Os dois últimos textos que estudamos em Lucas 12 mostram a necessidade de discernimento acerca da pessoa e obra de Jesus, bem como chama a atenção para uma vida de vigilância; pois o dia do juízo, o dia da volta de Cristo, é incerta, ninguém sabe o dia nem a hora. Pode ser a qualquer momento.
Nosso texto de Lucas 13.1-9 continua falando dos temas anteriores devido ao fato que o primeiro passo para a fé em Cristo é o arrependimento.
Como diz o verso 1, “naquela mesma ocasião”, no mesmo momento que Jesus chama todos a se reconciliarem com Deus, Ele aproveita a oportunidade do relato de alguns, que relataram o que Pilatos fez com galileus que foram sacrificar em Jerusalém, e foram mortos e seu sangue misturado com o do sacrifício.
Não sabemos com certeza a motivação da colocação. Alguns sugerem que queriam colocar Jesus contra Pilatos. Outros, com um pensamento religioso distorcido, achavam que alguns grupos de pessoas eram mais pecadoras que outros.
Temos nesse texto, novamente, os assuntos e os desafios mais essenciais da existência humana:
1. NINGUEM É MELHOR DO QUE NINGÚEM
Os que levaram a notícia a Jesus talvez (“pensais”; “cuidais”) quisessem ouvir de Jesus que aqueles galileus eram mais pecadores do que eles.
A resposta de Jesus os surpreendeu. Jesus não se deteve a falar da maldade cometida por Pilatos. Ele não defendeu os galileus, embora tenha passado a maior parte da sua vida e ministério entre os galileus.
Jesus deixa claro que não existem pessoas mais pecadoras que outras. Os galileus foram massacrados por Pilatos, mas os judeus passaram por um desastre ao desabar uma torre sobre eles. E Jesus não considerou aqueles galileus e judeus mais pecadores que os outros.
Como sempre, Jesus foi à questão principal, que é cada um fazer uma análise da sua própria vida. Pois eles estavam mais dispostos a falar sobre a morte dos outros, do que sua própria morte. Como disse J. C. Ryle: “o estado de nossa própria alma deve sempre nossa primeira preocupação” (p.231).
As perguntas que cada um deve fazer ao tomar conhecimento das fatalidades ocorridas com outras pessoas são: “e se tivesse acontecido comigo?”. “Arrependi-me dos meus pecados e já recebi o perdão de Deus?”.
Devemos sentir compaixão pelas calamidades e mortes dos outros, mas não nos esqueçamos de olhar para nossas próprias vidas.
2. A NECESSIDADE UNIVERSAL DE ARREPENDIMENTO
Por duas vezes Jesus deixa isso claro: “Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão.” (vv.3 e 5). Jesus coloca a todos no mesmo patamar espiritual. Todos são igualmente pecadores e precisam de Deus para a salvação.
Como está escrito em Romanos 6.23: ”pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. Essa é uma das verdades fundamentais do cristianismo.
O verdadeiro arrependimento, “começa com o reconhecimento do pecado; prossegue criando tristeza pelo pecado; leva-nos à confissão do pecado diante de Deus; manifesta-se diante dos homens através de um completo rompimento com o pecado. Resulta em produzir o hábito de profundo ódio ao pecado. Acima de tudo, o arrependimento está inseparavelmente unido à fé ativa no Senhor Jesus Cristo.” (Ryle, p.232).
No NT a pregação de João Batista, de Jesus e dos apóstolos era um chamado ao arrependimento diante de Deus e a fé no Senhor Jesus Cristo. É o verdadeiro arrependimento que leva as pessoas a crerem na obra salvadora de Jesus. “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação...” (2Co 7.10).
Pergunta que não deve calar: “Já nos arrependemos?”. Vivemos num país de cultura cristã. Desfrutamos de muitas bênçãos vindas da igreja. Até temos ouvido muitas mensagens que falam de arrependimento. Mas já houve um arrependimento pronto e sincero? Já sentimos do fundo do coração o fato de sermos rebeldes contra Deus?
Se você ainda não se reconheceu como pecador, é preciso fazer isso sem demora! Aos judeus que haviam crucificado Jesus, Pedro disse: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (At 3.19).
Se já nos arrependemos e somos salvos por Cristo, devemos continuar a nos arrepender pelo resto de nossas vidas. Devemos nos arrepender de todo e qualquer pecado, incluindo aqueles pecados mais sutis, que muitas vezes ficam intocados em nosso coração.
Que possamos pensar como um sábio irmão do passado: “desejo levar meu arrependimento até a porta do céu”.
3. DEVEMOS PRODUZIR FRUTOS DE ARREPENDIMENTO
Em seguida às colocações de Jesus de que todos seus ouvintes precisam se arrepender, Ele conta uma parábola. Na linguagem cotidiana da figueira, Jesus conta que Deus espera frutos de nós.
Creio que, em primeiro lugar, Jesus estava falando do Seu povo Israel. Nação privilegiada por ter sido edificada por Deus. Possuía grandes vantagens. Tais como uma fé histórica em Deus, desde Abraão, passando por Moises, profetas, cultos, etc. (Gn 12.1-2; Dt 7.7-8).
Assim Deus se coloca como o dono da fazenda. Tendo por três anos esperado frutos, resolve pedir ao que cuidava das figueiras que a cortasse, pois ela era uma figueira infrutífera, logo, inútil. Não havia sentido ela fica ocupando a terra sem frutificar.
A resposta do viticultor foi magnânima: deixe por mais um ano que vou cuidar dela. Se der fruto, que benção. Se não der, será cortada.
Muitos veem aqui a misericórdia de Jesus ao interceder pelo mundo; ao mesmo tempo a paciência de Deus em esperar frutos das pessoas. Também serve para nos lembrar que até mesmo a paciência de Deus tem limites. Quem não der fruto será cortado e lançado no fogo do inferno.
CONCLUSÃO
Os primeiros 5 versos do texto convocam todos ao arrependimento. A parábola da figueira inútil reforça essa convocação: “arrependam-se AGORA, sem demora!”.
Encerro com uma poesia citada por William Hendriksen no seu comentário de Marcos (p.221):
Há uma linha que não vemos
Que cruza cada vereda,
A fronteira secreta entre
A paciência de Deus e sua ira.
Oh, onde está essa misteriosa linha
Que cruza nossa vereda,
Além da qual Deus jurou
Que se perde quem ultrapassar?
Quanto pode alguém avançar no pecado?
Até que ponto a misericórdia o poupará?
Onde a graça termina e onde começa
Os confins do desespero?
Do céu uma resposta é enviada:
Você, que de Deus tem se apartado,
Hoje, enquanto é chamado, arrependa-se,
E não endureça seu coração.
Pr. Robson Santana
Igreja Presbiteriana do Brasil
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