12 de junho de 2013

O Plano Mestre de Evangelismo | Robert E Coleman: uma resenha


COLEMAN, Robert E. O Plano Mestre de Evangelismo. Trad. Omar de Souza. 2 ed. com nova tradução, São Paulo: Mundo Cristão, 2006. 128 p.
 
          Este livro de Robert Coleman é um clássico na área de evangelismo e discipulado. Foi escrito na década de 1960 e traduzido para várias línguas. No prefácio Coleman destaca a questão do problema dos métodos evangelísticos, questionando, principalmente, se nossos esforços para manter as coisas funcionando contribuem para o cumprimento da Grande Comissão. Desse modo ele busca traçar alguns princípios bíblicos, especialmente através da vida do Mestre Jesus, para que assim sigamos seus passos. Não somente crermos nele, mas também viver como Ele viveu. A vida de Jesus, assim, constitui o melhor manual de evangelismo que a Igreja pode ter. Nos capítulos do livro, Coleman apresenta 8 princípios que guiaram o Plano mestre de evangelismo.
          O primeiro princípio é o Recrutamento. Ao analisar os Evangelhos, ele chega à conclusão que Jesus se dirigia às multidões (massas), pregando, curando e ensinando, mas seu foco principal era trabalhar com um pequeno grupo, que era formando principalmente pelos apóstolos. Grupo esse muitas vezes desprezado, mas dispostos a aprender. Foi com ele que Deus abençoou o mundo, com resultados eternos. Uma vez que ele queria prenunciar o Reino, era preciso pessoas capacitadas para liderar grupos maiores. O autor ainda afirma que muitos não conseguiram captar esse princípio nos dias de hoje. Tendo como resultado a busca da quantidade e admissão na igreja, em detrimento do amadurecimento.
           Princípio 2: Associação. Coleman aqui afirma que Jesus chamou os Doze para estarem com ele e somente depois é que seriam enviados. Quanto mais tempo Jesus exercia seu ministério terreno, mais se associava aos seus discípulos. Quanto mais se aproximava de seu fim aqui na terra, mas os discípulos aprendiam com ele. Os evangelhos revelam muito das suas últimas semanas antes da Paixão. As aparições de Jesus após a ressurreição se deram aos discípulos mais próximos. É um princípio deliberado para Jesus e claro para a igreja, mas ao mesmo tempo muito negligenciado. Eles estavam com Jesus para depois testemunharem dele (Jo 15.27). Destaca também que houve outros que também tiveram a atenção especial de Jesus como Zaqueu, a mulher de Samaria, Bartimeu, os setenta e um grupo especial de mulheres. A igreja como Corpo de Cristo na terra também deve ministrar na vida uns dos outros que fazem parte da igreja. No entanto, só podiam fazer isso se forem treinados. Há necessidade, portanto, de evangelizar, mas também de acompanhar mais de perto.
          A Consagração é outro princípio a ser seguido pelos discipuladores e discipulandos. Os seguidores de Jesus seriam identificados pela obediência - chegando a tal ponto que passariam a ser chamados de cristãos. Nesse aspecto Jesus sempre deixou claro o custo do discipulado e investiu naqueles que resolveram pagar o preço. Nem tudo que Jesus ensina e exigia era compreendido de pronto, mas iam aprendendo à medida que obedeciam. Jesus em João 14 ensinava aos seus que a obediência era prova de amor e consagração assim como ele mesmo obedeceu ao Pai.
          Dar-se a si mesmo por completo era o método de Jesus para a Transmissão (cap. 4) do que ele queria ensinar aos seus. Ele lhes deu a paz, a alegria, as chaves do reino, a sua própria glória. “Isso é o amor”. Coleman também lembra que essa vida de doação de Cristo pelos seus foi/é mediada pelo Espírito. Desse modo, atesta a obra do Espírito Santo na própria vida do Cristo e de seus discípulos. Para que os discípulos de Jesus cumpram o seu chamado é imprescindível a ação do Espírito prometido antes de sua partida. No contexto do tema do livro, diz Robert Coleman, “o evangelismo teria de transformar-se em uma compulsão fervida dentro deles, purificando os seus desejos e orientando os seus pensamentos”.
          Jesus também ensinou através da sua vida por meio da Demonstração prática. Jesus falava e vivia. A prática, por exemplo, da vida de oração de Jesus, motivou seu pequeno grupo a pedir que lhes ensinasse a orar. Jesus também os ensinava a importância e o uso das Escrituras no processo de evangelização e discipulado, bem como interpretar e aplicar a Palavra na vida de outros. Durante sua vida, Jesus ensinou os discípulos a ganhar almas, tanto pela pregação, como pela demonstração. Por isso, no processo de fazer discípulo para Cristo, nós mesmos devemos ser mostruários daquilo que ensinamos e queremos ver vivenciados por eles. Frisa também que o conhecimento divorciado da prática constitui-se uma pedra de tropeço na vida do discipulando.
          O processo de discipulado começa com o recrutamento, passa pela associação, consagração, transmissão e demonstração. Até aqui se destaca aspectos mais passivos, mas é preciso passar para uma próxima fase, que é prática, é aí que entra o princípio da Delegação. Como nosso supremo Mentor, Jesus chamou para junto de si, testou o conhecimento daqueles poucos que de fato queriam pagar o preço de segui-lo e aprender dele na teoria e prática, chegando ao momento de delegar trabalho. Jesus não podava as iniciativas espontâneas, embora não fosse o foco de seu plano. Ele começou distribuindo tarefas mais simples, esperando com paciência pelo tempo certo de enviar às tarefas mais importantes e complexas no que tange a evangelização e formação espiritual. Alertando-os, ademais, acerca dos obstáculos e dificuldades que enfrentariam. Bem como que a aceitação ou rejeição das boas novas referia-se principalmente ao próprio Jesus (Mt 10.40, Jo 13.20). Jesus destaca a estreita associação com ele e dos discípulos uns com os outros (de dois a dois). Por fim, após sua ressurreição, deixou claro que eles deveriam continuar sem ele – fisicamente – mas que enviaria outro Ajudador, o Espírito Santo, para cumprirem o chamado.
           O próximo passo também é essencial. O trabalho havia sido delegado, porém não sem algum tipo de supervisão. Eles deveriam ir, mas estavam sob análise para revisão, correção e aplicação contínua daquilo que fosse preciso. Assim, Jesus agiu após o envio dos Doze e dos Setenta, na pré-evangelização das aldeias de Samaria e em muitas outras ocasiões. No nosso treinamento para o evangelismo é exigido a mesma paciência para ensinar por palavras e ações e a devida supervisão na prática da Grande Comissão dos discipulandos nesse mundo amado por Deus.
          No Plano Mestre de Evangelismo vivido por Jesus e esperado pelos líderes para continuar a obra de discipular o mundo, a expectativa é que houvesse reprodução ou multiplicação de discípulos, como descrito nas parábolas do grão de mostarda (Mt 13.32, Mc 4.32, Lc 13.18,19) e do fermento (Mt 13.33). O plano de Jesus é que seu pequeno grupo treinado pudesse testemunhar dele, ensiná-los e assim estes conquistar outros. É simples, mas foi o método de Jesus, que deve ser incorporado por homens e mulheres cheios do Espírito Santo apaixonados pelos perdidos.
          Robert Coleman conclui que se deve confrontar o Plano Mestre de Jesus com o plano individual do crente e o plano da igreja.  Contudo, esses princípios estabelecidos por Jesus devem ser adaptados à realidade contextual à qual nos dirigimos. Deve-se começar com poucos (recrutamento), que buscam estar juntos (associação), entendendo que crescimento demanda tempo para que cresçam, façam (delegação) e se reproduzam, sempre debaixo de muito acompanhamento e supervisão.
          À época de sua escrita na década de 1960, o livro, de certa forma, foi uma revolução na práxis evangelística/missionária da Igreja. Como diz na conclusão, é importante observarmos a vida e obra de Cristo para seguirmos seu modelo, ou seja, as estratégias da Igreja devem ser bíblicas. O Plano Mestre de Evangelismo continua sendo muito útil para aqueles que reconhecem o mandamento final de fazermos discípulos de todas as nações, povos e línguas.
Robson Rosa Santana
Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil

4 comentários:

  1. o livro de coleman é realmente muito interessante pois abre muitas mentes no que concerne ao evangelismo e seu frutos. eu gostaria de perceber se os principios de evangelização aqui enumerados se relacionam entre si

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  2. É sequência de ações e práticas com o propósito de continuar a missão e fazer discípulos maduros.

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  3. Diante dessa exposição narrada por Coleman, vemos que precisamos fazer muito mais para o crescimento da obra de Cristo.

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