29 de julho de 2010

“A comunhão do Espírito Santo”


2 Co 13.14

Nós temos costume de ouvir esta bendição após os cultos. A frase a “comunhão do Espírito Santo” pode tornar-se tão comum para nós cristãos que esquecemos a enorme profundidade do significado.

O Espírito Santo é frequentemente referido por toda a Bíblia. Ele é a terceira Pessoa da Trindade. Deus é Um e ainda Ele é Deus em três Pessoas. Este é o sentido do texto em 2 Coríntios 13.14. Quando Isaías refere-se (em Is 6.2-3) ao serafim magnificando três vezes santo a nosso Deus o Senhor era também revelando o mistério glorioso da Trindade.

Deve ser lembrado que o Espírito Santo não é “ele” [it], mas Ele. Quando falamos sobre comunhão com o Espírito Santo significa relacionamento íntimo com o próprio Deus.

Nós cristãos frequentemente esquecemos que a palavra “santo” é a ênfase bíblica para descrever o Espírito de Deus. Nosso Senhor Jesus advertiu sobre o pecar contra o Espírito Santo. Todos os tipos de blasfêmias podem ser perdoados, Cristo disse. A blasfêmia contra o Pai e o Filho pode ser perdoada, mas blasfemar o Espírito Santo não será perdoado nem nesta vida e nem na porvir.

Em 1966, quando estávamos orando por reavivamento, Deus me convenceu de meus próprios pecados. O Espírito Santo repetidamente convencia-me do meu orgulho. Eu podia somente chorar e suplicar a Jesus por perdão. Embora estivesse pregando por 12 anos e tivesse se referindo frequentemente ao Espírito Santo, Deus me mostrava que eu estava entristecendo a Ele por todos estes anos. Eu tinha estado culpando os outros por não fazer avanços em meu ministério. Meu orgulho pecaminoso estava permanecendo no caminho. Não era o diabo ou outras pessoas me impedindo. O verso “Deus resiste ao soberbo” estava tão evidente e claro para mim. A santidade do Espírito de Deus tornou-se tão real para mim. Mesmo se satanás e todo o mundo estiverem contra uma pessoa esse não é um “inimigo” verdadeiro. Se Deus resiste às pessoas orgulhosas significa que Ele tornou-se inimigos delas. Esta verdade confrontou-me quando eu estava buscando o Senhor por reavivamento.

O mandamento não “entristeça o Espírito Santo” é frequentemente tomado de forma superficial. O perigo e as conseqüências de entristecê-lo devem ser vistos na mais séria compreensão. Em Isaías 63.10 lemos que o povo de Deus “rebelou-se e entristeceram seu Espírito Santo”. Mostra o resultado terrível da sua apostasia de Deus: “pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles”.

A rebelião de Israel é colocada perante nós no Novo Testamento para que nós não desagrademos Deus como eles fizeram. Em 1 Coríntios 10.1-11 nós somos avisados a não cair em sua idolatria e pecado sexual porque o Senhor torna-se seu “destruidor”.

Esse texto continua a nos encorajar a tomar o “modo de escape” de Deus em cada tentação. Ele dá poder e vitória a Seus filhos no meio da tentação.

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.

Rev. Erlo Stegen

Sumário do sermão de 04/07/2010, Kuwsizabantu – África do Sul

21 de julho de 2010

Ponha Sua Fé em Ação

   A igreja organizada está se desfazendo em conflito e desconfiança. Afinal de contas, a batalha não é tanto entre conservadores e liberais, evangélicos e ativistas, ou fundamentalistas e modernistas. A questão é agora é entre fé e descrença: O cristianismo é verdadeiro ou falso, autêntico ou irreal?
O que é mortal para a igreja é quando as formas externas de religião são mantidas enquanto a essência é descartada. Chamamos isso de ateísmo prático. O ateísmo prático aparece quando vivemos como se Deus não existisse. O externo continua, mas o homem torna-se a motivação central de devoção como a atenção da religião no que se refere à mudança da devoção do homem para Deus, para a devoção do homem para o homem, preterindo Deus. A “ética” de Cristo continua de modo superficial, tendo-se divorciada de seu fundamento sobrenatural, transcendente e divino.
O cristianismo bíblico nada conhece de uma falsa dicotomia entre devoção a Deus e a concernente ao homem. O Grande Mandamento envolve ambos. É porque Deus é que se importa tanto com o ser humano. É porque da realidade de Cristo que a ética é vital. É porque a cruz foi um evento real que os sacramentos podem ministrar a nós. É porque Cristo verdadeiramente derrotou a morte que a igreja oferece esperança. É porque do ato real de expiação de Cristo que nosso perdão é mais que sentimento.
A vida da igreja e sua doutrina podem ser distintas, mas nunca separadas. É possível para a igreja crer em todas as coisas corretamente e fazer as coisas erradas. É possível também crer em coisas erradas e fazer coisas certas (mas não por muito tempo). Precisamos de fé correta iniciando ação correta. Fé honesta – unida a ação honesta – produz testemunho a um Deus verdadeiro e um Cristo verdadeiro.
Coram Deo (do latim: Perante a face de Deus)
Examine seu coração hoje: Você está crendo nas coisas corretas, e ainda fazendo as coisas erradas? Você está acreditando nas coisas erradas enquanto ainda tentando fazer as coisas certas?
Passagens para estudo adicional
“Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé” (Tiago 2.17-18).
“Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tiago 2.26)

R. C. Sproul
Tradução Robson Rosa Santana


Onde estás?

“Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti” (Agostinho de Hipona)

Uma das perguntas mais reflexivas que o ser humano pode ouvir é a que Deus fez a Adão e Eva logo a após sua desobediência e tentativa de fuga: “Onde estás?” (Gn 3.9). Essa pergunta de Deus deve produzir em nós grande reflexão: onde nos encontramos existencialmente e espiritualmente nesse momento?

Somos por natureza fugitivos. Tentamos nos proteger daquilo que pode nos constranger, nos humilhar; até mesmo nos aproximar de Deus, especialmente se nos encontramos naquela situação de Adão e Eva no seu estado de pecado. Pode ser que tentemos fugir de Deus pela acusação da consciência ou pela rebelião consciente de não querermos ajustar as nossas vidas aos propósitos maravilhosos de Deus para nós. Adão tenta fugir porque sabe que o Deus criador amoroso que se relacionava intimamente com ele foi desobedecido e traído. E pensa ingenuamente que pode se esconder por entre árvores e atrás de folhas de figueiras.

O ser humano continua fazendo a mesma coisa, tentando fugir de Deus se escondendo entre “árvores e folhas”, triste ilusão. Quantas pessoas estão se “escondendo” ou fugindo de Deus atrás dos prazeres do sexo, da fascinação das riquezas, do status quo, das drogas, dentre inúmeros subterfúgios. Não há como escaparmos dos olhos ternos, amorosos e perscrutador de Deus! Ele sonda e conhece nossos pensamentos, ações e tentativas frustradas de fugir dele.

Ao pensar mesmo que superficialmente nessa pergunta de Deus a Adão, chego a algumas considerações. A primeira é que Deus sempre toma a iniciativa de vir atrás dos pecadores. Deus quer falar conosco e insiste nisso. Deus usa mensagens, textos bíblicos, músicas cristãs, de todas as formas Ele quer falar de seu amor e graça a nós. Exemplo disso está no verso 8 de Gênesis 3, Adão e Eva “ouviram a voz do Senhor Deus”. A pergunta “onde estás?” é uma adequação às condições das limitações humanas pois Deus é onisciente, por isso vê e sabe tudo. Talvez estejamos na igreja e agora lendo esse artigo e mesmo assim longe de Deus.

Deus quer restaurar a comunhão dele conosco. Logo após à queda, Deus foi ao encontro deles e lhes fala, assim como traz uma palavra à serpente (Gn 3.14-15). É nessa palavra a Satanás que se registra na Bíblia, pela primeira vez, as boas novas da salvação pela graça na obra de Cristo.


É como se Deus estivesse dizendo: “vocês bagunçaram tudo. Vocês não conseguiram permanecer num estado de obediência. Por meio de vocês entrou o pecado e a morte no mundo. Mas eu vou consertar o que vocês fizeram. Enviarei o meu único Filho para pisar na cabeça daquele que instigou em vocês a desobediência. Meu Filho vai ser humilhado, zombado, desfigurado, ferido e moído e assim trará a salvação e vocês desfrutarão do meu amor e amizade aqui na terra e por toda eternidade”. É isso que Deus faz com aqueles que tentam fugir dele. Ele não desiste, pelo contrário, vai atrás, insiste, ama e dá gratuitamente a salvação através de Seu Filho amado.

Não sei o seu estado existencial/espiritual quando você estiver lendo esse texto, mas se estiver tentando fugir e se esconder de Deus, a coisa mais inteligente que você pode fazer é deixar ser achado por Deus e dizer “eis me aqui, toma a minha vida nas tuas mãos, porque não há para onde ir, não há outro caminho para a paz de espírito e felicidade plena a não ser em Ti”.

Para meditação:
“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Salmo 139.7-10)

Robson Santana
Pastor presbiteriano

19 de julho de 2010

DANÇA NA BÍBLIA


1) DANÇA NO ANTIGO TESTAMENTO

A DANÇA COMO EXPRESSÃO DE CULTO A DEUSES PAGÃOS (idolatria)
Êxodo 32.19 "Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e as danças; então, acendendo-se-lhe a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte;"

A DANÇA RELACIONADA À SENSUALIDADE (chamar a atenção dos homens)
Cantares 6.13 "Volta, volta, ó sulamita, volta, volta, para que nós te contemplemos. Por que quereis contemplar a sulamita na dança de Maanaim?"

A DANÇA COMO EXPRESSÃO DE ALEGRIA PELAS BENÇÃOS DE DEUS
Jr 31.4 "Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam".
Jr 31.13 "Então, a virgem se alegrará na dança, e também os jovens e os velhos; tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza".
Lm 5.15 "Cessou o júbilo de nosso coração, converteu-se em lamentações a nossa dança".

A DANÇA COMO EXPRESSÃO DE ALEGRIA POR VENCER BATALHAS, BEM COMO DE DESPREZO E ZOMBARIA PELOS DERROTADOS
Êxodo 15.20-21 "A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamborins e com danças. 21 E Miriã lhes respondia: Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro".
1 Sm 18.6 "Sucedeu, porém, que, vindo Saul e seu exército, e voltando também Davi de ferir os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com tambores, com júbilo e com instrumentos de música".
Juízes 21.20-21 "Ordenaram aos filhos de Benjamim, dizendo: Ide, e emboscai-vos nas vinhas, 21 e olhai; e eis aí, saindo as filhas de Siló a dançar em rodas, saí vós das vinhas, e arrebatai, dentre elas, cada um sua mulher, e ide-vos à terra de Benjamim".22 Quando seus pais ou seus irmãos vierem queixar-se a nós, nós lhes diremos: por amor de nós, tende compaixão deles, pois, na guerra contra Jabes-Gileade, não obtivemos mulheres para cada um deles; e também não lhes destes, pois neste caso ficaríeis culpados. 23 Assim fizeram os filhos de Benjamim e levaram mulheres conforme o número deles, das que arrebataram das rodas que dançavam; e foram-se, voltaram à sua herança, reedificaram as cidades e habitaram nelas".
Juizes 11.34 "Vindo, pois, Jefté a Mispa, a sua casa, saiu-lhe a filha ao seu encontro, com adufes e com danças; e era ela filha única; não tinha ele outro filho nem filha".
1 Samuel 21.11 "Porém os servos de Aquis lhe disseram: Este não é Davi, o rei da sua terra? Não é a este que se cantava nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares?"
1 Samuel 29.5 "Não é este aquele Davi, de quem uns aos outros respondiam nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares?"
A dança também acontecia quando os judeus tinham uma safra de alimentos abençoada, ou seja, nas colheitas, mas era uma dança harmoniosa, sem requebros e movimentos sensuais. Na verdade, esse tipo de dança lembra aspectos da cultura e do folclore do povo judeu, não fazia parte do culto a Deus propriamente dito.
2 Samuel 6.14 "Davi dançava com todas as suas forças diante do SENHOR; e estava cingido de uma estola sacerdotal de linho".

ENQUANTO O POVO SE DIRIGIA DE VÁRIOS LUGARES PARA ADORAR NO TEMPLO DE JERUSALÉM, ELE ANDAVA CANTANDO, SE ALEGRANDO E ATÉ DANÇADO, MAS NÃO NO CULTO NA CASA DE DEUS, O TEMPLO.
Salmo 150.4 "Louvai-o com adufes e danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com flautas" (Versão Atualizada de Almeida).
Salmo 150.4 “Louvai-o com o adufe e a flauta; louvai-o com instrumento de cordas e com flautas”. (Versão Corrigida de Almeida)
Os Salmos 26.6; 42.4; 149.3 “fazem lembrar as procissões promovida pelo povo, rumo ao templo. No templo, o culto era o mais impeditivo possível. Os que entravam no átrio eram somente os sacerdotes; dentre esses, somente o sumo-sacerdote adentrava ao santo dos santos. Do “auditório” não se ouvia nenhum som de louvor. Os cantores, ministros do canto, entoavam os louvores (estes eram também sacerdotes). Ao povo em geral não se lhe era dado o direito de pisar o átrio. Os homens tinham o seu espaço, as mulheres outro mais atrás, os gentios atrás do muro. (Jesus revela sua indignação no templo, pois, o lugar dos gentios estava ocupado pelos vendedores. Jesus afirma, então, que aquela casa será chamada “casa de oração para todos os povos”). Sendo assim, se o povo não participava da “cerimônia” propriamente, encontraram eles uma maneira de expressão, e esta foi no “caminhar para o templo. Ajuntando a multidão, engrossando a procissão, cantavam salmos”. (Ludgero Bonilha de Morais).

2) O QUE DIZ O NOVO TESTAMENTO ACERCA DA DANÇA?
Lucas 15.25 "Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças".
(Aqui se destaca o aspecto cultural e folclórico de Israel, especialmente de um pai ao reencontrar um filho perdido. E não era no culto).
Mateus 11.17 "Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não pranteastes".
Mateus 14.6 "Ora, tendo chegado o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante de todos e agradou a Herodes".
(Aqui é uma dança de pessoas pagãs, que não temiam a Deus, e se destaca pela sensualidade, ou seja, chamar a atenção dos homens).

O Novo Testamento fala de música no culto (salmos, hinos e cânticos espirituais), mas em nenhum texto fala de dança como forma de adoração a Deus no culto.

1 Coríntios 14.26 “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação”.
(Esse texto fala do momento do culto).
Efésios 5.19 “falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais(veja também Colossenses 3.16).

A Igreja Presbiteriana do Brasil adota a Confissão de Fé de Westminster que nos diz o seguinte a respeito do culto religioso (Capítulo XXI, parágrafo I):
  “A luz da natureza mostra que há um Deus que tem domínio e soberania sobre tudo, que é bom e faz bem a todos, e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido de todo o coração, de toda a alma e de toda a força; mas o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e tão limitado pela sua vontade revelada, que não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens ou sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras”.
(Referências bíblicas: Romanos 1:20; Salmo 119:68 e 31:23; Atos 14:17; Deuteronômio 12:32; Mateus  15:9 e 4:9-10; João 4:23, 24; Êxodo 20:4-6).
Pr. Robson Rosa Santana

Frei Paulo (SE), Agosto de 2005

P.S.: Para uma análise de outro artigo que fala sobre "Dança Litúrgica" da autoria do Pr. Ludgero Bonilha Morais, CLIQUE AQUI

17 de julho de 2010

SUPREMO CONCÍLIO 2010: ASSEMBLÉIA GERAL DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (Atos 15.28)
Conforme diz a nossa Constituição em seus três primeiros artigos, a "Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de Igrejas locais, que adota a Bíblia Sagrada como única regra de fé e prática e tem por finalidades precípuas prestar culto a Deus, em espírito e verdade, pregar e viver integralmente o Evangelho, e exerce o seu governo por meio de Concílios e indivíduos, regularmente instalados, cujo poder é espiritual e administrativo, residindo na corporação" com o objetivo, conforme a Confissão de Fé de Westminster, de "melhor governo e maior edificação da Igreja", com a competência de "decidir ministerialmente controvérsias quanto à fé e casos de consciência, determinar regras e disposições para a melhor direção do culto público de Deus e governo da sua Igreja".
A Igreja Presbiteriana do Brasil possui quatro Concílios, que existindo em ordem ascendente são Assembléias constituídas de Ministros e Presbíteros regentes, que guardam em si governo e disciplina sob forma de autoridade, a saber: O Conselho é formado de Ministros (Presbíteros docentes) e Presbíteros regentes e exerce jurisdição sobre a Igreja local; o Presbitério é formado de Ministros (membros natos) e Presbíteros regentes (representantes das Igrejas locais jurisdicionadas) e exerce jurisdição sobre os Ministros e Conselhos de uma determinada região; o Sínodo é formado de Ministros e Presbíteros regentes (representantes dos Presbitérios de uma região) e exerce jurisdição sobre três ou mais Presbitérios, e o Supremo Concílio, que é a Assembléia Geral da IPB, é formado de Ministros e Presbíteros regentes (representantes - deputados – dos Presbitérios de todo o País) e exerce jurisdição sobre todos os Concílios.
A partir das oito horas desta segunda-feira, teremos o início da XXXVII Reunião do Supremo Concílio (Assembléia Geral) da nossa amada IPB e cremos que essa reunião, a principal da nossa Igreja, como as demais reuniões dos diversos Concílios, é uma reunião espiritual e, a despeito de tratar de assuntos administrativos, contudo, todos eles, de uma forma ou de outra, são pertinentes ao Reino de Deus.
O capítulo 15 de Atos dos Apóstolos, ao falar do primeiro Concílio da história da Igreja Cristã, apresenta-o como uma reunião essencialmente espiritual, já que o assunto primordial do encontro versava sobre a questão da salvação somente pela graça sem a necessidade do cumprimento de leis mosaicas. Em nossa Assembléia Geral trataremos de assuntos relacionados a toda a Igreja Presbiteriana do Brasil; são documentos enviados pelos Concílios, bem como relatórios dos órgãos missionários e de edificação evangelística e doutrinária da Igreja. De fato, trata-se de uma reunião verdadeiramente espiritual e assim deve ser vista pelo povo de Deus.
Ao ensejo da reunião do nosso Supremo Concílio e à luz do texto de Atos, podemos distinguir quatro princípios importantes para a vida conciliar da Igreja. Ei-los:
1. A reunião do Concílio é espiritual e os assuntos principais são espirituais. No caso de Atos 15, Paulo e Barnabé, juntamente com os demais Apóstolos e Presbíteros, reuniram-se em Jerusalém para discutir a participação dos gentios no Corpo de Cristo, ao lado dos cristãos judaicos. A Igreja de tradição judaica queria exigir que os novos crentes, oriundos do mundo gentílico, cumprissem a lei para que pudessem participar da Igreja do Senhor Jesus. O problema suscitado envolvia o ponto central e nevrálgico da Igreja, a saber: a salvação é só pela graça ou pela graça mais a lei mosaica? Em Atos 15 temos a primeira discussão da tese cristã da salvação somente pela graça. "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus" (Efésios 2.8).
2. O Concílio se reúne para tomar conhecimento das boas novas do Senhor "... ique contavam quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios". No primeiro Concílio, as bênçãos espirituais eram contadas para que todos tomassem conhecimento dos poderosos feitos de Deus na vida da Sua Igreja. Em nosso Concílio, também, teremos a abençoada oportunidade, por meio dos muitos relatórios, verdadeiros testemunhos, de tomar conhecimento das boas novas, vindas dos campos missionários, nacionais e estrangeiros, noticiando a plantação de novas Igrejas e a conversão de milhares de vidas, bem como as notícias das centenas de Instituições de educação, saúde e ação social que fazem a diferença por todas as regiões do País. A reunião certamente será uma grande oportunidade para agradecermos a Deus as copiosas e maravilhosas bênçãos que Ele tem derramado sobre toda a Igreja. Renderemos graças a Deus por Seus sinais e prodígios em nosso meio!
3. O Concílio toma decisões para pacificar, edificar e instruir a Igreja para que ela cumpra a sua missão. As decisões do primeiro Concílio, à luz do texto de Atos 15, indiscutivelmente foram tomadas em oração, absolutamente em consonância com a vontade soberana de Deus, aplicadas à Igreja pelo Espírito Santo. Da mesma forma, devemos orar para que o mesmo Espírito Santo que agiu na vida dos Apóstolos e dos demais participantes daquele Concílio aja poderosamente na vida de todos os membros da nossa Assembléia Geral, para que todas as decisões também sejam tomadas em conformidade com a eterna e sábia vontade de Deus. Que, ao final da reunião possamos reafirmar: "[...] pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...". Para o bem da nossa amada IPB é indispensável que as decisões do Supremo Concílio, nesta reunião, de fato, demonstrem a atuação de Deus.
4. O Concílio comunica as suas decisões para que as mesmas produzam efeito na vida da Igreja. Em Atos 15, Paulo e Barnabé, dentre outros irmãos missionários ("... homens notáveis entre os irmãos"), foram designados para levar as decisões tomadas, publicando-as para o conhecimento de toda a Igreja. A preocupação do Concílio de Jerusalém era no sentido de que todos tomassem conhecimento das decisões e, assim, essas haveriam de produzir o bem espiritual na vida de todo o povo de Deus, pacificando-o e edificando-o no verdadeiro Evangelho. No caso específico da nossa Igreja, após este Concílio, certamente também, as decisões serão publicadas para o conhecimento e prática da totalidade da Igreja, com a esperança de que os mesmos frutos sejam produzidos ainda hoje.
Amados, o Supremo Concílio reúne-se nesta Igreja de Curitiba, a partir do dia 11 até o dia 17 do corrente, e, por ser uma reunião genuinamente espiritual, terá início com um culto de louvor e adoração ao Senhor. Com essa consciência devemos rogar a Deus que este Concílio seja como foi o de Jerusalém, e no seu término, possamos afirmar: "[...] pois pareceu bem ao Espírito Santo e
a nós...".
Do servo Rev. Roberto Brasileiro Silva,
Presidente do Supremo Concílio da
Igreja Presbiteriana do Brasil