“Tradição é a fé viva dos que já morreram e
tradicionalismo é a fé morta dos que ainda vivem” (Jaroslav Pelikan)
Um dos maiores
perigos da nossa fé é cair num tradicionalismo morto, e talvez mais difícil
ainda é perceber se nós mesmos entramos nele. Os autores bíblicos do Antigo
Testamento, inspirados e orientados por Deus, falaram por diversas vezes do
perigo de se abandonar a Ele seja por meio do esquecimento daquilo que Ele é e
tem feito pelo seu povo ou simplesmente pelo mero formalismo morto.
“O Senhor disse: Visto que este povo se
aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu
coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos
de homens, que maquinalmente aprendeu” (Isaías 29.13). Essa expressão de fé em
Deus de modo mecânico não ocorre de uma hora para a outra. Em alguns casos se
manifesta numa segunda geração de famílias que fazem parte do povo da aliança.
No livro O Universo ao Lado, que fala sobre como
filosofias e religiões expressam sua cosmovisão da vida pessoal, do universo e
de Deus, e como essas percepções de mundo são compartilhadas até mesmo para
maioria da humanidade, tornando assim o “espírito de uma época” (zeitgeist), James W. Sire considera a
reação de pensadores cristãos à religiosidade morta de seus dias. Embora eles
não tenham permanecido firmes na ortodoxia bíblica, descambando para um
existencialismo teísta, ou liberalismo teológico, negando verdades como a
veracidade das histórias da Bíblia ou negando os milagres, dentre outros pontos
essenciais da fé, eles propuseram um teste que quero que reflitamos juntos.
Vamos ao teste. Como
você lida com o pecado: como a quebra
de uma regra ou a traição de seu relacionamento com Deus? Com relação ao arrependimento: você simplesmente admite
a culpa ou sente uma profunda tristeza por ter adulterado sua relação com Deus?
Você vê o perdão como a suspensão da
pena ou a renovação da amizade? E a fé,
é a crença em um conjunto de proposições ou o comprometimento com uma pessoa,
ou seja, com o Deus trino? E por fim, sua vida
cristã é a obediência de regras e mandamentos ou uma forma de expressar
toda sua gratidão a Deus? (Sire, 2010:167).
Se suas respostas tenderem para a primeira
parte das perguntas, isso revela a ênfase em um relacionamento com Deus de modo
impessoal ou despersonalizado. No entanto, se você concebe o pecado como trair
Deus; o arrependimento como um sentimento de pesar por causa dessa traição; o
perdão como uma reconciliação com o Deus santo; a fé como um compromisso
radical; e a vida cristã como um estilo de vida grato por tudo que Ele fez, faz
e fará, você está no caminho da fé viva, verdadeira e relevante.
Lembremos sempre que Deus é tão gracioso
que mesmo que a nossa religiosidade seja legalista, morta ou impessoal, Ele
insiste: “continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra
maravilhosa e um portento...” (Is 29.14a).
Pr. Robson Santana
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
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