14 de junho de 2015

QURESHI, Nabeel. Seeking Allah, Finding Jesus [Procurei Alá, Encontrei Jesus]: uma resenha

QURESHI, Nabeel.  Seeking Allah, Finding Jesus: A Devout Muslim Encounters Christianity. Grand Rapids: Zondervan, 2014. 328 p. [EBook Kindle].

O livro relata a conversão de um muçulmano de nascença e tradição histórica para a fé em Cristo. Nabeel Qureshi é da mesma tribo de Maomé. Cresceu num ambiente cultural familiar onde os líderes são obedecidos sem questionamentos e onde abdicar da fé islâmica é passível de morte. A trajetória de sua conversão é dramática e nos apresenta o arcabouço cultural e religioso da cosmovisão islâmica.
Qureshi nasceu no Paquistão e teve uma infância muito solitária. Sua família mudou para os Estados Unidos quando era jovem. Seu pai era da Marinha americana e mudou algumas vezes dentro do país. Morou algum tempo também na Escócia. Nesses países os muçulmanos eram minoria. Isso o fazia ser diferente e o impendia de ter amigos fora do contexto muçulmano.
As culturas ocidentais eram vistas com maus olhos, levando a família Qureshi a evitar contatos com não islâmicos, e gastar tempo na doutrinação dos dois filhos – Nabeel e sua irmã mais velha – nas sendas do Islã.
Estudou numa Universidade perto de sua casa. Lá conheceu David Wood, um jovem comprometido com Cristo e a evangelização. Os diálogos a respeito da fé deram inicio. A primeira questão de Nabeel era a respeito da fidedignidade do Novo Testamento, uma vez que, segundo ele, foi alterado e reescrito várias vezes.
Seu amigo Wood tinha conhecimento suficiente para dar razão da confiabilidade da Bíblia. Ao fazer isso, desafiou Qureshi sobre a história do Alcorão. Este disse que o Alcorão não havia sido alterado. Mas seu amigo disse que quando Maomé morreu não havia uniformidade dos textos do Alcorão, que havia versões diferentes e que a uniformidade só veio quando se decidiu padronizar o Alcorão, destruindo versículos e até suratas inteiras que alguns próximos a Maomé consideravam verdadeiras.
O que Nabeel aprendeu de seus pais foi que ele deveria aprender a defender sua fé, apenas reconhecendo que o que eles criam era a verdade. No entanto, na sua educação acadêmica aprendeu a ser crítico. A cultura ocidental dizia que era necessário questionar para alcançar a verdade. Isso era o contrário da cosmovisão islâmica. Essa cultura ensinava que sempre haveria respostas adequadas para afirmar sua fé. Entretanto, as respostas dos mestres muçulmanos não foram suficientes.
Wood lhe deu livros do apologista cristão Josh McDowell. Este o convencia da divindade de Cristo. Enquanto a doutrina central do Islã é a “unicidade de Deus”.
Estudos científicos concorriam para a defesa da fé em um Deus Trino. Qureshi também ficou abalado quando começou a estudar a vida de Maomé nas próprias fontes muçulmanas. Descobriu que ele foi violento, matou sem provocação. Seus soldados estupravam mulheres cativas e casavam com crianças de apenas nove anos.
A tensão crescia em seu coração, principalmente o receio de machucar seus pais, se tornar-se cristão, e romper o relacionamento com eles.
Cada vez mais ele se convencia acerca da veracidade da fé bíblica. Wood o aconselhou a pedir essa convicção a Deus. Ele afirma ter tido três sonhos que serviam de testemunha para a fé cristã. Ele foi convencido por Deus. Mas a maior questão era falar isso aos seus pais. Ao contar, o relacionamento ficou abalado, mas o amor paterno-filial era maior. Porém, quando disse que abandonaria a medicina para servir no ministério cristão, os laços se romperam por cerca de um ano.
Na introdução desse livro autobiográfico e apologético, Qureshi mostra as três finalidades que teve em mente ao escrevê-lo: (1) derrubar paredes, dando aos leitores uma perspectiva do coração de um muçulmano; (2) equipar os leitores com fatos e conhecimentos que demonstram o contraste entre as duas crenças, mostrando a veracidade do cristianismo; e (3) mostrar a luta interior dos muçulmanos ao converter-se à fé cristã, descrevendo suas dúvidas e sacrifícios. Esses objetivos foram alcançados. Assim, Nabeel Qureshi, através da descrição passo a passo da sua conversão, mune leitores interessados na conversão de muçulmanos, tornando-os mais eficazes na evangelização.
Qureshi realiza estes objetivos poderosamente. Ele explica a mentalidade islâmica, algo que qualquer um que testemunha a muçulmanos deve entender se deseja ser um apologista eficaz. Ao tomar o leitor através de seu próprio processo de conversão, passo a passo, ele descreve os argumentos que eram mais convincentes para ele e que outros podem aplicar em seus próprios ministérios com muçulmanos. Como apêndices, o autor inclui um ensaio de um renomado apologista no final de cada capítulo.

Robson Rosa Santana

Livro disponível em: www.amazon.com.br

Lançado em 2016 pela Editora Cultura Cristã. Clique aqui para conhecer.

11 de junho de 2015

Como saber como Satanás está tentando você


 Martinho Lutero uma vez comparou o cristão a um homem bêbado que tenta montar um cavalo. É uma comparação comicamente apropriada. Este homem embaralha-se em um dos lados do cavalo, e prontamente cai do lado oposto. Então ele sobe daquele lado, e cai do outro lado. Lutero queria dizer que, como cristãos, somos propensos a extremos. Quando não estamos virando longe demais em uma direção, estamos desviando muito longe no outro.
 Uma das áreas em que somos dados aos extremos é a área de Satanás e seus demônios, e seu trabalho neste mundo. Alguns cristãos estão tão obcecados com a atividade satânica que dificilmente podem falar sobre qualquer outra coisa. Outros cristãos são tão alheios a ele que preferem não falar sobre isso de forma alguma. No entanto, como é frequentemente o caso, a Bíblia nos orienta para um lugar muito melhor onde estamos cientes, mas não obcecados, onde estamos conscientes da atividade de Satanás, mas igualmente convencidos da vitória de Cristo.
 A Bíblia nos assegura que Satanás está ativo neste mundo. Mesmo que ele seja um inimigo derrotado e, como disse Lutero, "sua destruição é certa", ele continua a ser um inimigo perigoso. Ele é como uma cascavel que, embora esmagada, continua a se debater em seus espasmos. Sua mordida permanece mortal e seu gotejamento venenoso.
Satanás odeia a Deus e odeia qualquer pessoa criada à imagem de Deus. Ele fez um longo e intenso estudo da humanidade. Ele conhece nossos pontos fortes e fracos. Ele conhece nossos desejos secretos. Satanás sabe como entregar tentações  sob medida para cada um de nós.
Em seu livro Tempted and Tried (Tentado e Provado), Russell Moore sugere uma maneira de pensar sobre como Satanás pode estar tentador você:
“Imagine que você pudesse fazer algo, que você pudesse fazer isso acontecer exatamente como desejasse, e pudesse então voltar no tempo para quando isso nunca tivesse acontecido - sem consequências para sua vida, seu trabalho, sua família, ou o Dia do Julgamento. O que seria? O que vem à mente pode ser uma boa visão sobre onde seus desejos estão sendo formados.”


O que seria? Sua resposta será diferente da minha resposta. Nós somos seres únicos, com desejos exclusivos e tentações únicas. Onde quer que você pudesse pecar sem consequência e sem julgamento, onde quer que você pudesse realizar um desejo mal sem medo da repercussão, este é exatamente o tipo de lugar Satanás que vai tentá-lo. Como ele orienta você para o pecado, ele finalmente irá convencê-lo que você pode pecar sem consequência. Ele irá convencê-lo que você pode ir longe com ele. Afinal, esta é a mentira que ele disse a Adão e Eva o tempo todo, ou seja, que eles poderiam pecar com impunidade. E enquanto os tempos mudam, suas estratégias continuam as mesmas.
Onde você pecaria se você pudesse pecar - esse pode muito bem ser o lugar que você vai pecar quando você for tentado a pecar.


Original em inglês: How to Know How Satan Is Tempting You

Acesso em: 11 jun 2015.
Tradução: Robson Rosa Santana

3 de junho de 2015

Nove sinais de um pastor que está perdendo o rumo

    Paul David Tripp, em seu livro Vocação Perigosa, dentre tantas questões importantes sobre a vida pastoral, trata de alguns sinais de como um pastor pode se encontrar em perigo e até mesmo questionar sua vocação pastoral. 

1. Ele ignora a evidência clara de problemas. Não vê ou encontra em si mesmo problemas. Justifica dizendo que o que lhe ocorre é causado pelas circunstâncias ou mal entendidos. 

2. Vê e trata o problema dos outros, mas não os seus próprios, até porque não encontra problemas em si. É a questão do lado obscuro da liderança. 

3. Falta de vida devocional. Ter capacidade de interpretar textos (hermenêutica), pregar bem (homilética) e conhecimento teológico não significa ter vida íntima com Deus. O que motiva, traz perseverança, humildade, amor, paixão e graça é a vida devocional. É ter um relacionamento com a Palavra, e com o Deus da Palavra. 

4. Não pregar o Evangelho para si mesmo. É não descansar na graça salvadora e consoladora do Evangelho libertador de Cristo, e buscar realização e identidade nas coisas e pessoas, de forma messiânica. Isso gera autodefesa, autocomiseração e mágoas. Deve-se sempre term em mente que só Jesus é o Salvador, nosso e da igreja.

5. Não ouvir as pessoas mais próximas. Sempre há pessoas conversando com pastores sobre seu ministério, comportamento e de como trata os outros, e isso deve levar à ponderação e mudança de atitudes. É preciso humildade da parte dos pastores para isso. Pastores são humanos e falhos. Não adianta sublimar os erros. 

6. O ministério começa a tornar-se pesado demais. "O impacto de todas essas coisas juntas é que você descobre que o seu ministério é cada vez menos privilégio e alegria e cada vez mais peso e dever" (Tripp, p.31). 

7. Começar a viver em silêncio. O pastor começa a se isolar como um mecanismo de defesa. Porém, a vida cristã é comunitária e orgânica. 

8. O pastor questiona sua vocação. Cogita que realmente não foi vocacionado para o pastorado, coisa essa que não pensava há tempos atrás. 

9. Pensa em abandonar o ministério. Alimenta em seu coração exercer outra atividade à parte da vida pastoral. 

Tripp reconhece que nem todos esses sinais se evidenciam na vida de uma pastor que está em crise e perdendo o rumo. Reconhece também que esse processo é mais comum do que parece. Sua preocupação é com a cultura das igrejas, que permite que essas coisas estejam acontecendo com seus pastores, sem que seja visto e tratado. 

Pr. Robson Santana
Igreja Presbiteriana do Brasil