10 de abril de 2017

A missão dos apóstolos e a missão da Igreja (Mc 6.7-13)

INTRODUÇÃO

Em Marcos 3.14-21 Jesus vocaciona os apóstolos, e depois de um tempo de treinamento junto com Ele, observando-O, Jesus os envia pela primeira vez a pregar.

Jesus está treinando seus discípulos, através do processo de mentoria ou discipulado: (1) Ele faz e os discípulos apenas observam; (2) Jesus envia a fazer o que já aprenderam; (3) Jesus corrige e motiva a continuar fazendo a obra; e, por fim, (4) eles teriam de fazer a obra “sozinhos”. Na verdade, sem a presença física de Jesus, mas com o outro Ajudador (paracletos), o Espírito Santo.

Essa missão foi uma missão preliminar a Israel, preparando-os para a missão a todo mundo (Mc 16.15); como embaixadores oficiais de Cristo, revestidos com a autoridade de representá-lo. Quem os recebesse, era o mesmo que receber a palavra de Sua própria boca do próprio Jesus (cf. Mt 10.40). Os Doze eram o novo núcleo de Israel, representando os Doze patriarcas.


1) JESUS DISSE AOS APÓSTOLOS O QUE ELES DEVERIAM FAZER

Os obreiros de Jesus não devem realizar a obra do modo que lhes vier à cabeça. Eles devem seguir as ordens de Jesus quanto ao que pregar e como se comportar enquanto realiza a vontade de Deus.

Três áreas distintas da missão apostólica:

1.1 – Eles pregaram arrependimento

“Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependessem”.

A mensagem do evangelho começa com o aspecto negativo. Há um problema a ser sanado. O ser humano é pecador, tem cometidos crimes contra a Lei de Deus. É preciso começar com o arrependimento: “mudar de mente e logo adaptar a ação a essa mudança” (HDL). “É impossível alguém entrar no Reino dos Céus sem passar pela porta do arrependimento” (HDL).

1.2 – Eles curaram enfermos ungindo-os com óleo

Deus deu autoridade a eles também para curar enfermos. Mostrando, assim, que salvação alcança o homem como um todo: corpo e alma.

“Ungiam com óleo”. O óleo era usado como cosmético, remédio, alimento e combustível, que são funções naturais, mas é também símbolo espiritual.

Nesse caso era símbolo do poder, da presença e da graça do Espírito Santo. Querendo dizer mais ou menos o seguinte: “olhe para Deus para ser curado, e não para nós” (HW).

1.3 – Eles expulsaram demônios

A libertação faz parte do evangelho. Jesus veio para libertar os cativos de satanás. Isaías profetizou que o Espírito viria sobre Jesus a fim de “proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados” (Is 61.1).

At 10.38 também afirma: “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.”


2) JESUS DEU AOS APÓSTOLOS A METODOLOGIA

As ações dos apóstolos deveriam reforçar a mensagem que eles iriam proclamar.

2.1 – Enviados de dois em dois

Há dois aspectos a se destacar nesse envio de dois em dois: cooperação mútua e testemunho válido.

Duas pessoas trabalhando juntas podem realizar mais do que duas em separado. Um ajuda o outro nas decisões a serem tomadas, e assim cometem menos erros. Ajudarão um ao outro nas dificuldades, e assim fracassarão menos. Animarão um ao outro quando vier os tempos de desânimo, prevenirá quanto a ociosidade e indiferença. (cf. Ec 4.9-10 e Hb 10.24-25).

Exemplos: Pedro e João (At 3.1; 4.1, 13, 19); Barnabé e Paulo (At 13.1-3) e Barnabé e Marcos (At 15.39).

E de acordo com a Lei e as tradições da época, testemunho válido teria de ter duas ou três testemunhas (Cf. Dt 17.6; 19.15; 2co 13.1).

2.2 – Deveriam confiar na provisão de Deus

“Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro; que fossem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas” (vv. 8-9)

“Somente as coisas que eram absolutamente necessárias deveriam ser levadas na viagem” (WH). Por quê? “porque digno é o trabalhador do seu alimento” (Mt 10.10). “Sobre os que ouvem o evangelho pesa a responsabilidade do sustento dos que os trazem” (WH).

Jesus queria que eles fossem devidamente supridos, mas não a ponto de deixarem de viver pela fé. Deveriam fazer a obra confiando em Deus, sem ostentação ou exploração dos ouvintes.

2.3 – Deveriam ser sensíveis à cultura do povo

A hospitalidade era algo sagrado no Oriente: saudação, lavar os pés, alimentar e acompanhar na despedida. Os apóstolos deveriam respeitar a hospitalidade comendo o que fosse oferecido, sem ficar fazendo exigências. Logo, não deveriam ficar mudando de casa. “O evangelho deve ser anunciado dentro do contexto cultural de cada povo” (HDL).

Esse aspecto é de grande aplicabilidade nas missões transculturais em todos os tempos. Não é necessário impor a cultura do missionário. Respeita-se e até a usa, no limite que não comprometa ao Evangelho e não seja pecaminoso em si.


3. JESUS ENSINOU QUE SE DEVE APROVEITAR AS PORTAS ABERTAS E NÃO FORÇAR AS FECHADAS

Onde quer que fosse, se as portas fechassem, não deveriam permanecer, a exemplo de Jesus em terras Gadarenas e em Nazaré. Paulo orou por portas abertas (Ef 6.19-20), onde se abriam, ele continuava pregando. Onde se fechavam, ele partia. “O critério do investimento era ao vislumbre de portas abertas” (HDL).

Jesus alerta aqueles que fecham as portas. Os discípulos deveriam “sacudir o pó das sandálias”. Era tradição dos judeus, ao sair de um território pagão e entrar em Israel, sacudir o pó das sandálias e roupas.

Paulo e Barnabé fizeram isso em Antioquia da Pisídia, “em protesto contra eles” (At 13.50-51).

Significado: declaração pública do desprazer divino sobre o lugar que se recusa a ouvir o evangelho. “Não há salvação onde a Palavra de Deus é rejeitada” (HDL). Um dos maiores pecados que alguém pode cometer é ouvir o Evangelho e desprezá-lo. Ouvir e não se arrepender.

O que estamos fazendo com o evangelho?

Já recebemos o evangelho em nossos corações? Estamos de fato seguindo a Cristo? Se não estivermos, somos piores que os idolatras pagãos. Pois estes nunca ouviram falar de Jesus.

Haverá menos rigor para Sodoma e Gomorra (Mt 10.15) do que para aqueles que já ouviram, mas não assumem um compromisso verdadeiro com Jesus.

Quantas vez ouvimos de pessoas crentes que sabem que estão vivendo em pecado, mas não desejam mudar de vida!?


CONCLUSÃO

Algumas implicações demandam dessas palavras de envio de Jesus:

1) O modelo visto em Jesus deveria ser aplicado no treinamento de seus obreiros, em todos os tempos: mentoria.

2) Assim como Jesus enviou os apóstolos para Israel e depois, para o mundo, a Igreja também é enviada (Jo 17.18).

3) Ele não somente envia, mas também capacita. Ele já enviou Seu Espírito sobre a Igreja no dia de Pentecostes (At 2)

Confiemos na metodologia e na provisão de Deus. Ele é Senhor da história. Ele cuida dos seus. Resta-nos sermos obedientes. A obediência determina o avanço.
Em suma aprendemos de Jesus o que fazer, como deveria ser realizado e aproveitar as oportunidades, procurando por portas abertas.


Robson Rosa Santana



Pesquisa:
Hernandes Dias Lopes [HDL]. Marcos. Ed. Hagnos.
J. C. Ryle [JCR]. Meditações no Evangelho de Marcos. Ed. Fiel
Matthew Henry [MH]. Mateus a João. Ed. CPAD.
Robertson. Word Pictures. Bible Work [CD/ROM]
William Hendriksen [WR]. Marcos. Ed. Cultura Cristã.

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