17 de setembro de 2015

Dez princípios essenciais para a Educação Cristã


Dez princípios essenciais para a educação cristã, segundo as orientações da Palavra de Deus, baseados no livro de J. M. Price, A Pedagogia de Jesus: o mestre por excelência (Ed. Juerp, 1990). O que estiver entre aspas é citação dele.

1. A PERSONIFICAÇÃO DA VERDADE
“O elemento mais importante na qualificação de qualquer professor é justamente o que ele é em si”
A mensagem que ensinamos tem pouco valor se não for respaldada com a nossa própria vida. Jesus foi a própria encarnação da verdade. Disse Ele: “Eu sou ... a verdade” (Jo 14.6). Jesus viveu cem por cento daquilo que ensinou. Ele era a plenitude daquilo que ensinava. Não só a plenitude, mas Ele estava além do que ensinava. Às vezes aquilo que tinha para ensinar era tão elevado que seus discípulos não estavam aptos para receber. Disse Ele: “Tenho ainda muito o que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora” (Jo 16.12).
Implicação: em primeiro lugar, a personificação da verdade reveste o professor de autoridade. Não é uma autoridade imposta pelo cargo ou função que se ocupa. Mas algo que flui de sua própria pessoa. Marcos registrou assim o que o povo pensava a respeito de Jesus: “Maravilhavam-se de sua doutrina, porque os ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas” (Mc 1.22). Em segundo lugar, essa encarnação da verdade inspira confiança nos alunos. “A maior coisa que seus discípulos aprenderam de seus ensinos não foi a doutrina, e, sim, a sua influência. Até a última hora de suas vidas, a maior coisa foi o terem estado com Jesus” (Marquis, 1918, p.68).

2. A CRENÇA NO ENSINO
“Jesus viu no ensino a gloriosa oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a conduta do povo em geral”.
O processo do ensino é prolongado e exige muita paciência. Acima de ser um orador, reformador ou chefe, Jesus foi um mestre. Por isso Ele não lançou mão de métodos políticos, de merchandising ou de poder. Ele usou o método educativo. Após a Sua morte e ressurreição, Jesus é especialmente tratado como Senhor, mas quanto ao Seu ministério terreno Ele era Mestre. Nicodemos, membro do Sinédrio, disse: “Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus” (Jo 3.2).
A crença no ensino era tal em Jesus que é perceptível o modo enfático e agressivo que desempenhou esta atividade. Não havia lugar ou tempo para Ele expor Seus ensinos: “no Templo, nas sinagogas, no monte, nas praias, na estrada, próximo a um poço, nas casas, em reuniões sociais, em público e em particular” (Price, 1990, p.16,17).
Implicação: o mestre cristão deve crer no método educativo. Jesus confiava tanto neste método que fez de Seus discípulos mestres. Por isso, devemos nos dedicar ao ensino. Como diz Paulo: “... o que ensina esmere-se no fazê-lo” (Rm 12.7).

3. COMPREENSÃO DA NATUREZA HUMANA
“Assim como o médico precisa diagnosticar antes de receitar qualquer remédio, também o professor precisa compreender a vida humana e seus problemas, para depois aplicar o remédio escriturístico”.
Juntamente com o conhecimento das Escrituras, é imprescindível a compreensão da natureza daqueles a quem vamos ensinar. Porque não podemos aplicar as verdades bíblicas à vida deles, se não os conhecermos bem e suas necessidades intrínsecas.
Segundo a tradução de Moffatt de João 2.25, “bem sabia ele (Jesus) o que estava na natureza humana”. Obviamente que nós não penetraremos tão íntimo no coração humano como Jesus, mas devemos nos esforçar e pesquisar ao máximo a respeito da natureza humana e dos nossos alunos especificamente.
Implicação: o conhecimento mais aprofundado do ser humano em si tem por finalidade atingir com mais precisão o ensino que queremos ministrar, como também solucionar as necessidades mais íntimas e ocultas do coração humano.

4. FORMAÇÃO DE IDEAIS VIRTUOSOS
“Os ideais são no mundo as forças impessoais mais poderosas para a construção do caráter”.
Jesus procurou forjar ideais justos e retos na vida de seus discípulos. “Sede vós perfeitos como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mt 5.48). Ele não queria somente imputar seus ensinos na cabeça de seus ouvintes, porem gerar neles uma compreensão mais acurada da essência de Deus e de sua atitude para com os homens. Por isso, Jesus apresentava o Pai cheio de amor que se ressente do mal, e não como um monarca transcendente que não se preocupa com a sua criação. Seu desejo maior era formar o caráter das pessoas para que vivessem uma vida íntegra por amor ao Pai e assim O obedecesse. Não com a preocupação pelas regras propriamente ditas (o que leva ao legalismo). Por isso, o povo afluía para Jesus, porque Ele alimentava seus corações com as verdades que eles tanto desejavam.
Implicação: já disse o sábio Salomão: “assim como pensa em seu coração, assim é o homem” (Pv 23.7). Se o ensino é o remédio que trata dos problemas e situações da vida, não podemos esquecer de fundamentar a mente de nossos alunos com as verdades eternas, edificando, assim, sólidos ideais de vida.

5. CONVERSÃO A DEUS
“A principal tarefa do professor é propriamente relacionar seu discípulo com Deus”.
A conversão deve ser a primeira preocupação do professor quando ele quer transmitir os princípios do reino de Deus. As doutrinas do evangelho não serão compreendidas se o homem não for regenerado. Essa foi a mensagem inicial de João Batista e Jesus Cristo: “arrependei-vos e convertei-vos...”. Quando Jesus conversou com o mestre Nicodemus, Ele disse: “Quem não nascer de novo não pode ver o reino do Deus” (João 3.3). A conversão é o ponto de partida para o desenvolvimento de uma espiritualidade genuinamente cristã. Dela resultam novas motivações, atitudes e disposições. O professor deve levar o aluno a se relacionar com Deus. Como diz Price: “cada professor de Escola Bíblica Dominical deve ensinar, orar e agir para que cada aluno submeta sua vida a Deus o quanto mais cedo possível. Cada um de seus alunos deve vir a dizer como o filho pródigo: ‘Levantar-me-ei e irei ter com meu pai’ (Lucas 15.18)” (Price, 1990, p.52).
Implicação: de corações regenerados e exercitados na comunhão com Deus é que se espera verdadeira compreensão e prática dos ensinos do Mestre.
  
6. O RELACIONAMENTO COM O PRÓXIMO
“O viver cristão envolve relações retas para com o homem, assim como para com Deus”.
O relacionamento cristão envolve esses dois aspectos: Deus e o próximo. Veja as palavras do Senhor Jesus Cristo: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12.31). O apóstolo João também diz acerca desse relacionamento com o nosso semelhante: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” ( 1João 4.20). Nesse relacionamento de amar ao próximo Jesus é o nosso paradigma.
Implicação. Dar-nos ao nosso próximo. Esse foi o sentimento-atitude do Pai para com os Seus escolhidos: “Deus amou... que deu...” (João 3.16). Jesus: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua própria vida em favor de seus amigos” (João 15.13). Portanto, esse princípio requer de nós um amor-doação, o negar-se a si mesmo, bem como ter paz com todos os homens, o quanto depender de nós. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (João 13.35).

7. RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DA VIDA
"Em todos os seus ensinos Jesus nunca esqueceu dos problemas íntimos de seus ouvintes, e sempre buscou resolvê-los, para fazer deles felizes e unificados”.
Há vários textos contendo várias situações mostrando como Jesus tratava dos problemas pessoais de seus ouvintes. Nota-se que a ênfase do seu ensino era ajudar as pessoas a resolverem esses problemas. Por isso, Ele não usou expressões gerais ou coletivas, mas, sim, aspirava despertar neles virtudes particulares.
Podemos ver alguns exemplos desse tratamento pessoal de Jesus quando lidou com pessoas e revelou suas necessidades, tais como: a mulher samaritana (Jo 4.1-30); Nicodemos, ao expor-lhe a necessidade do novo nascimento (Jo 3.1-21); o jovem rico e seu problema de avareza (Mc 10.17-34).
Implicação. O professor da E.B.D. deve se preocupar com as necessidades de seus alunos, e sempre que possível trazer respostas práticas para seus problemas.

8. PREPARAÇÃO PARA A OBRA
“A tarefa final do Mestre dos mestres foi preparar e treinar seus discípulos para que espalhassem por todo o mundo os seus ensinamentos”.
Quando Jesus convocou seus discípulos, Ele disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19). De acordo com Marcos antes também Ele havia agido assim: “então designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar” (Mc 3.14). Com amor e paciência Jesus preparou seus discípulos para a grande comissão. O que estava envolvido nessa preparação? Primeiro, associação pessoal, assim eles aprenderam por meio do exemplo e imitação. Segundo, como diz Price, "ouvindo com os ouvidos", através dos ensinos incomparáveis de Jesus, numa variedade de circunstâncias e de assuntos. Terceiro, Jesus confiou a eles a prática do que aprenderam: batismo, missão dos doze, missão dos setenta, etc.
Implicação. Os mestres devem treinar outros para o serviço cristão. O ensino não deve ser desprovido de propósito. É necessário estabelecer esse propósito, e preparar os meios para tal.

9. LIBERDADE DE AÇÃO DO ALUNO
“Não é aquilo que você diz ou conta ao aluno, e, sim, aquilo que ele pensa depois de ouvir suas palavras; não é aquilo que você faz por ele, e, sim, a reação dele que determina o seu desenvolvimento. O ensino só obtém êxito quando leva o aluno a agir” (J. M. Price).
A tarefa do mestre é fornecer aos alunos princípios essenciais de fé e prática cristã. Preparando-os para que por si próprios possam tomar decisões acertadas na vida.
Por isso, devemos despertar a atividade intelectual do aluno, motivando-o à ação. Como diz Price: "O Evangelho de Jesus era de pensamento e ação, bem como de ouvir, sentir e praticar".
Implicação. O bom mestre é aquele que não somente sabe transmitir o ensino ao aluno, mas que o prepara para a ação correspondente ou implícita.

10. FORMAÇÃO DE PESSOAS MADURAS
“Jesus desejava desenvolver em seus seguidores aquelas graças que lhes possibilitariam conjurar suas fraquezas e vícios e fazer deles caracteres fortes, íntegros e verdadeiramente cristãos”.
Jesus sempre desenvolveu no seu ministério um ensino que libertassem os seus das várias práticas que degeneram a personalidade humana. Ele despertava, motivava um caráter sadio nas pessoas. Para isso é preciso uma ação transformadora e contínua do Seu Espírito. As bem-aventuranças é exemplo desse desejo de Jesus de que os homens tivessem uma vida mais íntegra e feliz. Não só as bem-aventuranças mostram isso, mas todo o ensino do monte. Jesus era supra legalista. Ele não veio revogar a lei, mas dar o sentido real e pretendido por Deus. Não bastava somente o cumprimento, mas o como se cumpria. Qual verdadeiramente era a motivação e intenção do coração (Mt 5.21-32; 43-48).
Implicação. O mestre deve preparar os seus alunos para uma vida íntegra e elevada. É necessário despertar neles estas virtudes que os levem a viver uma vida cristã sadia. Nossa tarefa como mestres é aperfeiçoar os santos até que eles cheguem “à maturidade, atingindo a medida da estatura de Cristo” (Ef 4.11 - NVI).

Pr. Robson Rosa Santana





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