OLTHUIS, James H. On Worldviews. In: Worldviews and Social Science. London: University Press, 1989.
RESUMO
DE ARTIGO
James H.
Olthuis inicia o artigo dizendo que as questões fundamentais acerca da vida
estão profundamente arraigadas no coração humano. Quem sou? Para onde vou? Há
deus? Como viver e morrer feliz? Todas as pessoas possuem respostas para estas
ou algumas dessas perguntas existenciais e ao responder, se parcialmente ou
implicitamente, isso constitui sua cosmovisão ou visão da vida.
São estas as
questões que mais tocam a essência de uma sociedade. As respostas a essas
perguntas, seja em caráter pessoal, regional ou tribal, societal ou até mesmo
geral em relação ao mundo, não somente moldam o pensamento das pessoas, mas
também as suas ações.
Segundo
Olthuis há uma gama muito grande de divergências sobre o significado e função
das cosmovisões. No Ocidente, uma cosmovisão, ou Weltanschauug, “tem sido geralmente tratada como um sistema de
pensamento abrangente e unificado, suportando várias relações com filosofia” (Dilthey,
Engels e Kierkegaard) (p.26-27); com as condições sócio-econômicas (Marx, Freud
e Nietzsche); com a filosofia da linguagem (Wilhelm Von Humboldt, Heidegger,
Gadamer e Benjamim Lee Whorf). Uma cosmovisão pode ainda ser relacionada com a
ciência (modelo fisicista-empirista dominante); com a teologia e ainda com o
surgimento do pensamento sociobiológico.
Como ele diz,
“este caleidoscópio de abordagens modernas para cosmovisões dá o contexto e a
ocasião para este paper. Meu objetivo
é descrever a anatomia de uma cosmovisão: sua fonte, estrutura e função”
(p.28).
Quanto à fonte
de uma cosmovisão, Olthuis alerta para o reducionismo que diz que a fonte jaz
na fé, ou pensamento, ou paixão, ou condições socioeconômicas. Para ele, todos
os fatores da vida, como os aspectos biofísico, emocional, racional,
socioeconômico, ético e “religioso”, de forma simultânea e interdependente, ou
seja, o modelo multidimensional, formam uma cosmovisão de modo abrangente e ao
mesmo tempo flexível.
Quanto à
função, ele crê “que uma cosmovisão pode ser um meio de mediação e integração em
um movimento de dois caminhos entre o compromisso de fé e todos os outros
modelos da experiência humana” (p.28).
Uma cosmovisão
é uma estrutura de crenças fundamentais que nos fazem ver o mundo, bem como
nosso chamado e futuro nele. Ou seja, é um meio de canalizar nossas crenças
básicas que nos dão direção e significado. Em outras palavras, uma cosmovisão
determina como vemos a vida e o mundo (descritiva)
e estipula o que devemos ser (normativa).
Como disse
antes, a formação de uma cosmovisão envolve fé. Fé no sentido de viver para
algo, pertencer a algum lugar, a busca do significado para a vida e a
felicidade eterna. Nesse aspecto, ter fé é essencial para a vida. E nesse
aspecto pode ser no Deus pessoal da Bíblia ou em qualquer outro falso deus. Ao
mesmo tempo isso é perigoso com relação a onde ou a quem coloca-se a confiança.
Pois se a fé prova-se fútil, a vida perde sentido. O autor cita Paul Tillich:
“nossa questão última pode destruir-nos como pode curar-nos. Porém nunca
podemos existir sem ela” (Dynamics of
Faith, p.16).
Desse modo,
uma cosmovisão provê respostas fundamentais para as questões últimas: Quem
somos? Para onde estamos indo? O que devemos fazer? O que é o bem e que é o
mal? Outhuis diz: “eu estou fazendo isso porque eu creio que esta é a natureza
da vida e que minha felicidade última depende de agir de acordo com meu
compromisso mais profundo e crenças mais elevadas” (p.31).
Além das
percepções de fé, há o restante da nossa experiência de vida que moldam nossa
cosmovisão. Ao mesmo tempo em que uma cosmovisão é uma visão de fé para a vida, ela também é moldada pela visão da vida para a fé. A
formação de uma cosmovisão em uma tradição particular e dentro de um contexto
psicossocial particular mostra que ela não é produto apenas de fé, mas de fé
baseada em todas as outras dimensões da experiência humana.
Assim, Olthuis
enfatiza que cosmovisões “são comunicadas não apenas por compromisso de fé, mas
também pela tradição, condições socioeconômicas, instituições sociais,
autoridades, ciência e educação, costumes, família e amigos, memória,
experiência emocional, saúde físio-orgânica, desenvolvimento intelectual,
temperamento volitivo, sexualidade, etc.” (p.33).
Quando surge
uma lacuna entre uma cosmovisão e a experiência (realidade) estabelece-se a
crise, frustração e tensão. Podendo atingir toda uma sociedade. É desse modo
que uma cosmovisão está sempre em processo de formação. Se a nossa visão da
vida vai de encontro a uma cosmovisão estabelecida, nos adequamos àquilo que
consideramos a verdade. Segundo Olthuis, isso bloqueia de ser aberto à
revelação de Deus porque crenças corretas e uma visão correta refletirá a ordem
universal de Deus que nos fez para a vida. Olthuis finaliza o artigo fazendo
uma integração entre fé e prática (modo de vida) que modelam uma cosmovisão, e
chama a atenção dizendo que uma cosmovisão deve nos mover para a plenitude do
ser, reconciliação e esperança.
Como o artigo
foi escrito para o contexto maior do livro que é sobre “Cosmovisão e Ciência
Social”, a contribuição de Olthuis foi definir cosmovisão (ou cosmovisões) em
seus aspectos formativos, estruturais e funcionais, opinando de forma pessoal e
rápida, por uma cosmovisão com fulcro da revelação de Deus.
Robson Rosa Santana
James Olthuis
James
Olthuis, PhD (Free University, Amsterdam), B.D., (Calvin College), is
professor of philosophical theology at the Institute for Christian
Studies. Olthuis joined the ICS faculty in 1968. He concentrates on
philosophical anthropology, hermeneutics, ethics and psychotherapy. He
has published Facts, Values and Ethics: A Confrontation with Twentieth Century British Moral Philosophy; I Pledge You My Troth: A Christian View of Marriage, Family and Friendship; Keeping Our Troth; A Hermeneutics of Ultimacy: Peril or Promise; and The Beautiful Risk: A New Psychology of Loving and Being Loved. He is the editor of Knowing Other-wise, Towards an Ethics of Community, and Religion With/out Religion.
Olthuis has a long list of scholarly articles, popular articles and
book chapters on a variety of subjects, especially philosophical
anthropology, postmodern philosophy, hermeneutics and psychotherapy.
Favor usar com permissão. E-mail: rrsantana@hotmail.com
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