12 de junho de 2013

Strategic Disciple Making - Fazendo Discípulos Estrategicamente - Aubrey Malphurs: uma resenha

MALPHURS, Aubrey.  Strategic Disciple Making: A Practical Tool for Successful Ministry, Grand Rapids: Baker Books, 2009. 180 p.
 
          O livro tem duas partes. A primeira aborda A Preparação para Fazer Discípulos Maduros, abrangendo 6 capítulos. A segunda trata do Processo de Fazer Discípulos Maduros, contendo 5 capítulos. O livro ainda é acrescido de 8 apêndices.
          No primeiro capítulo, O Que Supomos estar Fazendo? Malphurs procura fazer uma análise da missão bíblica da Igreja de Cristo na terra, ou seja, sobre o que a igreja está fazendo em termos de discipulado. Aponta as cinco passagens da Grande Comissão: Mt 28.19-20; Mc 16.15; Lc 24.46-49 e At 1.8. Através de pesquisas conclui que a maioria das Igrejas na América não obedece ao mandamento de Cristo de fazer discípulos. Essas igrejas tem um quadro de valores que não enfatizam o fazer discípulos. Enfatizam o cuidar das pessoas, o ensino da Bíblia, a evangelização dos perdidos, a adoração a Deus e a ministração às famílias como seus focos principais. Na exposição dessas questões, nem sempre os argumentos são fundamentados e as referencias fidedignas. Enfatiza, então, que a missão verdadeira da Igreja é a Grande Comissão.
          No Capítulo 2, Como Estamos Fazendo? Malphurs trata do estado atual de fazer discípulos na América. Segundo ele, a igreja americana não sabe bem o que significa fazer discípulos. Ele acha que está fazendo parte de uma cultura pós-cristã emergente, como na Europa ocidental, ao contrário do crescimento constante do cristianismo na África, Ásia e América Latina. Ainda mostra através de estatísticas o declínio da igreja americana, bem como o aumento dos chamados desigrejados.
          O capítulo 3, Sobre o Que Estamos Falando?, busca definir o que é fazer discípulo no contexto dos termos discípulo e principalmente discipulado. Só que primeiro ele mostra quatro visões do que não é fazer discípulos.
          De quem é o Trabalho? é o tema do quarto capítulo. Nele Malphurs aborda sobre quem faz o discípulo. A responsabilidade primeira é de Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Em segundo lugar, é do próprio discípulo. Por fim, a Igreja também é responsável. Sendo que o papel do discípulo é pessoal e individual. O da igreja é público e corporativo. Nesse último aspecto, destaca que e igreja tem de ter um processo cuidadoso de discipulado.
          Os próximos dois capítulos tratam do fundamento bíblico para fazer discípulos. O capítulo 5 mostra como Jesus fazia discípulos (Evangelhos) e o capítulo 6 como a Igreja Fazia Discípulos (Atos e Epístolas). Em Como Jesus fazia Discípulos?, ele começa pela mensagem. Qual a mensagem do discipulado de Jesus? É dividida em duas partes: para quem ele falava e o que ele falava. Sobre sua audiência, começa com as multidões (Mt 8.1, 18; 12.46; 13.1-2; Mc 1.33, 45; 2.2, 13; 3.7-9, 20, 32; 4.1, 36, etc.). Além dos ensinos, Jesus curava e expulsava demônios. Era uma audiência composta, principalmente, de judeus. Além das multidões, Jesus se dirigia aos discípulos (Mt 5.1-2; 11.1; Mc 8.31; 10.32; Jo 13-17). Nesta segunda audiência havia dois grupos: o círculo mais íntimo (Doze) e o círculo maior (homens – Lc 6.13 - e mulheres – Lc 8.1-3, bem como discípulos individuais como Zaqueu (Lc 19.1-10), um homem possesso (Mc 5.18-19), José de Arimatéia (Mt 27.57; Jo 19.38); e Nicodemos (Jo 3.1-21). Jesus também falava aos dois grupos numa mesma audiência. Quanto às mensagens a suas audiências, o Mestre dirigia-se às multidões, composta em sua maioria de incrédulos, falava que eles deveriam tornar-se discípulos através da fé somente. Aos discípulos haviam duas categorias de mensagens. A primeira, o que eles deveriam fazer enquanto eles estivessem juntos com Jesus, que era o alcance missionário aos de Israel. A segunda categoria consiste de cinco ensinos sobre discipulado, que tanto servia para o tempo de Jesus, bem como para todos os tempos. Tal como o que discípulos devem fazer, o que significa seguir a Jesus, como seguir a Jesus, como saber se uma pessoa é um verdadeiro discípulo e, por fim, o resultado de seguir a Jesus (que é ser pescadores de homens). Desse modo, às multidões o foco era evangelismo, e aos discípulos, o crescimento no discipulado. Em seguida, aborda-se o Método de Discipulado de Jesus, ou seja, Jesus como fazedor de discípulos. Ele pregava às multidões. Focava um pequeno grupo (os Doze, por exemplo); gastava tempo sozinho com o círculo íntimo e aconselhava indivíduos. O desafio dele para nós é para evangelizarmos os incrédulos, bem como edificar a igreja inteira.
          A segunda parte dos fundamentos bíblicos recai, no capítulo 6, sobre como a Igreja fazia discípulos. Malphurs mostra que existe muita semelhança com Jesus, tendo como base Atos e as Epístolas. A audiência da igreja era os judeus e as outras nações. Focando as multidões e os discípulos. Tendo como mensagem a mesma de Jesus, ou seja, aos incrédulos, como eles deveriam tornar-se crentes. E aos discípulos, as mesmas questões que Jesus abordou sobre o discipulado em geral. Malphurs não se esquece de abordar o ministério do Espírito Santo após o Pentecostes. A aplicação para a Igreja de hoje é que o discipulado para igreja continua a seguir o mesmo padrão do discipulado nos evangelhos.   
          A partir do capítulo 7 dá-se início a segunda parte do livro “O Processo para Fazer Discípulos Maduros”. Este capítulo inicial aborda as características de um discípulo maduro, com o título Como nós conheceríamos um Discípulo Maduro se Víssemos Um. Malphurs tem por objetivo desenvolver que não basta apenas fazer discípulos (crentes), mas é preciso fazer discípulos maduros. Para isso aponta para seis razões porque algumas igrejas falharam em fazer discípulos maduros e em seguida mostra 3 passos para as igrejas desenvolverem discípulos maduros. O primeiro passo é Determinar a Missão da Igreja, que é a Grande Comissão.  O segundo passo é abordar a Necessidade da Santificação, analisando o que a Bíblia fala sobre a questão dos propósitos básicos da Igreja, que são cinco: Proclamação (evangelismo e missões), Ensino (instrução bíblica), Serviço, Comunhão e Adoração (Jo 4.23). Ainda sobre as características da santidade, o autor mostra outro grupo de características extraídas do evangelho de Joao: (1) permanece na Palavra de Deus (Jo 8.31-32); (2) Ama uns aos outros (Jo 13.34-35); e (3) Frutifica (Jo 15.8). O Passo 3 é A Questão da Comunicação. É preciso comunicar essas características de modo que a congregação as conheça e possa lembrar-se delas; utilizando-se de aliteração, acróstico ou diagrama.
          Como as Igrejas Fazem Discípulos Maduros? é o assunto do capítulo 8, que tem o propósito de desenvolver um processo ou estratégia que ajudará as pessoas a encarnarem as características abordadas no capítulo anterior. Ou seja, levar a igreja ao processo de santificação que leva à maturidade e envolvimento nos ministérios ou atividades da Igreja. Não somente envolver-se nos ministérios, mas saber qual o propósito deles.
          O capitulo 9 Você Está Fazendo Discípulos? trata da questão da avaliação de discípulos maduros. Nele o autor desenvolve uma ferramenta para a questão da avaliação, explica seus propósitos e guia através do processo de avaliação. Para isso apresenta o fundamento bíblico da avaliação em Atos (1.15; 2.41, 47; 4.4; 5.14; 6.1, 7; 9.31, 35, 42; 11.21, 24; 14.1, 21; 16.5; 17.4, 12; 18.8, 10; 19.26; 21.20), Apocalipse (2-3); 1 Timóteo (3.1-13) e 1 Coríntios (11.28). Afirma que sempre a igreja está sendo avaliada informalmente. E que é mais prudente e produtivo a liderança fazer essa avaliação de modo formal cumprindo assim 6 propósitos: (1) prioriza o ministério; (2) a realização; (3) encoraja a apreciação do ministério; (4) aprecia o ministério mais forte; (5) ajuda a corrigir os ministérios; e (6) leva ao aperfeiçoamento do ministério. A avaliação também promove a mudança do ministério. Malphurs ainda apresenta quatro passos no processo de avaliação do discipulado na igreja: (1) quem conduzirá; (2) quem será avaliado; (3) o que avaliar; e (4) a frequência da avaliação.
           O próximo capítulo trata de Como Recrutar a Equipe Certa. O autor afirma que todos nós podemos fazer mais do que um de nós, por isso a necessidade da equipe. Para isso ele define primeiro o que é uma equipe ministerial, mostrando quais tipos de pessoas são necessárias. O que procurar nelas, que é: caráter, competência e química. A seguir mostra como construir a equipe certa de fazer discípulos com a estratégia certa, os quatro Rs: reafirmar, reimplantar (transferir), recolocar e recrutar. Em seguida trata acerca do recrutamento, que dependendo da situação, podem ser pessoas de fora ou de dentro da Igreja. Trata da organização da equipe em termos de hierarquia e controle. O desenvolvimento da equipe em termos pessoais abordando as questões do ser (caráter); saber (conhecimento); fazer (habilidades) e sentir (emoções).
          O capítulo 11 trata de como financiar o ministério de discipulado na Igreja. Pois segundo ele, há a necessidade de grandes somas de dinheiro para a manutenção de ministérios relevantes, em face de que poucos irmãos das igrejas locais contribuem fielmente com suas igrejas. Desse modo, esse capítulo trata sobre como preparar um orçamento estratégico para fazer discípulos. Para ele a responsabilidade principal recai sobre o pastor titular. Para isso o autor busca uma visão bíblica sobre finanças na igreja. Atribui as responsabilidades da Junta Administrativa, do Pastor e da Equipe. E para implementar um ministério de mordomia para toda igreja, deve-se usar os seguintes meios: sermões, Escola Dominical, pequenos grupos, classe de novos membros, aconselhamento, workshops e seminários.
          O livro possui ainda sete apêndices. O Apêndice A fala sobre Cuidado Pastoral e o Papel do Pastor. A suposição principal do papel principal do pastor é que ele deve prover cuidado pastoral para a congregação: visitação nos hospitais e nas casas, aconselhamento e cuidado durante uma crise. Malphurs desafia essa pressuposição, tanto biblicamente (exegeticamente) quanto praticamente. O cuidado pastoral nos termos acima é uma função do pastorado, mas não é a função primária ou principal. O papel principal é guiar a congregação: ensinar as Escrituras, propagar a missão, traçar a estratégia para realizar a missão da Igreja, proteger as ovelhas dos falsos ensinos, etc. A imagem bíblica do líder como pastor refere-se mais à liderança do que o cuidado pastoral. Segundo Maphurs o papel primário do pastor é o do líder do rebanho, que às vezes provê cuidado pastoral para o rebanho. O apêndice B faz uma análise bíblica da Grande Comissão em Mateus com o título O Que Jesus quis Dizer em Mateus 28.19-20? Quando Ordenou Sua Igreja Fazer Discípulos? Primeiro ele analisa a expressão “fazei discípulos” e depois os particípios “Batizando e Ensinando”. Conclui dizendo que os dois particípios são melhores traduzidos como particípios circunstanciais de meio e o termo fazei discípulos (matheteusantes) como uma clara referência tanto com o evangelismo (batizando), como amadurecimento (ensinando). O Apêndice C é um exemplo de uma matriz de maturidade que deve ser usada para criticar e delinear o processo de fazer discípulos. Mostrando em um eixo os ministérios principais e no outro as características da maturidade. O Apêndice D traz um questionário de avaliação da igreja, com perguntas em termos quantitativo e qualitativo. O Apêndice E trata da um quadro para Avaliações de Caráter. Abordando separadamente ministério de homens e mulheres. O Apêndice F é uma amostra de Descrição de Ministério tomando como exemplo o ministério de Diretor da Educação Cristã com foco em Ministérios de Crianças. O Apêndice G é um Inventário de Habilidades Relacionais. O último apêndice, por sua vez, é um Inventário de Habilidades de Trabalho.
          O livro mostra o fundamento da ordem de “fazer discípulos” e todo um processo detalhado de como se colocar isso na prática tanto individual como coletiva (toda a igreja). Normalmente as igrejas se preocupam com a parte evangelística, e a maioria ainda o faz precariamente com tentativas evangelísticas obsoletas e ineficazes. Os líderes que desejam por em prática a Grande Comissão de Jesus têm em mãos uma ferramenta muito útil e direcionadora.
 
Robson Rosa Santana
Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil

2 comentários:

  1. Já li este livro foi muito edificante para minha vida espiritual que o senhor abençoe a vida de todos.
    Se puderem pode mandar mais sugestões pradeilsonrodriguescunha@gmail.com

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  2. Obrigado pelo feedback. Deus muito o abençoe!

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