“Tais
fostes alguns de vós; mas vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes
justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11)
De acordo com o Breve Catecismo de Westminster (P.
35), a santificação é “obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados
em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, e habilitados a morrer cada vez
mais para o pecado e a viver para a retidão”. É uma mudança contínua operada
por Deus em nós, livrando-nos dos hábitos pecaminosos e formando em nós
afeições, disposições e virtudes semelhantes às de Cristo. Isso não significa
que o pecado seja instantaneamente erradicado, porém é mais do que uma ação
contrária pela qual o pecado seja apenas restringido ou reprimido, sem ser
progressivamente destruído. A santificação é uma real transformação, não mera
aparência.
O
significado básico de "santificar" é separar para Deus, para seu uso.
Porém Deus opera naqueles a quem ele reivindica como sua propriedade, de
maneira a torná-los semelhantes à "imagem de seu Filho" (Rm 8.29).
Essa renovação moral, pela qual somos crescentemente mudados naquilo que éramos
outrora, ocorre pela ação do Espírito que habita em nós (Rm 8.11, 12.1-2; 1Co
6.11,19-20; 2Co 3.18; Ef 4.22-24; 1Ts 5.23; 2Ts 2.13; Hb 13.20-21). Deus chama
seus filhos para a santidade e, graciosamente, lhes dá o que ele mesmo exige
(1Ts 4.4; 5.23-24).
Regeneração
é nascimento; santificação é crescimento. Na regeneração, Deus implanta em nós
desejos que antes não tínhamos; desejo por Deus, desejos pela santidade, de
glorificar o nome de Deus no mundo; desejo de orar, de cultuar: desejo de amar
e de fazer bem aos outros. Na santificação, o Espírito "efetua em nós tanto
o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade", que capacita o seu
povo para cumprir seus novos e santos desejos (Fp 2.12- 13). Os cristãos se
tornam crescentemente semelhantes a Cristo, quando o perfil moral de Jesus (o
"fruto do Espírito") é progressivamente formado neles (2Co 3.18; Gl
4.19; 5.22-25).
A
regeneração é um ato instantâneo de Deus, que leva a pessoa da morte espiritual
para a vida. É obra exclusiva de Deus. A santificação é um processo constante,
que depende da ação contínua de Deus no crente, e consiste na contínua luta do crente
contra o pecado. O método de santificação usado por Deus não é nem ativismo
(atividade autoconfiante), nem apatia (passividade confiante em Deus), mas
esforço humano dependente de Deus (2Co 7.1; Fp 3.10-14; Hb 12.14). Sabendo que
sem a capacitação dada por Cristo não podemos fazer boas obras, mas também
sabendo que ele está pronto a fortalecer-nos em tudo o que devemos fazer (Fp
4.13), nós "permanecemos" em Cristo, pedindo constantemente seu
auxílio – e o recebemos (Cl 1.11; 1Tm
1.12; 2Tm 1.7; 2.1).
A
obra divina de santificação segue o padrão da lei moral revelada por Deus,
exposta e exemplificada pelo próprio Cristo. O amor, a humildade e a paciência
de Cristo constituem o supremo padrão para os cristãos (Rm 13.10; Ef 5.2; Fp
2.5-11; 2Pe 2.21).
Os
crentes encontram dentro de si mesmos impulsos contraditórios. O Espírito
sustenta seus desejos e propósitos regenerados, porém seus instintos decaídos (a
"carne") obstruem o caminho deles e os arrastam para trás. O conflito
entre "carne" e Espírito é intenso. Paulo diz que é incapaz de fazer
o que é certo e incapaz de evitar fazer o que é errado (Rm 7.14-25). Esse conflito e frustração
acompanharão os cristãos enquanto viverem no corpo. Contudo, vigiando e orando
contra a tentação e cultivando virtudes opostas ao pecado, eles podem, através da
ajuda do Espírito, "mortificar" maus hábitos específicos (Rm 8.11-13;
Cl 3.5). Assim, os cristãos experimentarão muitos livramentos e vitórias
específicos em sua batalha contra o pecado, ao mesmo tempo em que não são
expostos a tentações que não possam resistir (1Co 1 0.13).
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