição, que parece a mais convincente, é que Teófilo era um importante oficial do governo romano. Chega-se a essa conclusão pelas palavras que Lucas usa em Lc 1.3, “excelentíssimo Teófilo”, que realmente significa “sua excelência”, e comparando com outros textos de Atos que foram usados para pessoas do alto escalão romano, como, por exemplo, “o excelentíssimo governador Félix” (23.26 e 24.3), o “excelentíssimo Festo” (26.25). Sendo Teófilo um alto oficial do governo, “talvez Lucas escreveu o livro para mostrar-lhe que o cristianismo era uma coisa amável e que os cristãos eram pessoas boas e finas”.[7] Poderia também ter sido escrito como uma defesa do cristianismo para persuadi-lo a não perseguir os cristãos.

1.4. Propósito
Lucas começa o livro de Atos reportando-se ao Evangelho, ‘o primeiro livro’. Diz que nesse primeiro livro relata as coisas que “Jesus começou a fazer e a ensinar” (1.1). Isso implica que no segundo livro é relatado aquilo que Jesus continuou a fazer após sua ascensão. Por isso o contraste entre os dois livros não se dá entre Cristo e a Igreja, mas entre os dois estágios do mesmo ministério de Cristo. “Assim, o ministério de Jesus na terra, exercido de forma pessoal e pública, foi seguido por seu ministério celestial, exercido através do Espírito Santo por intermédio dos seus apóstolos”.[8] Desse modo, o segundo livro de Lucas pode ser chamado ‘Atos do Cristo ressurreto’, ou ‘Atos de Cristo ressurreto através do Espírito Santo’, logo também poderia ser chamado de ‘Atos do Espírito Santo’.
Há alguns propósitos secundários no livro de Atos, tal como recomendar o cristianismo ao governo romano ou mostrar que o cristianismo era uma religião universal para todos os homens de todas as nações.[9] No entanto, o grande propósito de Lucas era mostrar a expansão do cristianismo, que teve início num canto da Palestina até alcançar a capital do Império Romano, de acordo com as palavras do Senhor Ressurreto em 1.8: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra”.
Um esboço básico, em seis estágios, seguindo o propósito do progresso do evangelho até chega a Roma, é o seguinte: (1) 1.1 – 6.7: relata a Igreja em Jerusalém e a pregação de Pedro; (2) 6.8 – 9.31: descreve a expansão do cristianismo na Palestina e martírio de Estevão, seguida pela pregação em Samaria;  (3) 9.32 – 12.24: neste trecho é relatado a conversão de Saulo, a Igreja em Antioquia e a entrada do gentio Cornélio na Igreja através da pregação de Pedro; (4) 12.25 – 16.5: descreve a expansão da Igreja pela Ásia Menor e pregação na Galácia; (5) 16.6 – 19.20: Lucas relata como a Igreja chegou na Europa e a obra de Paulo em grandes cidades gentias, como Efésios e Corinto; (6) 19.21 – 28.31: mostra a chegada de Paulo em Roma e sua prisão domiciliar. Finaliza com Paulo “pregando o reino de Deus e, com toda intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo”.
Cada um desses estágios finaliza com um relatório mostrando que a Palavra de Deus prevalecia e a Igreja crescia em número e no conforto e direção do Espírito Santo.

1.5. Data
Quando se analisa a data para o livro de Atos, percebemos que os estudiosos divergem. Três datas são sugeridas: antes de 70 d.C., 80 a 85 d.C. e 105 a 130 d.C. Não pretendo aqui trazer toda a discussão sobre os vários ponto de vista, mas ser o mais resumido e direto possível.
As duas datas mais recentes baseiam-se na hipótese de que o livro não foi escrito por Lucas, e que as informações a respeito de Teudas e Judas em Atos 5.36-37 são originárias das obras do historiador judeu Josefo (Antiguidades 18.4-10 e 20.97-98), escritos na segunda metade do século I. Mas o fato de Lucas citar um Teudas não quer dizer que seja o mesmo de Josefo, mas apenas um dos muitos revolucionários surgidos por causa da morte de Herodes, o Grande. Quanto ao Judas mencionado por Lucas, podemos usar o mesmo argumento de que Lucas não o cita derivado de Josefo, mas bem que poderia ser o contrário. Outro personagem bíblico que pensam que Lucas usou das fontes de Josefo, é o relato da morte do rei Herodes Agripa  I, em 44 d.C (At 12.19-22), por causa das semelhanças das palavras para descrever o evento, entretanto, ambos os relatos divergem consideravelmente.
Há algumas evidências no texto de Atos que nos levam a crer que o livro tenha sido escrito antes de 70 d.C., para ser mais preciso, antes de 64 d.C. (1) O livro termina com a prisão domiciliar de Paulo em Roma. Enquanto esperava pelo julgamento do imperador, Paulo tinha a liberdade para pregar o evangelho, uma coisa difícil de acontecer depois de 64 d.C., devido o incêndio de Roma por Nero, que colocou a culpa nos cristãos. (2) Atos não menciona a morte de Paulo, que parece iminente quando escreve a Timóteo (2 Tm 4). Sua morte se deu aproximadamente em 68 d.C. (3) Quase no final do livro, Lucas menciona o governo romano favorável ao cristianismo, coisa que mudou após 64 d.C., pelo motivo do primeiro argumento. (4) No texto de Atos Lucas usa algumas expressões de um cristianismo bem recente, por exemplo: “discípulo”; “o primeiro dia da semana”, que depois se torna o “Dia do Senhor” (Ap 1.10); “povo de Israel” (At 4.26), expressão que posteriormente compreenderia tanto judeus como gentios (Tt 2.14); o título mais antigo usado por Jesus de “Filho do Homem” (At 7.56).[10]

1.6. Fontes
Lucas pode ser considerado um dos maiores historiadores da Antiguidade.[11] Saber, então, de onde obteve as suas fontes é algo muito importante para o nosso presente estudo. As fontes de Atos podem ser classificadas em duas partes.
(1) Os capítulos 1 a 15. Nestes capítulos Lucas não teve conhecimento pessoal. Como sugere Barclay, Lucas tinha acesso a dois tipos de fontes. A primeira são os registros das igrejas locais. Talvez não tivessem sido escritos, mas essas igrejas tinham suas histórias. Por exemplo, o registro da Igreja de Jerusalém (At 1-5; 15-16); da Igreja em Cesareia (At 8 26-40 e 9.31-10.48); e da Igreja em Antioquia (11.19-30 e 12.25 – 14.28). A segunda refere-se às histórias em torno de grandes figuras da Igreja como Pedro, João, Felipe e Estevão. “Sem dúvida a amizade de Lucas com Paulo o colocaria em contato com os grandes homens de todas as igrejas e todos os seus registros e histórias estariam a sua disposição”.[12]
(2) Os capítulos 16 a 28. Esses capítulos revelam conhecimento pessoal, pois Lucas escreve na primeira pessoa do plural. Por exemplo, as seguintes passagens: 16.10-17; 20.5-16; 21.1-18; 27.1-28.16. Desse modo, os textos em que aparece o pronome “nós” explica que o autor estava com Paulo nesses momentos. Há estudiosos como Dibelius[13] e Barclay[14] que crêem que Lucas tinha um diário das viagens que fez na companhia do apóstolo, o que chamam de fonte de “itinerário”. Além desse testemunho ocular, Lucas pode ter coletado mais  informações durante o tempo que gastou com Paulo na prisão. Então, o fato de ser testemunha ocular, junto com outras anotações e o contato bem próximo com Paulo, explica claramente as fontes de Atos 16-28.


2. TEOLOGIA DE ATOS

Como foi dito acerca do propósito do livro Atos, não havia da parte de Lucas uma intenção de escrever a respeito da teologia da igreja cristã ou algo parecido, a exemplo das epístolas que trazem no seu bojo as doutrinas da fé cristã. No entanto, Lucas ao escrever sobre a expansão do cristianismo de Jerusalém, capital da Judeia, a Roma, capital de todo o império, não poderia deixar de registrar a teologia dos apóstolos, e outros discípulos, em suas pregações acerca da salvação, da igreja e assuntos afins. Desse modo, podemos resumir a teologia de Atos da seguinte forma:

2.1. Continuação da história da salvação
Segundo I. Howard Marshall, “a história registrada em Atos é considerada uma continuação dos atos poderosos de Deus registrados no Antigo Testamento e do ministério de Jesus[15]. Por exemplo, (1) os eventos em Atos são a realização dos propósitos de Deus (At 2.23; 4.27-29); (2) a vida da igreja era o cumprimento das Escrituras do Antigo Testamento, especialmente as profecias com relação ao derramamento do Espírito e a pregação do evangelho (2.17-21), a missão aos gentios (13.47) e a sua entrada na igreja (15.16-18), até mesmo a rejeição dos judeus para com o evangelho de Jesus, o Cristo, foi cumprimento profético (28.25-27).
“Ao proceder dessa maneira”, diz Carson, Moo e Morris, “Lucas deu a Teófilo (...) uma certeza de que a fé está firmemente alicerçada nos atos de Deus na História e de que a mensagem em que cremos é a mesma mensagem enviada da parte de Deus”.[16]

2.2. A missão e sua mensagem
Um resumo do conteúdo do livro de Atos pode ser as palavras de Jesus: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra” (1.8). O livro relata o desejo de Deus de que a mensagem salvadora chegasse a todos os cantos da terra. E para que essa mensagem salvadora alcançasse o mundo era preciso realiza a missão de se ir até esses lugares. Isso não quer dizer apenas aspectos geográficos, mas onde houvesse gente, o evangelho deveria chegar. Ou seja, temos em Atos uma Teologia de Missão, e essa Missão não se cumpriu ainda. Essa foi a responsabilidade da igreja primitiva, com os apóstolos e os irmãos em geral, e essa é a responsabilidade da Igreja de todos os tempos.
Envolto na realização da missão de pregação do evangelho a toda terra, infere-se que existe uma mensagem para proclamar. Não eram as idéias ou conceitos criados pelo gênio humano que deveriam nortear a mensagem acerca da salvação. Jesus disse: “sereis minhas testemunhas”. Os crentes em Jesus deveriam ser testemunhas dele em dois aspectos. Enviados por ele e para falar dele. Ele é o sujeito e o objeto da mensagem missionária da igreja. Embora o livro narre a expansão da palavra de Deus, não nos é dado detalhes teológicos e profundos sobre como a pessoa de Jesus salva. Apenas nos é dito que ele é o salvador e quem cresse nele seria salvo (ver, por exemplo, Atos 16.31). Conforme Marshall:

Não fica claro em Atos de que modo Jesus funciona como Salvador, não se faz uma ligação muito estreita entre a Sua morte e a possibilidade da salvação (a não ser em 20.28), e obtém-se a impressão de que, realmente, foi por virtude de ter sido ressurreto dentre os mortos e exaltado pelo Pai que Jesus recebeu a autoridade para outorgar a salvação e levar a efeito os Seus atos poderosos na igreja. É, portanto, a ressurreição e a exaltação de Jesus que permanecem no centro da pregação em Atos[17].

2.3. O crescimento da Igreja mesmo em face da oposição
A oposição à continuação da obra salvadora de Deus na história começa no primeiro momento, ou seja, quando a Igreja (os apóstolos e outros discípulos) recebe o poder do Espírito para capacitá-los a cumprir sua missão. No mesmo dia de Pentecostes, cheios do Espírito, começaram a zombar deles (At 2.13); passa pela perseguição religiosa do Sinédrio (At 4.15-18; 6.8-15); Tiago foi assassinado por ordem do rei Herodes (At 12.1-2); Pedro também foi preso, mas Deus o livrou (At 12.3-11). O apóstolo Paulo e seus cooperadores também sofreram muita oposição e perseguição, mas foram perseverantes e continuaram a proclamar as boas novas de salvação e o evangelho crescia e se multiplicava.

2.4. A vida e a organização da Igreja
Pode-se resumir a vida de adoração da igreja primitiva da seguinte forma: (a) pequenos grupos – os cristãos se reuniam diariamente no templo e na casa uns dos outros e realizavam assim os propósitos fundamentais da igreja em todos os tempos, ou seja, doutrina (instrução), comunhão, ação social, adoração e evangelização (At 2.42-47; 4.32-37). (b) A estrutura da liderança -  os primeiros líderes, os apóstolos, foram escolhidos diretamente por Cristo, mas as outras funções de liderança, em termos de autoridades sobre os outros, dava-se por meio da escolha dos crentes, ou seja, pela comunidade. Assim surgiram os diáconos (At 6) e também os presbíteros, que também podem ser chamados de pastores ou bispos, pois exercem a mesma função de supervisão e cuidado do rebanho. (c) A obra missionária – nunca ocorria individualmente, assim como Jesus enviou os setenta de dois em dois, os apóstolos também faziam o mesmo, até mesmo com equipes de três ou mais integrantes. A estratégia da expansão da igreja por todo o império se deu especialmente com Paulo e seus companheiros e “o estudo pormenorizado da narrativa demonstra que, na realidade, Paulo passava períodos consideráveis de tempo nos importantes centros populacionais”[18] e, assim, surgiram igrejas fortes e outras não tão fortes assim, mas que na verdade deram prosseguimento à expansão da fé cristã por todo o mundo até os nossos dias.
Em relação à simplicidade da adoração na igreja primitiva, Adam Clarke diz que

É digna de atenção e admiração particular. Aqui não há cerimônias caras: nenhum aparato calculado meramente para impressionar os sentidos e produzir emoções no sistema animal, “para ajudar”, como tem sido tolamente dito, “o espírito de devoção”. O coração é o lugar  no qual este espírito de devoção é despertado; e o Espírito de Deus exclusivamente é o agente que comunica e mantém o fogo celestial; e Deus, que conhece e sonda este coração, é o objeto de sua adoração, e a única fonte de onde espera-se a graça que perdoa, santifica e torna-o feliz. [19]

2.5. A Dinâmica do Espírito
Creio que o fio condutor de todo o livro de Atos (bem como da história da Igreja) é o Espírito Santo de Deus. Os discípulos foram ordenados a permanecerem em Jerusalém até que fossem revestidos com o Espírito enviado pelo Pai e pelo Filho e desse modo fizeram. Somente com o derramamento do Espírito no dia de Pentecostes Jesus continuou a fazer as suas obras por meio da igreja. É o Espírito quem dá a tônica de toda a obra missionária, ou seja, é o Espírito Santo o consumador da obra de salvação ao mundo. Conforme Marshall,
O Espírito é a possessão que todo cristão tem em comum, a fonte da alegria e poder, e os líderes cristãos são pessoas que estão especialmente cheias do Espírito a fim de cumprirem suas várias funções. O Espírito guia a igreja na sua escolha dos líderes e na sua atividade evangelizadora, e isto de tal forma que Atos ás vezes tem sido descrito como o livro dos “Atos do Espírito Santo”.[20]



Pr. Robson Rosa Santana
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL


* Reprodução autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e a fonte como: http://www.e-missional.blogspot.com  e comunicada sua utilização através da parte dos comentários ou e-mail: rrsantana@hotmail.com


  
NOTAS

[1] W.W.Wiersbe, Be Dynamic (Acts), Wheaton: Victor Books, 1987, p. 2. todas as traduções são de minha autoria.
[2] F. F. Bruce, The Acts of Apostles: the greek text with introduction and commentary, Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, p. 1.
[3] William Barclay, The Acts of the Apostles, Philadelphia: Westminster, 1955, xiv.
[4] I. Howard Marshall, Atos: introdução e comentário, São Paulo: Vida Nova, 1982,  p.43.
[5] Introdução ao Novo Testamento¸ São Paulo: Vida Nova, 1997, p.220.
[6] Bíblia de Estudo de Genebra, Moisés Silva, editor do Novo Testamento, São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, p. 1269.
[7] Barclay,  The Acts of the Apostles, p. xv.
[8] John Stott, A Mensagem do Novo Testamento, São Paulo: ABU, 1990, p.30.
[9] Para um melhor desenvolvimento desses pontos, veja Barclay, The Acts of the Apostles, p. xvii-xviii.
[10] Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1269.
[11] Bruce, The Acts of the Apostles, p. 15-18.
[12] Barclay,  The Acts of the Apostles, p. xix.
[13] Citado por Carson, Moo e Morris, em Introdução ao Novo Testamento, p. 227.
[14] Barclay,  The Acts of the Apostles, p. xix.
[15] Marshall, Atos, p. 21.
[16] Carson, Moo e Morris, Introdução ao Novo Testamento, p. 239.
[17] Marshall, Atos, p. 23.
[18] Marshall, Atos, p. 31.
[19] Adam Clarke, John through ActsAlbany (USA): AGES Software, Version 1.0, 1997 (CD-Rom).
[20] Marshall, Atos, p. 31.