19 de fevereiro de 2025

O Grande Segredo do Contentamento Cristão

Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Filipenses 4:11b).

Vivemos em um mundo marcado pelo descontentamento. Somos constantemente incentivados a buscar mais: mais conforto, mais bens, mais realizações. Entretanto, o apóstolo Paulo, escrevendo de dentro de uma prisão, nos surpreende ao declarar que aprendeu a viver contente em qualquer circunstância. Ele chama isso de um “segredo”, algo que precisamos aprender e praticar, e não uma habilidade natural ou resultado de situações favoráveis. Mas o que está por trás desse segredo?

Em primeiro lugar, precisamos entender que o contentamento verdadeiro não depende das circunstâncias. Muitas vezes, achamos que seremos felizes quando alcançarmos algo que desejamos: uma casa maior, um salário melhor, ou quando superarmos problemas. Contudo, Paulo ensina que a fonte do contentamento não está no que temos ou enfrentamos, mas em quem somos em Cristo. Isso significa que a alegria cristã está firmada em algo muito mais profundo do que condições externas, porque vem de Deus.

Em segundo lugar, o contentamento surge de um coração satisfeito em Deus. O salmista Asafe expressa isso no Salmo 73:25, dizendo: “Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti.” Assim como Paulo, ele reconheceu que Deus é suficiente, e que nada pode preencher nossa alma além d’Ele. O segredo do contentamento é viver com a certeza de que tudo o que temos, seja muito ou pouco, é fruto do cuidado amoroso de Deus e suficiente para nossas necessidades.

Em terceiro lugar, o contentamento vai além do material. A sociedade nos ensina a medir nosso valor e felicidade pelas coisas que possuímos, mas o cristão é chamado a um caminho diferente. Um coração satisfeito em Deus não se desespera pela falta de algo, mas aprende a valorizar o que já foi dado. Como o puritano Jeremiah Burroughs disse: "O contentamento cristão é aquela doce, interior, quieta e graciosa disposição de espírito que se submete e deleita na sábia e paternal providência de Deus em qualquer condição.”

Em quarto lugar, o contentamento transforma o sofrimento. Paulo nos ensina que até mesmo em momentos de fraqueza e dor, podemos encontrar força em Cristo. Ele ouviu do próprio Senhor: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9). Isso nos mostra que, mesmo quando enfrentamos dificuldades, podemos confiar que Deus está usando tudo para o nosso bem e para nos moldar à imagem de Cristo.

Por fim, o segredo do contentamento está em Cristo. Quando Paulo escreve: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13), ele não está falando sobre conquistas extraordinárias, mas sobre sua capacidade de enfrentar qualquer situação — seja abundância, seja escassez — com paz no coração, porque sua força vinha do Senhor. Assim, o contentamento cristão é aprendido por meio da comunhão com Cristo, confiando n’Ele como nossa fonte de alegria e satisfação.

O que isso significa para nós hoje? Como igreja, precisamos buscar essa mesma confiança em Deus e testemunhar ao mundo uma vida que não é abalada pelas circunstâncias. Não é fácil, e como Paulo, precisamos aprender dia após dia. Mas é possível, porque o Senhor é fiel. Ele continua sendo a nossa porção, como nos lembra Lamentações 3:24: “O Senhor é a minha porção; portanto, esperarei nele.”


Que Deus nos ensine o segredo do contentamento e nos ajude a viver com gratidão e paz em qualquer situação, sabendo que em Cristo temos tudo o que precisamos.

Robson Santana
Pastor da Igreja Presbiteriana Solar Park (Inhumas-GO)

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* Artigo adaptado do cap. 2 do livro "Aprendendo A Estar Contente", de Jeremiah Burroughs (Editora PES).

30 de janeiro de 2025

Pentecostes e Juízo Final: escatologia em Joel 2.28-32

Joel, profeta em Judá, trouxe uma mensagem de alerta e esperança. A praga de gafanhotos, vista como juízo divino, chamava o povo ao arrependimento. Contudo, Joel também anunciou uma promessa grandiosa: o derramamento do Espírito Santo, que iniciaria uma nova era na história da redenção.

A promessa de Deus sobre o derramamento do Espírito é segura e abundante. Ele cumpriu essa promessa no Pentecostes (Atos 2.16-21). A vinda do Espírito foi um evento transformador, mas não se limitou a aquele momento. O Espírito Santo permanece atuante na igreja ao longo dos tempos, batizando e incorporando à comunhão dos santos todos os que foram chamados à salvação. É Ele quem convence os pecadores do pecado, conduzindo-os ao arrependimento e à fé em Cristo. Jesus prometeu que o Espírito seria dado em plenitude, capacitando os crentes a viver em santidade e cumprir a missão dada por Deus. O Espírito transforma vidas, conduzindo os crentes a uma relação mais profunda com o Pai.

Joel destaca o alcance universal do derramamento do Espírito: "Sobre toda a carne". Essa promessa abrange todas as pessoas, sem distinção de raça, gênero, idade ou posição social (Números 11.29; Atos 10.34-48). Homens e mulheres são igualmente capacitados, jovens e idosos são chamados a participar do plano divino, e até servos e servas recebem o Espírito, evidenciando que Deus não faz acepção de pessoas (Gálatas 3.28; Atos 21.8-9).

Esse derramamento tem um propósito claro: capacitar os crentes a proclamarem a Palavra com ousadia e discernimento espiritual. Assim como Deus falou por meio de sonhos e visões aos profetas do passado, Ele continua a manifestar Sua vontade revelada nas Escrituras para guiar Seu povo.

Contudo, Joel também anuncia sinais extraordinários que precederão o "grande e terrível Dia do Senhor" (Apocalipse 6.12), um tempo de juízo divino e da consumação final do plano redentor de Deus. Apesar desses sinais de juízo, há uma promessa consoladora: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Romanos 10.13). A salvação em Cristo é oferecida a todos, como vimos no Pentecostes, quando o Espírito capacitou os discípulos a proclamar o evangelho em várias línguas.

Diante dessas verdades, o derramamento do Espírito é um chamado à santidade, ao poder e à missão. Ele nos conduz a uma vida plena no Espírito, caracterizada por arrependimento, confissão e unidade na igreja. Devemos orar por um reavivamento que renove nossa fé e nos capacite a proclamar Cristo ao mundo como Salvador, enquanto também advertimos sobre Sua segunda vinda como Juiz.

Robson Santana
pastor presbiteriano