1 de agosto de 2018

O equívoco monumental do comunismo | Fabiano de Almeida Oliveira

Vejo pessoas o tempo todo romantizarem o regime comunista como uma alternativa mais humana, justa e igualitária. O comunismo tal como proposto por Marx, ou nas suas versões posteriores tais como as encontramos em Lukács, Gramsci​ e em alguns pensadores da nova esquerda, está fadado ao fracasso enquanto práxis social e política. Aliás, a história recente tem demonstrado isso. E isso por causa de seu componente utópico e, portanto, irrealizável. O que ocorre por quatro razões muito simples: 

1) Primeiro porque ignora deliberadamente o egoísmo como componente intrínseco à natureza ou condição humana. Não pode haver sociedade perfectivel se os seres humanos são profundamente auto-interessados. Além do mais, tal egoísmo não se deve apenas aos efeitos corruptores da sociedade, ou do meio, sobre os homens, como pensava Rousseau em seu otimismo antropológico, mas é originário, como atesta a experiência (e boa parte dos pensadores ocidentais: Agostinho, Calvino, Hobbes, Pascal, Freud, etc.);

2) Em segundo lugar, porque atribui um caráter de virtude, quase que essencial, ao pobre, ao oprimido e às minorias. Como se o simples fato de pertencer ao "proletariado" já conferisse às pessoas um grau de credibilidade e legitimidade superiores aos dos demais indivíduos;

3) Em terceiro, porque tende a identificar, necessariamente, igualdade social com justiça social, o que é um equívoco;

4) E em quarto lugar, porque usurpa da religião o lugar que por direito é dela como catalisadora de uma esperança escatológica que jamais poderá se concretizar neste presente estado de coisas. Ou seja, o comunismo tenta concretizar na história, pela força do Estado, aquilo que nem as religiões costumam prometer ao fiel nesta vida. Daí porque, geralmente, apelam para uma redenção para além deste mundo material.

Longe de acreditar que o neocapitalismo global seja a solução para o mundo atual, uma democracia liberal com preocupação social continua sendo a alternativa menos pior num mundo sem alternativas viáveis. 

Geralmente, o que se viu e o que se vê nos socialismos vigentes é o monopólio de um Estado centralizador, governado por pessoas megalomaníacas, controlando e limitando as liberdades individuais e direitos fundamentais das pessoas ao bel prazer de suas convicções ideológicas. 

Fabiano de Almeida Oliveira
Teólogo,  filósofo  e professor no Mackenzie Rio


* Texto postado originalmente no Facebook do autor em 2017. Usado com permissão .

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