Tornou-se cada vez mais
difícil abrir um livro sobre ministérios ou participar de
uma conferência em igrejas e não ser abordado
pela palavra missional. Uma busca rápida no Google descobre a
presença de "comunidades missionais", "líderes missionais",
"adoração missional", até "reuniões missionais
informais" e
"café missional". Hoje, todo mundo quer ser missional. Você pode
pensar em um único pastor orgulhosamente anti-missional?
Mas, à
medida que os líderes das igrejas continuam a embarcar no movimento missional, o verdadeiro
significado da palavra pode ser enterrado sob uma pilha de pressupostos. É
simplesmente uma nomenclatura atualizada para “igreja com propósitos” ou “igreja sensível às necessidades”? Será que Missional é
uma nova e mais madura influência do movimento das igrejas emergentes?
É hora de parar e considerar
a origem e o significado da palavra que está reformulando nossa compreensão do
ministério e da igreja. Este diagrama em forma de árvore[1] mostra as raízes da palavra missional e
como seu alcance se expandiu para diferentes áreas do ministério. Alan Hirsch, que se auto
define como "ativista
missional", também fornece uma definição concisa do termo abrangente.
Há consequências quando os
significados das palavras ficam confusos. Isto é particularmente verdadeiro
dentro de uma cosmovisão bíblica.
Os hebreus desconfiavam das imagens como comunicadores da verdade, então
guardavam as palavras e seus significados cuidadosamente. Parte da teologia,
portanto, inclui a proteção do significado das palavras para manter a verdade
dentro da comunidade de fé.
É por
isso que estou preocupado com a confusão que envolve o significado da
palavra missional. Manter a integridade desta palavra é
fundamental, porque a recuperação de uma compreensão missional de Deus e da
Igreja é essencial não só para o avanço da nossa missão, mas também, eu creio,
para a sobrevivência do cristianismo no Ocidente.
Primeiro,
deixe-me dizer o que missional não significa. Missional não
é sinônimo de emergente. A igreja emergente é principalmente um
movimento de renovação tentando contextualizar o cristianismo para uma geração
pós-moderna. Missional também não é o mesmo que evangelístico ou sensível às necessidades. Esses termos geralmente se
aplicam ao modelo de atração da igreja que dominou nossa compreensão por muitos
anos. Missional não é uma maneira nova de falar sobre o
crescimento da igreja. Embora Deus deseje claramente que a igreja cresça
numericamente, isto é apenas uma parte
da maior agenda missional. Finalmente, missional é mais do que
justiça social. Envolver-se com os pobres e corrigir as desigualdades faz parte
de ser agente de Deus no mundo, mas não devemos confundir isso com o todo.
Uma compreensão adequada
de missional começa com a recuperação de uma compreensão missionária
de Deus. Por sua própria natureza, Deus é um "enviado" que toma a
iniciativa de redimir sua criação. Esta doutrina, conhecida como missio
Dei - o envio de Deus - está fazendo com que muitos redefinam sua
compreensão da igreja. Porque somos o povo "enviado" de Deus, a
igreja é o instrumento da missão de Deus no mundo. Como as coisas estão,
muitas pessoas veem o contrário. Elas acreditam que a missão é um instrumento
da igreja; um meio pelo qual a igreja cresce. Embora frequentemente digamos
"a igreja tem uma missão", de acordo com a teologia missional, uma
declaração mais correta seria "a missão tem uma igreja".
Muitas igrejas têm
declarações sobre missões ou falam sobre a
importância da missão, mas onde verdadeiramente as igrejas missionais diferem é
na sua postura em direção ao mundo. Uma comunidade missional vê a missão como
impulso originador e seu princípio organizador. Uma comunidade missional é
modelada segundo o que Deus fez em Jesus Cristo. Na encarnação Deus enviou seu
Filho. Da mesma forma, ser missional significa ser enviado para o mundo; não
esperamos que as pessoas venham até nós. Esta
postura diferencia uma igreja missional de uma igreja atracional.
O modelo de atração, que
dominou a igreja no Ocidente, busca alcançar a cultura e atrair as pessoas para
a igreja - o que eu chamo de busca e apreensão. Mas este modelo só funciona onde
nenhuma mudança cultural significativa é necessária quando se move de fora para
dentro da igreja. E à medida que a cultura ocidental se tornou cada vez mais
pós-cristã, o modelo de atração perdeu sua eficácia. O Ocidente parece mais um
contexto missionário transcultural em que os modelos de igreja atração são
autodestrutivos. O processo de extrair pessoas da cultura e assimilá-las na
igreja diminui a capacidade de falar com aqueles que estão lá fora. As pessoas
deixam de ser missionais e, em vez disso, deixam esse trabalho para o clero.
Uma teologia
missional não está contente com a missão de ser um trabalho baseado na igreja.
Em vez disso, aplica-se a toda a vida de cada crente. Todo discípulo deve ser
um agente do reino de Deus, e todo discípulo deve levar a missão de Deus em
todas as esferas da vida. Todos somos missionários enviados para uma cultura
não-cristã.
Missional representa uma mudança
significativa no modo como pensamos a igreja. Como povo de um Deus missionário,
devemos nos relacionar com o
mundo da mesma forma que ele - indo ao invés de apenas alcançar. Obstruir
este movimento é bloquear os propósitos de Deus em e através do seu povo.
Quando a igreja está em missão, então ela é a verdadeira
igreja.
Alan Hirsch é autor, palestrante e
diretor fundador da The Forge Mission Training Network, uma
organização internacional.
Usado com permissão do autor
_________
Título
original: Defining Missional
URL do original: http://www.christianitytoday.com/pastors/2008/fall/17.20.html
Acesso: 05/06/17
Tradução: Pr. Robson Rosa Santana (Igreja Presbiteriana do Brasil)
Revisão: Pr. Walter Leite (Igreja Batista Betel - Aracaju – SE)
O assunto trouxe o que se origina em Deus é não em necessidade. Não é o que é sim porque!
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