Em nossa caminhada de fé, enfrentamos o profundo e transformador mandamento bíblico do perdão. O apóstolo Paulo nos exorta com clareza: "Antes, sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo" (Efésios 4:32). Perdoar não é uma sugestão; é uma ordem clara do Senhor, um reflexo essencial do Seu caráter em nós.
Precisamos perdoar, em primeiro lugar, porque fomos perdoados. Pense na dívida imensa que tínhamos para com Deus, cancelada por Cristo na cruz (Colossenses 2:13-14). Como recipientes de tamanha graça, como podemos negar o perdão a quem nos deve muito menos?
Além disso, guardar ressentimento e amargura é como tomar veneno esperando que o outro morra. Esses sentimentos nos aprisionam, corroendo nossa paz, nossa saúde espiritual e nossos relacionamentos com Deus e com os outros (Hebreus 12:15). Perdoar é, antes de tudo, um ato de libertação para o nosso próprio coração.
A Bíblia nos presenteia com exemplos poderosos que nos inspiram. Pense em José, traído, vendido como escravo e injustiçado por seus próprios irmãos. Anos depois, quando eles, temerosos, se prostraram diante dele, José viu a mão soberana de Deus e declarou: "Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem" (Gênesis 50:20). Ele perdoou completamente, restaurando sua família.
E quem pode esquecer a comovente parábola do Pai do Filho Pródigo, contada por Jesus? Aquele pai, imagem do próprio Deus, não guardou rancor pelo filho que o desonrou e desperdiçou tudo. Ao avistá-lo retornando, humilhado, correu ao seu encontro, abraçou-o e o restaurou com alegria transbordante, antes mesmo de ouvir um pedido formal de perdão (Lucas 15:11-32). Esse é o perdão ativo, cheio de compaixão e graça que nos é oferecido e que somos chamados a imitar.
Diante dessas verdades e exemplos, somos desafiados a fazer uma pausa sincera e sondar nosso próprio coração. É um exercício necessário, embora por vezes, difícil. Precisamos nos perguntar com honestidade: Existe alguém cujo nome, quando mencionado, traz um nó no estômago ou um frio no coração? Guardamos recordações de ofensas passadas, remoendo-as em silêncio? Evitamos certas pessoas, alimentando uma barreira invisível de mágoa? Será que justificamos nossa falta de perdão, minimizando a imensa graça que nós mesmos recebemos dia após dia?
Lembremo-nos: perdoar não significa aprovar o erro, esquecer magicamente a dor (embora a memória possa se suavizar com o tempo) ou necessariamente restaurar uma confiança cega de imediato. Significa, pela graça que nos sustenta, decisivamente soltar o direito de retaliar, entregar a pessoa e a situação nas mãos justas de Deus (Romanos 12:19), e buscar uma disposição interior de não deixar que a mágoa controle nossa vida ou nosso precioso relacionamento com o Senhor.
Perdoar é um ato de obediência que flui da dependência do Espírito Santo. Pode ser um processo árduo, mas é profundamente libertador e agradável ao nosso Pai. Por isso, neste momento, convido você a fechar os olhos, silenciar diante dEle e perguntar: "Senhor, há alguém que preciso perdoar?". Se o Espírito trouxer um nome ou uma situação à mente, não o ignore. Clame pela força de Cristo. Decida perdoar, passo a passo, entregando o peso a Ele.
A liberdade e a paz genuínas que brotam da obediência a este mandamento são frutos preciosos da mesma graça que já nos alcançou e nos sustenta. Que Deus nos conceda corações sensíveis e dispostos a perdoar, assim como fomos e continuamos a ser perdoados em Cristo.
Em Cristo Jesus,
Pr. Robson Santana