COLEMAN, Robert E. O Plano Mestre de Evangelismo.
Trad. Omar de Souza. 2 ed. com nova tradução, São Paulo: Mundo Cristão, 2006. 128
p.
Este
livro de Robert Coleman é um clássico na área de evangelismo e discipulado. Foi
escrito na década de 1960 e traduzido para várias línguas. No prefácio Coleman
destaca a questão do problema dos métodos evangelísticos, questionando,
principalmente, se nossos esforços para manter as coisas funcionando contribuem
para o cumprimento da Grande Comissão. Desse modo ele busca traçar alguns
princípios bíblicos, especialmente através da vida do Mestre Jesus, para que
assim sigamos seus passos. Não somente crermos nele, mas também viver como Ele
viveu. A vida de Jesus, assim, constitui o melhor manual de evangelismo que a
Igreja pode ter. Nos capítulos do livro, Coleman apresenta 8 princípios que
guiaram o Plano mestre de evangelismo.
O
primeiro princípio é o Recrutamento.
Ao analisar os Evangelhos, ele chega à conclusão que Jesus se dirigia às
multidões (massas), pregando, curando e ensinando, mas seu foco principal era
trabalhar com um pequeno grupo, que era formando principalmente pelos
apóstolos. Grupo esse muitas vezes desprezado, mas dispostos a aprender. Foi
com ele que Deus abençoou o mundo, com resultados eternos. Uma vez que ele
queria prenunciar o Reino, era preciso pessoas capacitadas para liderar grupos
maiores. O autor ainda afirma que muitos não conseguiram captar esse princípio
nos dias de hoje. Tendo como resultado a busca da quantidade e admissão na
igreja, em detrimento do amadurecimento.
Princípio
2: Associação. Coleman aqui afirma
que Jesus chamou os Doze para estarem com ele e somente depois é que seriam
enviados. Quanto mais tempo Jesus exercia seu ministério terreno, mais se
associava aos seus discípulos. Quanto mais se aproximava de seu fim aqui na
terra, mas os discípulos aprendiam com ele. Os evangelhos revelam muito das
suas últimas semanas antes da Paixão. As aparições de Jesus após a ressurreição
se deram aos discípulos mais próximos. É um princípio deliberado para Jesus e
claro para a igreja, mas ao mesmo tempo muito negligenciado. Eles estavam com
Jesus para depois testemunharem dele (Jo 15.27). Destaca também que houve
outros que também tiveram a atenção especial de Jesus como Zaqueu, a mulher de
Samaria, Bartimeu, os setenta e um grupo especial de mulheres. A igreja como
Corpo de Cristo na terra também deve ministrar na vida uns dos outros que fazem
parte da igreja. No entanto, só podiam fazer isso se forem treinados. Há
necessidade, portanto, de evangelizar, mas também de acompanhar mais de perto.
A Consagração é outro princípio a ser
seguido pelos discipuladores e discipulandos. Os seguidores de Jesus seriam
identificados pela obediência - chegando a tal ponto que passariam a ser
chamados de cristãos. Nesse aspecto Jesus sempre deixou claro o custo do
discipulado e investiu naqueles que resolveram pagar o preço. Nem tudo que
Jesus ensina e exigia era compreendido de pronto, mas iam aprendendo à medida
que obedeciam. Jesus em João 14 ensinava aos seus que a obediência era prova de
amor e consagração assim como ele mesmo obedeceu ao Pai.
Dar-se
a si mesmo por completo era o método de Jesus para a Transmissão (cap. 4) do que ele queria ensinar aos seus. Ele lhes
deu a paz, a alegria, as chaves do reino, a sua própria glória. “Isso é o
amor”. Coleman também lembra que essa vida de doação de Cristo pelos seus foi/é
mediada pelo Espírito. Desse modo, atesta a obra do Espírito Santo na própria
vida do Cristo e de seus discípulos. Para que os discípulos de Jesus cumpram o
seu chamado é imprescindível a ação do Espírito prometido antes de sua partida.
No contexto do tema do livro, diz Robert Coleman, “o evangelismo teria de
transformar-se em uma compulsão fervida dentro deles, purificando os seus
desejos e orientando os seus pensamentos”.
Jesus
também ensinou através da sua vida por meio da Demonstração prática. Jesus falava e vivia. A prática, por exemplo,
da vida de oração de Jesus, motivou seu pequeno grupo a pedir que lhes
ensinasse a orar. Jesus também os ensinava a importância e o uso das Escrituras
no processo de evangelização e discipulado, bem como interpretar e aplicar a
Palavra na vida de outros. Durante sua vida, Jesus ensinou os discípulos a
ganhar almas, tanto pela pregação, como pela demonstração. Por isso, no
processo de fazer discípulo para Cristo, nós mesmos devemos ser mostruários
daquilo que ensinamos e queremos ver vivenciados por eles. Frisa também que o
conhecimento divorciado da prática constitui-se uma pedra de tropeço na vida do
discipulando.
O
processo de discipulado começa com o recrutamento, passa pela associação,
consagração, transmissão e demonstração. Até aqui se destaca aspectos mais
passivos, mas é preciso passar para uma próxima fase, que é prática, é aí que
entra o princípio da Delegação. Como
nosso supremo Mentor, Jesus chamou para junto de si, testou o conhecimento
daqueles poucos que de fato queriam pagar o preço de segui-lo e aprender dele
na teoria e prática, chegando ao momento de delegar trabalho. Jesus não podava
as iniciativas espontâneas, embora não fosse o foco de seu plano. Ele começou
distribuindo tarefas mais simples, esperando com paciência pelo tempo certo de
enviar às tarefas mais importantes e complexas no que tange a evangelização e
formação espiritual. Alertando-os, ademais, acerca dos obstáculos e
dificuldades que enfrentariam. Bem como que a aceitação ou rejeição das boas
novas referia-se principalmente ao próprio Jesus (Mt 10.40, Jo 13.20). Jesus
destaca a estreita associação com ele e dos discípulos uns com os outros (de
dois a dois). Por fim, após sua ressurreição, deixou claro que eles deveriam
continuar sem ele – fisicamente – mas que enviaria outro Ajudador, o Espírito
Santo, para cumprirem o chamado.
O
próximo passo também é essencial. O trabalho havia sido delegado, porém não sem
algum tipo de supervisão. Eles
deveriam ir, mas estavam sob análise para revisão, correção e aplicação
contínua daquilo que fosse preciso. Assim, Jesus agiu após o envio dos Doze e
dos Setenta, na pré-evangelização das aldeias de Samaria e em muitas outras
ocasiões. No nosso treinamento para o evangelismo é exigido a mesma paciência
para ensinar por palavras e ações e a devida supervisão na prática da Grande
Comissão dos discipulandos nesse mundo amado por Deus.
No
Plano Mestre de Evangelismo vivido
por Jesus e esperado pelos líderes para continuar a obra de discipular o mundo,
a expectativa é que houvesse reprodução
ou multiplicação de discípulos, como descrito nas parábolas do grão de mostarda
(Mt 13.32, Mc 4.32, Lc 13.18,19) e do fermento (Mt 13.33). O plano de Jesus é
que seu pequeno grupo treinado pudesse testemunhar dele, ensiná-los e assim
estes conquistar outros. É simples, mas foi o método de Jesus, que deve ser
incorporado por homens e mulheres cheios do Espírito Santo apaixonados pelos
perdidos.
Robert
Coleman conclui que se deve confrontar o Plano Mestre de Jesus com o plano
individual do crente e o plano da igreja.
Contudo, esses princípios estabelecidos por Jesus devem ser adaptados à
realidade contextual à qual nos dirigimos. Deve-se começar com poucos (recrutamento),
que buscam estar juntos (associação),
entendendo que crescimento demanda tempo para que cresçam, façam (delegação) e
se reproduzam, sempre debaixo de muito acompanhamento e supervisão.
À
época de sua escrita na década de 1960, o livro, de certa forma, foi uma
revolução na práxis evangelística/missionária da Igreja. Como diz na conclusão,
é importante observarmos a vida e obra de Cristo para seguirmos seu modelo, ou
seja, as estratégias da Igreja devem ser bíblicas. O Plano Mestre de Evangelismo continua sendo muito útil para aqueles
que reconhecem o mandamento final de fazermos discípulos de todas as nações,
povos e línguas.
Robson Rosa Santana
Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil
Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil
o livro de coleman é realmente muito interessante pois abre muitas mentes no que concerne ao evangelismo e seu frutos. eu gostaria de perceber se os principios de evangelização aqui enumerados se relacionam entre si
ResponderExcluirÉ sequência de ações e práticas com o propósito de continuar a missão e fazer discípulos maduros.
ResponderExcluirDiante dessa exposição narrada por Coleman, vemos que precisamos fazer muito mais para o crescimento da obra de Cristo.
ResponderExcluiriiiuu
ResponderExcluir