Há uma passagem no Novo Testamento, Atos 17, que conta a história do apóstolo Paulo pregando sua mensagem de boas novas para os pagãos gregos no Areópago. Eu escrevi em um artigo e um livro sobre como Paulo realmente subverte a cultura greco-romana ao recontar a antiga narrativa estoica pagã redefinida por meio de uma cosmovisão cristã. Ele estava tão familiarizado com as crenças pagãs que ele poderia citá-las e até mesmo recontar suas narrativas. Isso significa que ele estudou sua cultura, a fim de se conectar com ela para que pudesse compartilhar com essa cultura o Jesus ressuscitado, a quem ele havia encontrado. Ele leu a sua filosofia e conhecia seus mitos e narrativas culturais. A passagem começa com ele dizendo aos atenienses que ele percebia que eram um povo religioso, com base no seu altar a um deus desconhecido em meio a muitos do panteão.
Eu sinto algo semelhante quando eu assisto a filmes da Marvel, como Capitão América: Guerra Civil.
Percebo que a América é um povo religioso. Eu não quero dizer no velho sentido das origens da "América cristã" ou mesmo a elevada percentagem de crentes americanos nesse Deus. O que quero dizer é que, como a sociedade ocidental tornou-se mais secular e mais cristofóbica, tem de modo correspondente se tornado, não menos religiosa, porém mais pagã em sua religiosidade.
Caso em questão:. Super-heróis *
A religiosidade pagã é ilustrada no abraço politeísta deste novo panteão de deuses. Não é novidade que os super-heróis são versões modernizadas atualizadas dos antigos deuses 2.0. A humanidade anseia transcendência e divindade, e se recusamos o Deus vivo, nós substituímo-lo com novos deuses, e uma nova religião. Assim, mesmo o reducionismo secular do super-herói moderno só serve para perpetuar o mito religioso com uma roupagem pseudocientífica "secular". A maioria dos super-heróis têm algum tipo de origem científica para os seus poderes. Mesmo Thor não é sobrenatural, mas apenas um alienígena antigo.
Romanos 1: 21-23:
"Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis."
O mundo moderno rejeita o Deus vivo e por isso cria deuses e religiões substitutos, a fim de contar histórias que incorporam os seus valores.
Mas, apesar desta idolatria e como Paulo com os estoicos no Areópago, muitas vezes fico espantado ao descobrir algumas verdades poderosas do universo Marvel com o qual eu certamente gostaria de concordar.
Um desses valores é o excepcionalismo americano do Capitão América.
Os filmes não são feitos no vácuo. Eles muitas vezes refletem o zeitgeist ou "espírito da época" que permeia nossa cultura. Somos uma sociedade politeísta que se tornou cada vez mais polarizada em nossas guerras políticas e culturais. Assim não é nenhuma surpresa que os nossos deuses agora expressam essa hostilidade interna em filmes como Capitão América: Guerra Civil (CA:GC) e Batman vs. Super-homem. Como um dos personagens diz em CA:GC, "Um império que desmorona a partir de seus inimigos pode surgir novamente, mas se ele se desintegra a partir de dentro, está morto para sempre". O vilão em CA:GC procura fazer com que os seus inimigos, os Vingadores, matem uns aos outros.
Mas, em contraste com o zeitgeist multicultural usual de Hollywood é a aparente rejeição da loucura socialista utópica da Marvel que está dominando as mentes de nossa sociedade, como as garras de um demônio possuidor. Tornamo-nos cínicos e niilistas, assim, o bom rapaz perenemente perfeito, Superman (Do universo DC) renunciou à sua cidadania americana nos quadrinhos, e ficou obscuro junto com o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller (ATUALIZADO: Corrigido no filme Batman vs. Superman).
Mas nesse mundo cínico, vem o super-herói do passado, Capitão América. Literalmente, ele é transportado para o nosso mundo moderno dos velhos tempos da Segunda Guerra Mundial. Assim, ele ainda tem aqueles valores americanos curiosos que Superman rejeitou em um filme anterior ( "Verdade, Justiça", mas certamente não o "American Way"). E isso é o que faz a nossa sociedade cínica moderna disposta a vê-lo, porque eles vêem isso como anacronismo ultrapassado e irônico em justaposição com o nosso dia moderno. Oh, como os cínicos e niilistas amam "ironia".
Mas é justamente aqui que o Capitão torna-se a lição da "grande geração". É precisamente esses valores do "ultrapassado" deixado para trás o excepcionalismo americano de uma época passada, uma era geralmente condenada como valores "Ozzie e Harriet", que se torna a bondade, integridade e justiça que poderia nos salvar de nós mesmos. Os valores de cavalaria que parece arrogante e presunçosa ao coletivismo da esquerda modernoa e o assim chamado anti-colonialismo da América de Obama.
Não vou fingir que entendo todas as trilhas míticas do universo Marvel, nem lembrar de todos os detalhes tediosos de sua mitologia e personagens. Mas a grande figura histórica do Capitão América: Guerra Civil é que o mundo está culpando os Vingadores por toda a destruição que ocorreu por causa das atividades terroristas dos bandidos da Hydra que querem controlar o mundo. Hummmm, isso soa como a América sendo responsabilizada ao mesmo tempo que protegendo o mundo de uma certa ala extrema de uma determinada religião que todos sabemos está realizando jihad em nome do seu deus? E enquanto estamos no assunto, vamos colocar a religião ateia do comunismo que ainda ameaça o mundo. Então, esses caras maus são tão maus, que eles causam grandes extensões de destruição de modo que os Vingadores lutam para impedi-los. Cidades inteiras dizimadas, vidas inocentes perdidas, o dano colateral habitual que os regimes totalitários causam quando se levantam.
E, no entanto, o mundo culpa os Vingadores por isso! O que é isso!? Os Vingadores são acusados de "rotineiramente ignorar fronteiras soberanas" como se fossem valentões globais envolvidas em macroagressões em vez de salvar a pele de todos. (rápido, onde está o espaço seguro entre massa de modelar e lápis de cor?!)
Como o Visão, que é suposto ser muito inteligente AI, diz muito estupidamente, "A nossa própria força convida ao desafio e o desafio gera hostilidade." Esta culpa da vítima é o coração e a alma da esquerda do antiamericanismo que está destruindo nosso país a partir de dentro. É um coletivismo que não entende a natureza do mal. Não é a força que gera ou convida a hostilidade, é a fraqueza que faz. Intimidações não pegam no forte, eles pegam nos mais fracos. Países comunistas e terroristas islâmicos "votam no cavalo forte". Eles só vão parar quando forçados a parar - pela força.
Capitão América compreende a natureza do mal, e a natureza do excepcionalismo americano. Ele diz: "Quando vocês puderem fazer as coisas que podemos, mas vocês não fazem isso, então coisas ruins acontecem porque você não fez." Quando a América se retira, o mal cresce para preencher esse vazio.
Mas o mundo culpa os mocinhos, e procuram que assinem um tratado de "acordos" que colocariam os Vingadores sob a autoridade das Nações Unidas, para serem mais coletivamente responsáveis. Pense nisso como redistribuição de poder. Engraçado como a ganância da inveja opera, não é? Legalizando o roubo e clamor do bullying.
É aqui que o filme procura ter uma dialética entre o coletivismo e o individualismo. Alguns dos Vingadores transformam os fracos (liderados pelo chefe cínico, Homem de Ferro. Hummmm, nenhuma surpresa, o mais cínico torna-se o primeiro enganado?), E eles se dividem entre dois campos de Vingadores, aqueles que buscam assinar os acordos e apaziguar a inveja e ganância das nações devedoras moralmente inferiores, e aqueles liderado pelo Capitão América, que tem "fé nos indivíduos", e uma bússola moral forte para serem líderes em força justa.
Os conciliadores Vingadores "faça o que tem que ser feito para evitar algo pior", e ao fazê-lo, na verdade, piora a situação, precisamente porque essa autoridade coletiva (ONU) sob a quem eles se colocam é moralmente inferior.
É aqui que o filme torna-se falacioso em descrever a ONU como um organismo neutro de nações que querem apenas ter paz e ordem, quando, na realidade, é um corpo corrupto de criminosos gananciosos e imorais (Veja o documentário U.N. Me)
Mas a verdadeira superioridade moral do Capitão América e seu americanismo brilham quando ele diz que não vai assinar os acordos, pois impediriam de combater o mal, que faz o mal vencer. Como ele diz, "Quando vejo uma situação perdendo o rumo, não posso ignorá-la", e "Mesmo se o mundo inteiro diz que algo está errado quando é certo, você diz, Não." Isto é como um homem justo pensa, um homem de moral, um forte protetor dos fracos.
Mas esta não é uma autoimagem ingênua que ignora falhas ou imperfeições da América. Nenhuma nação é perfeita, e certamente a América não é, mas é a melhor que temos. Como diz Capitão América, "Podemos não ser perfeitos, mas as cabeças mais seguras são as nossas próprias". O excepcionalismo americano não é "meu país, certo ou errado", mas também não é o relativismo moral do multiculturalismo que conclui que nossa moralidade não é melhor que a moralidade de qualquer outro país. Tolos morais propõem equivalência moral.
O coletivismo das Nações Unidas não cria paz, cria a guerra, por derrubar a força dos justos assim como fez com os Vingadores. O roubo ganancioso egoísta da redistribuição socialista não cria riqueza, ela destrói. A opressão dos direitos humanos e o impulso genocida dos Estados islâmicos não é o equivalente da cavalaria judaico-cristã e o auto sacrifício do Ocidente. Há certo e errado, e algumas culturas estão erradas. O Capitão América acredita que deve liderar pela força e justiça, que será o modelo e exemplo que as nações moralmente inferiores devem aspirar.
Isso é o que fez a América grande.
E isso é o que faz o Capitão América o mais legal de todos os Vingadores e o vencedor na guerra civil inevitável dos Vingadores no final.
No entanto, como Paulo no Areópago, eu tenho que dizer que, apesar de algumas dessas verdades positivas retratadas em CA: GC, encontro-me insatisfeito com o panteão substituto para o Deus vivo. Porque somente com o Deus judaico-cristão pode haver qualquer inteligibilidade aos valores da cavalaria da força justa. Sem Deus, até mesmo o excepcionalismo americano é idolatria vazia. Sem um Deus transcendente, todos os valores são moralmente equivalentes, como os ímpios e niilistas argumentam. O Super-herói de um homem é o supervilão de outro homem. Sem Deus, não há nenhuma nação justa, apenas nações e seus deuses que disputam o poder - e a desejo de regras de poder.
Sem o Deus da Bíblia, não há justiça, só há guerra.
Brian Godawa
Título original: Captain America: Civil War: American Exceptionalism in a Corrupt World
URL do original:
http://godawa.com/culture/captain-america-civil-war-american-exceptionalism-corrupt-world/
Acesso: 11/05/16
Site: www.godawa.com
Tradução: Robson Rosa Santana
Traduzido com permissão do autor
Site: www.godawa.com
Tradução: Robson Rosa Santana
Traduzido com permissão do autor
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