Eu estava diante de cerca de 700 membros da igreja
em um domingo à noite. Minha tarefa era simples. Eu deveria compartilhar com
eles os resultados de uma consulta que membros da minha equipe e eu tínhamos
trabalhado durante as últimas semanas.
A apresentação deveria ter sido fácil e sem
complicações. Ao contrário, o tempo revelou-se estressante e controversa.
Quando eu apontei até mesmo uma pequena área de preocupação com as sugeridas
soluções, dezenas de membros levantaram as mãos para me dizer como eu estava
errado, como as avaliações da equipe de consultoria estavam longe da realidade.
A igreja em questão tinha estado em declínio por
quase duas décadas. No entanto, da perspectiva de muitos dos membros, a igreja era
saudável e próspera. Da minha perspectiva, a realidade mais óbvia que eu vi foi
um estado de negação.
Lições do
passado, lições para o futuro
Ao longo dos últimos 20 anos, uma das mais ricas
bênçãos em minha vida tem sido a oportunidade de estudar e consultar com
milhares de igrejas. Eu tenho visto centenas de igrejas saudáveis que me
ensinaram lições valiosas.
Infelizmente, também tenho visto milhares de
igrejas cujos ministérios estão em declínio, cujos membros estão desanimados, e
cujo impacto evangelístico é insignificante. Recentemente, eu revi muitos dos
meus últimos projetos de consultoria e pesquisa para discernir características
comuns de igrejas que estão declínio e morrendo.
Eu encontrei o que eu chamo de "sete
pecados" que caracterizam igrejas moribundas. Estas questões não são
mutuamente exclusivas; são muitas vezes diretamente relacionadas umas com as
outras. Ao invés de ser uma fonte de desânimo, peço que a minha elucidação
desses sete pecados seja uma ferramenta para ajudar você a evitar as armadilhas
que outros líderes de igreja têm experimentado.
Pecado nº 1: Diluição da Doutrina
Um dos nossos consultores sentou-se em uma classe de estudo bíblico de uma igreja que tinha trazido a nossa equipe para um relacionamento consultivo de longo prazo. Tinham-lhe dito que a classe incluía alguns dos líderes mais fortes da igreja. Para sua surpresa, todo o estudo da Bíblia foi um debate sobre se um não-cristão pode ir ou não para o céu. Depois de muita discussão, a conclusão foi de que Deus realmente permitiria tal pessoa no céu.
Quando tais verdades cardeais como a doutrina da
exclusividade tornam-se questões de dúvida, uma igreja está em apuros. Há pouca
motivação para a divulgação e evangelismo se outros caminhos e outras religiões
são iguais ao cristianismo.
Ironicamente, em nossa pesquisa de pessoas sem
igreja em toda a América, descobrimos que esses não-cristãos tinham muito menos
probabilidade de frequentar igrejas com crenças doutrinárias fracas do que
aquelas com crenças fortes. "Por que eu deveria perder meu tempo em um
lugar que não tem muita certeza de crença," Amy, uma pessoa sem igreja de
29 anos de idade, do Arizona, disse-nos. "Eu posso encontrar muita
incerteza no mundo."
Pecado nº 2: Perda da Paixão Evangelística
Não é nenhuma surpresa que igrejas em declínio e que estão morrendo têm pouca paixão evangelística. Na minha coluna no Outreach (Alcance) de Janeiro / Fevereiro de 2005, eu destaquei uma das principais razões para a apatia evangelística: Muitos pastores são inflexíveis ou não têm ou perderam sua paixão evangelística. As congregações tendem a seguir as paixões e visões daqueles em posições-chave de liderança, particularmente o pastor.
Pecado n° 3: Falha em Ser Relevante
Infelizmente, muitas igrejas na América estão fora de contato com as novas tendências e valores da cultura de hoje.
Algumas igrejas, com certeza, abandonaram muitas
das verdades fundamentais da fé em sua busca para ser relevante para a
comunidade que servem. Mas muito mais igrejas lamentavelmente desconhecem as
realidades, esperanças e sofrimentos daqueles que nos rodeiam. Falham em ser fiéis
à doutrina da fé cristã e isso leva a apostasia. A incapacidade de compreender
o mundo em que vivemos e servir leva a irrelevância.
Pecado n° 4: Poucos Ministérios Focados na Comunidade
Em uma pesquisa recente de igrejas em toda a
América, descobrimos que quase 95% dos ministérios das igrejas eram para os
membros somente. De fato, muitas igrejas não tinham ministérios para aqueles
fora da congregação.
Muitas igrejas parecem existir apenas para si
mesmas. Embora certamente exista ministério disponível para os membros da
igreja, muitas vezes, o equilíbrio entre os ministérios externos e internos é
fortemente focado na direção interna. Quando as igrejas procuram cuidar e
ministrar apenas para elas mesmas, é um sinal provável de que o declínio está
em ação e que a morte pode ser iminente.
Pecado n° 5: Conflito sobre Preferências Pessoais
Algumas das batalhas internas mais ferozes nas congregações hoje não são brigas para defender as grandes verdades da fé cristã. Em vez disso, os membros entram em conflito sobre o seu estilo de louvor preferido, a forma como uma sala é pintada ou acarpetada, e do tipo de púlpito que o pregador usa. Batalhas como estas são sinais certos de que os membros estão mais preocupados com as suas necessidades do que as necessidades das pessoas feridas e sem igreja que vivem e trabalham ao lado deles.
Pecados nº 6: A Prioridade do Conforto
Alguns anos atrás, meu filho mais novo, Jess, era um terceiro-anista no time de futebol americano da escola. Porque ele dava tanto de si no jogo de sexta à noite, muitas vezes ele dormia até tarde nos sábados. Ao meio-dia, ele descia as escadas penosamente, ligava a televisão na sala da família, e desabava no sofá.
Um sábado, passei por ele com seu corpo estendido
contorcendo-se no sofá e notei que meu filho jogador de futebol estava
assistindo HGTV (Casa e Jardim TV). Curioso, perguntei a Jess por que ele
estava assistindo a um canal sobre casa e jardinagem. Sua resposta foi clássica
- "porque o controle remoto está quebrado".
Muitas igrejas estão em padrões definitivos de
declínio porque os membros da igreja simplesmente não querem ir além de suas
zonas de conforto. É muito mais fácil fazer as coisas da maneira que sempre as
fizemos, do que ficar desconfortável no mundo fora dos muros da igreja.
Pecado n° 7: Analfabetismo Bíblico
Apenas 3% das igrejas na América tem um método planejado para instruir os seus membros para que aprendam a Bíblia em sua totalidade. É verdade que estudar a Bíblia não deve ser limitado a um ambiente de igreja, porém, é imperativo que as igrejas assumam a liderança nestes tipos de empreendimentos.
Quando apenas três de cada 100 igrejas tentam
fornecer uma maneira para seus membros entenderem de Gênesis ao Apocalipse, o
analfabetismo bíblico é provável de ocorrer. E analfabetismo bíblico significa
que nossas igrejas podem não ser obedientes aos apelos da Escritura porque elas
não sabem o que a Bíblia diz.
Luzes na
escuridão?
Nossa pesquisa mostra que muitas igrejas na América
estão doentes, em declínio, e morrendo. Ainda assim, eu continuo sendo um
irritante otimista sobre a Igreja norte-americana. Eu vi muitas igrejas
rejeitarem a escuridão destes sete pecados e fazerem algo sobre o seu declínio.
Elas são verdadeiramente luzes na escuridão.
Eu concluí recentemente uma consulta de um ano com
uma igreja que passou por uma reversão em quase todas as tendências negativas
na sua congregação. O pastor resumiu bem a experiência: "Nós não estávamos
com falta de recursos ou know-how; estávamos apenas faltando com a obediência.
Quando tomamos a decisão de que a mediocridade e a complacência não seriam aceitáveis,
Deus começou a nos abençoar. É simples assim”.
Thom S. Rainer
Thom S. Rainer é o
presidente e CEO da LifeWay Christian Resources (LifeWay.com). Entre suas maiores alegrias estão sua
família: sua esposa Nellie Jo; três filhos, Sam, Art e Jess; e seis netos. Foi
fundador decano da Escola de Missões, Evangelismo e Crescimento da Igreja
Graham Billy no Seminário Teológico Batista do Sul. Seus muitos livros incluem Surprising
Insights from the Unchurched, The
Unexpected Journey, e Breakout
Churches.
_________
Título original: 7 Deadly Sins of a Dying
Church
URL do original: www.churchleaders.com/outreach-missions/outreach-missions-articles/139400-seven-sins-of-dying-churches.html
Site: www.churchleaders.com
Acesso: 26/08/16
Tradução: Pr. Robson Rosa Santana (Igreja Presbiteriana do Brasil)
Revisão: Pr.
Walter Leite (Igreja Batista Betel – Aracaju – SE)
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