21 de agosto de 2025

O valor incalculável do reino dos céus (Sermão em Mateus 13.44)

 ARA O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.

 Introdução

Imagine-se caminhando em um terreno aparentemente comum. Aos olhos humanos, não há nada de especial: apenas pedras, terra dura e mato seco. Mas, de repente, ao cavar, você se depara com um cofre cheio de ouro, pedras preciosas e riquezas incalculáveis. Como reagiria? Certamente sua vida mudaria para sempre.

Foi exatamente essa a cena descrita por Jesus na Parábola do Tesouro Escondido. Um homem comum encontra um tesouro extraordinário — e, tomado de alegria, vende tudo para adquiri-lo.

Essa parábola não é sobre riqueza material, mas sobre algo infinitamente maior: o valor incalculável do reino de Deus. Jesus nos mostra que o maior bem da vida não está no que o mundo oferece, mas em pertencer a Ele, em viver sob Seu governo e experimentar a salvação em Cristo.

E aqui está a pergunta crucial: qual é o valor que você dá ao reino de Deus?

 1. O Tesouro Descoberto (v. 44a)

O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu.

Na Palestina antiga, era comum esconder riquezas na terra, já que não havia bancos. Muitas vezes, esses tesouros ficavam esquecidos quando o dono morria.

·  Esse homem não estava procurando especificamente, mas trabalhando, cavando a terra. Muitas vezes, Deus se revela justamente quando estamos em meio à vida comum (Itamir).

·  O tesouro aqui representa o reino dos céus, a salvação em Cristo, a plenitude de vida com Deus (Hendriksen, Hernandes, Matthew Henry).

·  O detalhe de “esconder novamente” mostra a consciência de que precisava adquiri-lo de forma legítima, sem violar a lei. Aqui entra a lei rabínica mencionada por Itamir:

o Se tirasse o tesouro, deveria devolvê-lo ao dono do campo.

o Se deixasse, poderia comprá-lo legitimamente e então tê-lo.

→ O homem escolhe o caminho correto, revelando que o acesso ao reino exige legitimidade e entrega verdadeira.

Aplicação: Muitos olham para a Bíblia e para a fé cristã e só veem “um campo comum”, sem perceber o tesouro escondido em Cristo. Quantos frequentam a igreja, mas não enxergam a preciosidade do evangelho!

 2. A Alegria da Descoberta (v. 44b)

“E, transbordante de alegria, vai, “

·  O homem não lamenta o preço, mas se alegra pelo que encontrou.

·  A salvação em Cristo não é apenas renúncia, mas sobretudo alegria incomparável.

·  Hernandes Dias Lopes observa que não se trata de uma troca amarga, mas de uma troca feliz: o evangelho traz a alegria suprema do coração humano.

·  A conversão não é perder, é ganhar o maior de todos os tesouros!

Aplicação: O verdadeiro cristão não vive uma vida triste de perdas, mas uma vida alegre em Cristo. Essa alegria não depende de circunstâncias, mas da certeza de ter encontrado o que é eterno.

 3. O Custo da Aquisição (v. 44c)

“...vende tudo o que tem e compra aquele campo.”

·  Aqui está o ponto central da parábola: o tesouro vale mais do que tudo o que possuímos.

·  Não significa que podemos comprar a salvação — ela é graça gratuita de Deus (Hendriksen). Mas significa que o discipulado exige renúncia total, prioridade absoluta de Cristo sobre tudo.

·  Matthew Henry diz: “Aqueles que discernem este tesouro nunca estarão em paz até torná-lo seu, custe o que custar.”

·  Jesus não pede um pedaço da nossa vida, mas a entrega total do coração.

Aplicação para o crente:

·  Renunciar pecados acariciados, hábitos mundanos, prioridades egoístas.

·  Viver o reino é obedecer à vontade de Deus acima de tudo (Itamir).

Aplicação para o incrédulo:

·  O evangelho exige decisão: ou Cristo é o tesouro supremo da sua vida, ou algo terreno ocupa esse lugar.

·  Vale a pena abrir mão do passageiro para ganhar o eterno.

 Conclusão: O Tesouro Maior

 A parábola nos leva a refletir: o que tem mais valor para nós?

·  Para muitos, o tesouro está no dinheiro, no status, nos prazeres deste mundo.

·  Mas o cristão verdadeiro sabe que tudo isso é pó diante da sublimidade de Cristo.

 O exemplo de Paulo é o comentário mais vivo desta parábola:

“Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele” (Fp 3.8-9).

 Apelo

Hoje, Jesus lhe mostra o tesouro do reino. Talvez você tenha olhado apenas para “o campo”, sem ver sua preciosidade. Mas Deus lhe revela: o verdadeiro tesouro é Cristo.

·  Crente, viva com alegria e entrega total, colocando o reino acima de todas as coisas.

·  Incrédulo, não desperdice sua vida com aquilo que perece. Corra para Cristo, e você terá o tesouro eterno.

  Pr. Robson Santana



Pesquisa:

LOPES, Hernandes Dias. As parábolas de Jesus. São Paulo: Hagnos, 2008. p. 70-71.
HENDRIKSEN, William. Mateus. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2010. v. 2, p. 91-92.
NEVES, Itamir. Comentário Bíblico de Mateus: Através da Bíblia. 2. ed. São Paulo: Rádio Trans Mundial, 2012. p. 114-115.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Mateus a João. São Paulo: CPAD, 2008. P. 172-173.

30 de julho de 2025

Assuma a Responsabilidade: O Antídoto Bíblico contra o Vitimismo

Vivemos em tempos em que a vitimização se tornou uma prática comum. Muitos preferem apontar dedos do que olhar para o espelho. Quando as coisas vão mal, é mais fácil culpar o governo, o patrão, o cônjuge, os irmãos da igreja ou até o próprio Deus. Esse espírito de vitimismo enfraquece a alma, paralisa a fé e impede o crescimento pessoal e espiritual. Por outro lado, a Palavra de Deus nos chama à autorresponsabilidade — a atitude madura e piedosa de reconhecer nossa parte nas situações e de tomar decisões práticas.
Quanto ao nosso trabalho e vida financeira, há quem viva reclamando da crise, dos preços altos e do salário baixo, mas se recusa a planejar, economizar ou estudar algo novo para ganhar melhor e ter uma melhor qualidade de vida. Provérbios 21.5 é claro: “Os planos do diligente tendem à fartura, mas a pressa excessiva, à pobreza.” A Bíblia elogia o trabalhador diligente (Pv 10.4) e condena o preguiçoso. O cristão é chamado a trabalhar com zelo e honestidade, lembrando-se que tudo deve ser feito “como para o Senhor” (Cl 3.23).
No que tange às relações familiares, quantas vezes ouvimos frases como: “Minha família não me entende”, ou “Meu casamento não dá certo por causa do outro”. Embora existam situações reais de sofrimento, é necessário perguntar: qual tem sido minha atitude? Efésios 5.25 diz aos maridos: “Maridos, amem a sua mulher, como também Cristo amou a igreja e se entregou por ela.”  E em Tito 2.4-5, Paulo orienta as mulheres a serem sensatas, boas donas de casa e submissas aos maridos. Assumir a responsabilidade é amar, perdoar, servir e dialogar — mesmo quando o outro falha.
Quanto à nossa vida de santidade diante do Senhor, sabemos que a santificação é uma obra do Espírito, mas exige cooperação consciente da nossa parte. Hebreus 12.14 declara: “Procurem viver em paz com todos e em santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” Transferir a culpa da falta de crescimento espiritual para os outros é fugir da responsabilidade. O Senhor nos chama a negar a nós mesmos, tomar a cruz e segui-lo diariamente (Lc 9.23).
Ainda com relação à nossa espiritualidade, como está nosso compromisso com a obra do Senhor? Há quem assista aos cultos como um “cliente da fé”, esperando apenas ser servido. Mas Jesus nos chamou para sermos servos. Em Mateus 25, os servos que multiplicaram os talentos ouviram: “Muito bem, servo bom e fiel... entre no gozo do seu senhor” (Mt 25.21). Quem se vitimiza diz: “Não tenho tempo, ninguém me chama, já fui magoado.” Mas quem assume a responsabilidade diz: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8).
Jesus, como exemplo maior para todas as áreas da vida, não se vitimizou diante da cruz. Pelo contrário, Ele assumiu Sua missão com coragem e determinação, dizendo: “Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu espontaneamente a dou” (Jo 10.18). Cristãos maduros seguem esse exemplo. Não fogem da dor, não terceirizam a culpa, não se escondem atrás de desculpas. Eles se levantam, oram, pedem perdão, recomeçam e servem com alegria.
Irmãos, deixemos de lado toda desculpa, toda murmuração, todo espírito de vítima. Em Cristo, somos mais que vencedores (Rm 8.37). Que cada um de nós se examine, se humilhe, se disponha, e diga como Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). Assuma a responsabilidade da sua vida com fé, atitudes concretas e dependência de Deus. A colheita vem para quem planta com fidelidade.

Pr. Robson Santana
Igreja Presbiteriana Solar Park
Inhumas - GO

11 de julho de 2025

Perdão: mandamento de Deus

Em nossa caminhada de fé, enfrentamos o profundo e transformador mandamento bíblico do perdão. O apóstolo Paulo nos exorta com clareza: "Antes, sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo" (Efésios 4:32). Perdoar não é uma sugestão; é uma ordem clara do Senhor, um reflexo essencial do Seu caráter em nós. 

Precisamos perdoar, em primeiro lugar, porque fomos perdoados. Pense na dívida imensa que tínhamos para com Deus, cancelada por Cristo na cruz (Colossenses 2:13-14). Como recipientes de tamanha graça, como podemos negar o perdão a quem nos deve muito menos? 

Além disso, guardar ressentimento e amargura é como tomar veneno esperando que o outro morra. Esses sentimentos nos aprisionam, corroendo nossa paz, nossa saúde espiritual e nossos relacionamentos com Deus e com os outros (Hebreus 12.15). Perdoar é, em consequência, um ato de libertação para o nosso próprio coração. 

A Bíblia nos presenteia com exemplos poderosos que nos inspiram. Pense em José, traído, vendido como escravo e injustiçado por seus próprios irmãos. Anos depois, quando eles, temerosos, se prostraram diante dele, José viu a mão soberana de Deus e declarou: "Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem" (Gênesis 50:20). Ele perdoou completamente, restaurando sua família. 

E quem pode esquecer a comovente parábola do Pai do Filho Pródigo, contada por Jesus? Aquele pai, imagem do próprio Deus, não guardou rancor pelo filho que o desonrou e desperdiçou tudo. Ao avistá-lo retornando, humilhado, correu ao seu encontro, abraçou-o e o restaurou com alegria transbordante, antes mesmo de ouvir um pedido formal de perdão (Lucas 15:11-32). Esse é o perdão ativo, cheio de compaixão e graça que nos é oferecido e que somos chamados a imitar. 

Diante dessas verdades e exemplos, somos desafiados a fazer uma pausa sincera e sondar nosso próprio coração. É um exercício necessário, embora por vezes, difícil. Precisamos nos perguntar com honestidade: Existe alguém cujo nome, quando mencionado, traz um nó no estômago ou um frio no coração? Guardamos recordações de ofensas passadas, remoendo-as em silêncio? Evitamos certas pessoas, alimentando uma barreira invisível de mágoa? Será que justificamos nossa falta de perdão, minimizando a imensa graça que nós mesmos recebemos dia após dia? 

Lembremo-nos: perdoar não significa aprovar o erro, esquecer magicamente a dor (embora a memória possa se suavizar com o tempo) ou necessariamente restaurar uma confiança cega de imediato. Significa, pela graça que nos sustenta, decisivamente soltar o direito de retaliar, entregar a pessoa e a situação nas mãos justas de Deus (Romanos 12:19), e buscar uma disposição interior de não deixar que a mágoa controle nossa vida ou nosso precioso relacionamento com o Senhor. 

Perdoar é um ato de obediência que flui da dependência do Espírito Santo. Pode ser um processo árduo, mas é profundamente libertador e agradável ao nosso Pai. Por isso, neste momento, convido você a fechar os olhos, silenciar diante dEle e perguntar: "Senhor, há alguém que preciso perdoar?". Se o Espírito trouxer um nome ou uma situação à mente, não o ignore. Clame pela força de Cristo. Decida perdoar, passo a passo, entregando o peso a Ele. 

A liberdade e a paz genuínas que brotam da obediência a este mandamento são frutos preciosos da mesma graça que já nos alcançou e nos sustenta. Que Deus nos conceda corações sensíveis e dispostos a perdoar, assim como fomos e continuamos a ser perdoados em Cristo. 

Em Cristo Jesus, 

Pr. Robson Santana

robsonsantana.teo@gmail.com

16 de março de 2025

Meu corpo, minhas regras! Será? Estudo indutivo em 1Ts 4.3-8

Como manter a pureza sexual em um mundo que nos pressiona ao contrário?

Texto base: 1 Tessalonicenses 4:3-8

Objetivo: Compreender a perspectiva bíblica sobre relacionamentos e intimidade, aplicando seus princípios à vida cotidiana.

Método: OIA - Observação, Interpretação e Aplicação

1. OBSERVAÇÃO

Leia o texto com atenção: 1 Tessalonicenses 4:3-8 (NVI)
  • "A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa, não dominado pela paixão de desejo, como os pagãos que desconhecem a Deus. Neste assunto, ninguém prejudique ou engane seu irmão. O Senhor castigará todas essas práticas, como já dissemos e asseguramos a vocês. Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita estas instruções não está rejeitando o homem, mas o próprio Deus, que lhes dá o seu Espírito Santo."
Faça perguntas sobre o texto:
  • O que significa "santificação"?
  • O que é "imoralidade sexual" no contexto deste texto?
  • Como podemos "controlar o próprio corpo de maneira santa e honrosa"?
  • Por que Paulo compara os que praticam imoralidade sexual aos "pagãos"?
  • Qual a relação entre santidade e o Espírito Santo?

2. INTERPRETAÇÃO

Contexto:
  • Paulo está instruindo os tessalonicenses sobre como viver uma vida que agrada a Deus.
  • A igreja em Tessalônica era composta por gentios que viviam em uma cultura com padrões morais diferentes dos ensinamentos cristãos.
Significados:
  • Santificação: Processo de ser separado para Deus, tornando-se mais semelhante a Cristo.
  • Imoralidade sexual: Relações sexuais fora do casamento, incluindo adultério, fornicação e outras práticas sexuais ilícitas.
  • Controlar o próprio corpo: Exercer domínio próprio sobre os desejos sexuais, buscando a pureza.
  • Pagãos: Aqueles que não conhecem a Deus e vivem segundo os padrões do mundo.
Princípios:
  • A vontade de Deus é que vivamos em santidade, abstendo-nos da imoralidade sexual.
  • O controle do próprio corpo é essencial para a santidade.
  • A imoralidade sexual prejudica os relacionamentos e ofende a Deus.
  • Deus nos chama para a santidade, capacitando-nos através do Espírito Santo.

3. APLICAÇÃO

Reflexão pessoal:
  • Como este texto desafia meus padrões de relacionamento e intimidade?
  • Em quais áreas da minha vida preciso buscar maior santidade?
  • Como posso cultivar o domínio próprio sobre meus desejos sexuais?
  • De que forma posso honrar a Deus em meus relacionamentos?
Ação:
  • Estabeleça limites claros em seus relacionamentos, buscando a pureza e o respeito mútuo.
  • Cultive relacionamentos saudáveis com pessoas que compartilham seus valores.
  • Busque o apoio de líderes e mentores para fortalecer sua fé e resistir às tentações.
  • Ore pedindo a Deus força e sabedoria para viver em santidade.

CONCLUSÃO
  • 1 Tessalonicenses 4:3-8 nos ensina que Deus se importa com nossos relacionamentos e nossa intimidade.
  • Ele nos chama para viver em santidade, abstendo-nos da imoralidade sexual e buscando o controle do próprio corpo.
  • Ao aplicarmos esses princípios, honramos a Deus, fortalecemos nossos relacionamentos e experimentamos a plenitude da vida em Cristo.

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Encontro Jovem
Igreja Presbiteriana Solar Park (Inhumas-GO)
Pr. Robson Santana
15 de março de 2025

19 de fevereiro de 2025

O Grande Segredo do Contentamento Cristão

Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Filipenses 4:11b).

Vivemos em um mundo marcado pelo descontentamento. Somos constantemente incentivados a buscar mais: mais conforto, mais bens, mais realizações. Entretanto, o apóstolo Paulo, escrevendo de dentro de uma prisão, nos surpreende ao declarar que aprendeu a viver contente em qualquer circunstância. Ele chama isso de um “segredo”, algo que precisamos aprender e praticar, e não uma habilidade natural ou resultado de situações favoráveis. Mas o que está por trás desse segredo?

Em primeiro lugar, precisamos entender que o contentamento verdadeiro não depende das circunstâncias. Muitas vezes, achamos que seremos felizes quando alcançarmos algo que desejamos: uma casa maior, um salário melhor, ou quando superarmos problemas. Contudo, Paulo ensina que a fonte do contentamento não está no que temos ou enfrentamos, mas em quem somos em Cristo. Isso significa que a alegria cristã está firmada em algo muito mais profundo do que condições externas, porque vem de Deus.

Em segundo lugar, o contentamento surge de um coração satisfeito em Deus. O salmista Asafe expressa isso no Salmo 73:25, dizendo: “Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti.” Assim como Paulo, ele reconheceu que Deus é suficiente, e que nada pode preencher nossa alma além d’Ele. O segredo do contentamento é viver com a certeza de que tudo o que temos, seja muito ou pouco, é fruto do cuidado amoroso de Deus e suficiente para nossas necessidades.

Em terceiro lugar, o contentamento vai além do material. A sociedade nos ensina a medir nosso valor e felicidade pelas coisas que possuímos, mas o cristão é chamado a um caminho diferente. Um coração satisfeito em Deus não se desespera pela falta de algo, mas aprende a valorizar o que já foi dado. Como o puritano Jeremiah Burroughs disse: "O contentamento cristão é aquela doce, interior, quieta e graciosa disposição de espírito que se submete e deleita na sábia e paternal providência de Deus em qualquer condição.”

Em quarto lugar, o contentamento transforma o sofrimento. Paulo nos ensina que até mesmo em momentos de fraqueza e dor, podemos encontrar força em Cristo. Ele ouviu do próprio Senhor: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9). Isso nos mostra que, mesmo quando enfrentamos dificuldades, podemos confiar que Deus está usando tudo para o nosso bem e para nos moldar à imagem de Cristo.

Por fim, o segredo do contentamento está em Cristo. Quando Paulo escreve: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13), ele não está falando sobre conquistas extraordinárias, mas sobre sua capacidade de enfrentar qualquer situação — seja abundância, seja escassez — com paz no coração, porque sua força vinha do Senhor. Assim, o contentamento cristão é aprendido por meio da comunhão com Cristo, confiando n’Ele como nossa fonte de alegria e satisfação.

O que isso significa para nós hoje? Como igreja, precisamos buscar essa mesma confiança em Deus e testemunhar ao mundo uma vida que não é abalada pelas circunstâncias. Não é fácil, e como Paulo, precisamos aprender dia após dia. Mas é possível, porque o Senhor é fiel. Ele continua sendo a nossa porção, como nos lembra Lamentações 3:24: “O Senhor é a minha porção; portanto, esperarei nele.”


Que Deus nos ensine o segredo do contentamento e nos ajude a viver com gratidão e paz em qualquer situação, sabendo que em Cristo temos tudo o que precisamos.

Robson Santana
Pastor da Igreja Presbiteriana Solar Park (Inhumas-GO)

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* Artigo adaptado do cap. 2 do livro "Aprendendo A Estar Contente", de Jeremiah Burroughs (Editora PES).

30 de janeiro de 2025

Pentecostes e Juízo Final: escatologia em Joel 2.28-32

Joel, profeta em Judá, trouxe uma mensagem de alerta e esperança. A praga de gafanhotos, vista como juízo divino, chamava o povo ao arrependimento. Contudo, Joel também anunciou uma promessa grandiosa: o derramamento do Espírito Santo, que iniciaria uma nova era na história da redenção.

A promessa de Deus sobre o derramamento do Espírito é segura e abundante. Ele cumpriu essa promessa no Pentecostes (Atos 2.16-21). A vinda do Espírito foi um evento transformador, mas não se limitou a aquele momento. O Espírito Santo permanece atuante na igreja ao longo dos tempos, batizando e incorporando à comunhão dos santos todos os que foram chamados à salvação. É Ele quem convence os pecadores do pecado, conduzindo-os ao arrependimento e à fé em Cristo. Jesus prometeu que o Espírito seria dado em plenitude, capacitando os crentes a viver em santidade e cumprir a missão dada por Deus. O Espírito transforma vidas, conduzindo os crentes a uma relação mais profunda com o Pai.

Joel destaca o alcance universal do derramamento do Espírito: "Sobre toda a carne". Essa promessa abrange todas as pessoas, sem distinção de raça, gênero, idade ou posição social (Números 11.29; Atos 10.34-48). Homens e mulheres são igualmente capacitados, jovens e idosos são chamados a participar do plano divino, e até servos e servas recebem o Espírito, evidenciando que Deus não faz acepção de pessoas (Gálatas 3.28; Atos 21.8-9).

Esse derramamento tem um propósito claro: capacitar os crentes a proclamarem a Palavra com ousadia e discernimento espiritual. Assim como Deus falou por meio de sonhos e visões aos profetas do passado, Ele continua a manifestar Sua vontade revelada nas Escrituras para guiar Seu povo.

Contudo, Joel também anuncia sinais extraordinários que precederão o "grande e terrível Dia do Senhor" (Apocalipse 6.12), um tempo de juízo divino e da consumação final do plano redentor de Deus. Apesar desses sinais de juízo, há uma promessa consoladora: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Romanos 10.13). A salvação em Cristo é oferecida a todos, como vimos no Pentecostes, quando o Espírito capacitou os discípulos a proclamar o evangelho em várias línguas.

Diante dessas verdades, o derramamento do Espírito é um chamado à santidade, ao poder e à missão. Ele nos conduz a uma vida plena no Espírito, caracterizada por arrependimento, confissão e unidade na igreja. Devemos orar por um reavivamento que renove nossa fé e nos capacite a proclamar Cristo ao mundo como Salvador, enquanto também advertimos sobre Sua segunda vinda como Juiz.

Robson Santana
pastor presbiteriano