Dez princípios essenciais para a educação cristã, segundo as orientações da Palavra de Deus, baseados no livro de J. M. Price, A Pedagogia de Jesus: o mestre por excelência (Ed. Juerp, 1990). O que estiver entre aspas é citação dele.
1. A PERSONIFICAÇÃO DA
VERDADE
“O elemento mais
importante na qualificação de qualquer professor é justamente o que ele é em
si”
A
mensagem que ensinamos tem pouco valor se não for respaldada com a nossa
própria vida. Jesus foi a própria encarnação da verdade. Disse Ele: “Eu sou ...
a verdade” (Jo 14.6). Jesus viveu cem por cento daquilo que ensinou. Ele era a
plenitude daquilo que ensinava. Não só a plenitude, mas Ele estava além do que
ensinava. Às vezes aquilo que tinha para ensinar era tão elevado que seus discípulos
não estavam aptos para receber. Disse Ele: “Tenho ainda muito o que vos dizer,
mas vós não o podeis suportar agora” (Jo 16.12).
Implicação: em primeiro lugar, a personificação da
verdade reveste o professor de autoridade. Não é uma autoridade imposta pelo
cargo ou função que se ocupa. Mas algo que flui de sua própria pessoa. Marcos
registrou assim o que o povo pensava a respeito de Jesus: “Maravilhavam-se de
sua doutrina, porque os ensinava como quem tinha autoridade e não como os
escribas” (Mc 1.22). Em segundo lugar, essa encarnação da verdade inspira
confiança nos alunos. “A maior coisa que seus discípulos aprenderam de seus
ensinos não foi a doutrina, e, sim, a sua influência. Até a última hora de suas
vidas, a maior coisa foi o terem estado com Jesus” (Marquis, 1918, p.68).
2. A CRENÇA NO ENSINO
“Jesus viu no ensino a
gloriosa oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a conduta do povo em
geral”.
O
processo do ensino é prolongado e exige muita paciência. Acima de ser um
orador, reformador ou chefe, Jesus foi um mestre. Por isso Ele não lançou mão
de métodos políticos, de merchandising
ou de poder. Ele usou o método educativo. Após a Sua morte e ressurreição,
Jesus é especialmente tratado como Senhor, mas quanto ao Seu ministério terreno
Ele era Mestre. Nicodemos, membro do Sinédrio, disse: “Rabi, sabemos que és
mestre vindo da parte de Deus” (Jo 3.2).
A
crença no ensino era tal em Jesus que é perceptível o modo enfático e agressivo
que desempenhou esta atividade. Não havia lugar ou tempo para Ele expor Seus
ensinos: “no Templo, nas sinagogas, no monte, nas praias, na estrada, próximo a
um poço, nas casas, em reuniões sociais, em público e em particular” (Price,
1990, p.16,17).
Implicação: o mestre cristão deve crer no método
educativo. Jesus confiava tanto neste método que fez de Seus discípulos
mestres. Por isso, devemos nos dedicar ao ensino. Como diz Paulo: “... o que
ensina esmere-se no fazê-lo” (Rm 12.7).
3. COMPREENSÃO DA
NATUREZA HUMANA
“Assim
como o médico precisa diagnosticar antes de receitar qualquer remédio, também o
professor precisa compreender a vida humana e seus problemas, para depois
aplicar o remédio escriturístico”.
Juntamente
com o conhecimento das Escrituras, é imprescindível a compreensão da natureza
daqueles a quem vamos ensinar. Porque não podemos aplicar as verdades bíblicas
à vida deles, se não os conhecermos bem e suas necessidades intrínsecas.
Segundo
a tradução de Moffatt de João 2.25, “bem sabia ele (Jesus) o que estava na
natureza humana”. Obviamente que nós não penetraremos tão íntimo no coração
humano como Jesus, mas devemos nos esforçar e pesquisar ao máximo a respeito da
natureza humana e dos nossos alunos especificamente.
Implicação: o conhecimento mais aprofundado do ser
humano em si tem por finalidade atingir com mais precisão o ensino que queremos
ministrar, como também solucionar as necessidades mais íntimas e ocultas do
coração humano.
4. FORMAÇÃO DE IDEAIS
VIRTUOSOS
“Os
ideais são no mundo as forças impessoais mais poderosas para a construção do
caráter”.
Jesus
procurou forjar ideais justos e retos na vida de seus discípulos. “Sede vós
perfeitos como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mt 5.48). Ele não queria
somente imputar seus ensinos na cabeça de seus ouvintes, porem gerar neles uma
compreensão mais acurada da essência de Deus e de sua atitude para com os
homens. Por isso, Jesus apresentava o Pai cheio de amor que se ressente do mal,
e não como um monarca transcendente que não se preocupa com a sua criação. Seu
desejo maior era formar o caráter das pessoas para que vivessem uma vida
íntegra por amor ao Pai e assim O obedecesse. Não com a preocupação pelas
regras propriamente ditas (o que leva ao legalismo). Por isso, o povo afluía
para Jesus, porque Ele alimentava seus corações com as verdades que eles tanto
desejavam.
Implicação: já disse o sábio Salomão: “assim como
pensa em seu coração, assim é o homem” (Pv 23.7). Se o ensino é o remédio que
trata dos problemas e situações da vida, não podemos esquecer de fundamentar a
mente de nossos alunos com as verdades eternas, edificando, assim, sólidos
ideais de vida.
5. CONVERSÃO A DEUS
“A principal tarefa do professor é propriamente relacionar seu discípulo
com Deus”.
A conversão deve ser a primeira preocupação do professor quando ele quer
transmitir os princípios do reino de Deus. As doutrinas do evangelho não serão
compreendidas se o homem não for regenerado. Essa foi a mensagem inicial de
João Batista e Jesus Cristo: “arrependei-vos e convertei-vos...”. Quando Jesus
conversou com o mestre Nicodemus, Ele disse: “Quem não nascer de novo não pode
ver o reino do Deus” (João 3.3). A conversão é o ponto de partida para o
desenvolvimento de uma espiritualidade genuinamente cristã. Dela resultam novas
motivações, atitudes e disposições. O professor deve levar o aluno a se
relacionar com Deus. Como diz Price: “cada professor de Escola Bíblica
Dominical deve ensinar, orar e agir para que cada aluno submeta sua vida a Deus
o quanto mais cedo possível. Cada um de seus alunos deve vir a dizer como o
filho pródigo: ‘Levantar-me-ei e irei ter com meu pai’ (Lucas 15.18)” (Price, 1990,
p.52).
Implicação: de corações regenerados e exercitados na comunhão com Deus é que se
espera verdadeira compreensão e prática dos ensinos do Mestre.
6. O RELACIONAMENTO COM
O PRÓXIMO
“O
viver cristão envolve relações retas para com o homem, assim como para com
Deus”.
O
relacionamento cristão envolve esses dois aspectos: Deus e o próximo. Veja as
palavras do Senhor Jesus Cristo: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”
(Marcos 12.31). O apóstolo João também diz acerca desse relacionamento com o
nosso semelhante: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é
mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a
Deus, a quem não vê” ( 1João 4.20). Nesse relacionamento de amar ao próximo
Jesus é o nosso paradigma.
Implicação. Dar-nos ao nosso próximo. Esse foi o sentimento-atitude
do Pai para com os Seus escolhidos: “Deus amou... que deu...” (João 3.16).
Jesus: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua própria vida em
favor de seus amigos” (João 15.13). Portanto, esse princípio requer de nós um
amor-doação, o negar-se a si mesmo, bem como ter paz com todos os homens, o
quanto depender de nós. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se
tiverdes amor uns aos outros” (João 13.35).
7. RESOLUÇÃO DOS
PROBLEMAS DA VIDA
"Em
todos os seus ensinos Jesus nunca esqueceu dos problemas íntimos de seus ouvintes,
e sempre buscou resolvê-los, para fazer deles felizes e unificados”.
Há
vários textos contendo várias situações mostrando como Jesus tratava dos
problemas pessoais de seus ouvintes. Nota-se que a ênfase do seu ensino era
ajudar as pessoas a resolverem esses problemas. Por isso, Ele não usou
expressões gerais ou coletivas, mas, sim, aspirava despertar neles virtudes
particulares.
Podemos
ver alguns exemplos desse tratamento pessoal de Jesus quando lidou com pessoas
e revelou suas necessidades, tais como: a mulher samaritana (Jo 4.1-30);
Nicodemos, ao expor-lhe a necessidade do novo nascimento (Jo 3.1-21); o jovem
rico e seu problema de avareza (Mc 10.17-34).
Implicação.
O professor da E.B.D. deve se preocupar com as necessidades de seus alunos, e
sempre que possível trazer respostas práticas para seus problemas.
8. PREPARAÇÃO PARA A
OBRA
“A tarefa final do
Mestre dos mestres foi preparar e treinar seus discípulos para que espalhassem
por todo o mundo os seus ensinamentos”.
Quando
Jesus convocou seus discípulos, Ele disse: “Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens” (Mt 4.19). De acordo com Marcos antes também Ele havia agido
assim: “então designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar” (Mc
3.14). Com amor e paciência Jesus preparou seus discípulos para a grande
comissão. O que estava envolvido nessa preparação? Primeiro, associação pessoal, assim eles aprenderam por meio do
exemplo e imitação. Segundo, como diz
Price, "ouvindo com os ouvidos", através dos ensinos incomparáveis de
Jesus, numa variedade de circunstâncias e de assuntos. Terceiro, Jesus confiou a eles a prática do que aprenderam:
batismo, missão dos doze, missão dos setenta, etc.
Implicação. Os mestres devem treinar outros para
o serviço cristão. O ensino não deve ser desprovido de propósito. É necessário
estabelecer esse propósito, e preparar os meios para tal.
9. LIBERDADE DE AÇÃO DO
ALUNO
“Não
é aquilo que você diz ou conta ao aluno, e, sim, aquilo que ele pensa depois de
ouvir suas palavras; não é aquilo que você faz por ele, e, sim, a reação dele
que determina o seu desenvolvimento. O ensino só obtém êxito quando leva o
aluno a agir” (J. M. Price).
A
tarefa do mestre é fornecer aos alunos princípios essenciais de fé e prática
cristã. Preparando-os para que por si próprios possam tomar decisões acertadas
na vida.
Por
isso, devemos despertar a atividade intelectual do aluno, motivando-o à ação.
Como diz Price: "O Evangelho de Jesus era de pensamento e ação, bem como
de ouvir, sentir e praticar".
Implicação. O bom mestre é aquele que não somente
sabe transmitir o ensino ao aluno, mas que o prepara para a ação correspondente
ou implícita.
10. FORMAÇÃO DE PESSOAS
MADURAS
“Jesus
desejava desenvolver em seus seguidores aquelas graças que lhes possibilitariam
conjurar suas fraquezas e vícios e fazer deles caracteres fortes, íntegros e
verdadeiramente cristãos”.
Jesus
sempre desenvolveu no seu ministério um ensino que libertassem os seus das
várias práticas que degeneram a personalidade humana. Ele despertava, motivava
um caráter sadio nas pessoas. Para isso é preciso uma ação transformadora e
contínua do Seu Espírito. As bem-aventuranças é exemplo desse desejo de Jesus
de que os homens tivessem uma vida mais íntegra e feliz. Não só as
bem-aventuranças mostram isso, mas todo o ensino do monte. Jesus era supra
legalista. Ele não veio revogar a lei, mas dar o sentido real e pretendido por
Deus. Não bastava somente o cumprimento, mas o como se cumpria. Qual
verdadeiramente era a motivação e intenção do coração (Mt 5.21-32; 43-48).
Implicação. O mestre deve preparar os seus alunos para uma vida
íntegra e elevada. É necessário despertar neles estas virtudes que os levem a
viver uma vida cristã sadia. Nossa tarefa como mestres é aperfeiçoar os santos
até que eles cheguem “à maturidade, atingindo a medida da estatura de Cristo”
(Ef 4.11 - NVI).
Pr.
Robson Rosa Santana
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