Jesus havia falado no
texto anterior sobre a atitude externa quanto ao dinheiro e seu uso, bem como
sobre a impossibilidade de servir a Deus e aos bens materiais. Mais uma vez os fariseus não aprenderam com Jesus, pelo contrário, zombaram dele, pois eram avarentos.
Aparentemente serviam a Deus, mas sua devoção maior era ao dinheiro. Jesus
havia colocado o dedo na ferida deles.
Três
lições preciosas temos nesse texto:
1)
NÃO PODEMOS CONFIAR EM NÓS MESMOS PARA A SALVAÇÃO (15)
“Mas Jesus lhes disse: — Vocês são os que se
justificam diante dos homens,”
Há muitas pessoas que são de determinada tradição
religiosa e estão confiantes na sua salvação. A religião em geral é o homem em
busca de Deus e o caminho para encontrá-lo são seus próprios esforços,
inclusive a tentativa frustrada de guardar os mandamentos por si só. No
entendimento deles, através da guarda dos mandamentos, seriam salvos. No final
das contas, a salvação dependia exclusivamente deles.
A salvação do começo ao fim é uma estrita confiança
na graça e poder de Deus para salvar. Sempre foi pela fé. Os religiosos da
época de Jesus esvaziaram, distorceram e acrescentaram coisas aos mandamentos
para adequar às suas próprias vontades. Como disse Jesus, “— Rejeitando o
mandamento de Deus, vocês guardam a tradição humana.” (Mc 7.9).
Paulo é enfático em dizer que ninguém será
justificado pelas obras da lei. Em Gálatas
2.16 está escrito: “sabendo, contudo, que o homem não é
justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos
crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não
por obras da lei, pois por obras da lei ninguém será justificado”.
Muitas pessoas hoje confiam mais nas suas religiões,
condutas e moralidade, do que unicamente na misericórdia de Deus para sua
salvação.
2)
DEUS VÊ A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE DAS PESSOAS (15b)
“mas Deus conhece o coração de vocês; pois
aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.”
Aquilo que é comum e louvável na sociedade, nem
sempre o é para Deus. Ser próspero, rico, famoso e influente pode ser cilada e
empecilho para uma verdadeira vida com Deus. Isso não se refere apenas ao
dinheiro. Como disse Oliver Cromwell,
“idolatria é qualquer coisa que esfrie seu desejo por Deus”.
Deus exige de nós coração
íntegro e exclusivo. Ele não reparte Sua adoração. Ele não divide Sua glória
com ninguém, nem com nada mais. Esse tipo de religiosidade dividida é
hipocrisia e “abominação
diante de Deus.” As pessoas ou a
sociedade podem admirar, mas para Deus é “abominação”.
3) ENTRAR NO REINO DE DEUS EXIGE ESFORÇO (16-18)
“— A Lei e os Profetas duraram até João; desde esse
tempo o evangelho do Reino de Deus vem sendo anunciado, e todos se esforçam para
entrar nele”. (V.16 – NAA).
A religiosidade do povo
de Deus naquela época estava deturpada. Interpretavam e viviam como queriam.
Exemplos: Mt 15 – Corbã |
Mt 23.16-26 – Votos
Eles rejeitaram o Antigo
Testamento (Lei e profetas) e, a partir de João Batista, o Novo Testamento
começou a ser pregado para se entrar no Reino de Deus “e todos se esforçam
para entrar nele”.
Hendriksen
sumaria assim: “a entrada no reino exige renúncia verdadeira, esforço
fervoroso, energia incansável, esforço máximo”.
Jesus diz que a vida do
discípulo requer esforço, dedicação e consagração total a Ele. Em outras
palavras, a salvação é pela graça, mas é preciso nossos esforços para vivermos
vidas santas. Jesus já havia dito antes: “esforcem-se para entrar pela porta
estreita” (13.24).
Ao contrário do que os
religiosos pensavam, “...é mais fácil passar o céu e a terra do que
cair um til sequer da Lei” (v.17).
Exemplo disso é a questão
do divórcio no verso 18. Os mestres da lei ensinavam que haviam outros motivos
para o divórcio, contrário ao que a Lei de Deus dizia.
O rabino Hillel
(sec. I, a.C.) ensinava que qualquer motivo era justificativa para o divórcio.
O pensamento dele está implícito na pergunta em Mateus 19.3: “Alguns
fariseus se aproximaram de Jesus e, testando-o, perguntaram: — É lícito ao
homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo”? Akiba (sec.
II, d.C.) permitia o divórcio se o marido encontrasse outra mulher mais bonita.
O pensamento bíblico sobre
isso é que o divórcio ocorre por dois motivos: adultério e abandono (Mt 10.9;
1Co 7.15). Veja o que o diz a Confissão de Fé de Westminster sobre o
assunto em tela: “só é causa suficiente para dissolver os laços do
matrimônio o adultério ou uma deserção tão obstinada que não possa ser
remediada nem pela Igreja nem pelo magistrado civil” (CFW, XXIV.VI).
CONCLUSÃO
Devemos em todo tempo
avaliar como está nossa vida com Deus. O nosso coração é corrupto e enganoso. A
salvação não ocorre pela observância de leis ou rituais, mas através da obra
salvadora de Cristo.
Que possamos nos esforçar
ao máximo para sermos encontrados dignos do nome de Cristo, para não sermos
desqualificados como disse Paulo em 1 Co 9.27: “Mas esmurro o meu
corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu
mesmo a ser desqualificado”.
Pr. Robson Santana
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
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